quinta-feira, 26 de março de 2009

O CINEASTA DA SELVA


O CINEASTA DA SELVA agora em DVD.

Lançamento na 14a. edição do Festival Internacional de Documentarios - É TUDO VERDADE.


SÃO PAULO: dia 31 de março, as 16h00, Livraria Cultura - avenida Paulista;

RIO DE JANEIRO : dia 03 de abril, as 13h00, no OI FUTURA;

BRASILIA: dia 22 e 16 de abril, as 14h30 e16h30, respectivamente, no CCBB- Centro Cultural Banco do Brasil;

BELEM: dia 25 de abril.


Em São Paulo o escritor Milton Hatoum, o diretor e roteirista Roberto Moreira, montador do filme e Eduardo Morettin, professor da ECA-USP estarão conversando sobre “cinema, história e memória” com o público.


O DVD é composto dos extras:


  1. O filme documentário com 03 opções de legendas;
  2. Cartaz de O Cineasta da Selva;
  3. Entrevista do diretor Aurélio Michiles;
  4. Entrevista com o ator José de Abreu;
  5. Entrevista com o diretor de finalização José Augusto Blasiis;
  6. O filme comentado simultaneamente pelo diretor Aurélio Michiles;
  7. Filmografia de Silvino Santos;
  8. Trailer
  9. Ficha técnica de produção de O Cineasta da Selva;
  10. Opção de legendas: inglês, francês e espanhol.


terça-feira, 17 de março de 2009

MADOFF, SARNEY, COLLOR...


As noticias destes últimos tempos fez tremer até os restos mortais do deputado Ulisses Guimarães, onde estiver (debaixo da terra ou debaixo d’água). Um verdadeiro filme de terror, tipo a “volta dos que não foram”.

Sarney cuja carreira de vida e política se confundem. Ele mesmo ao despertar e olhar-se no espelho deve se sentir uma espécie de Dorian Gray da política brasileira. Serviu a todos... Conspirou contra Jango, aliado de primeira hora dos golpistas, fundador da ARENA e do PDS (partidos da Ditadura, como se dizia do “sim, senhor”) de quem foi líder e presidente.

Na eleição para presidente pelo voto indireto, a última antes da redemocratização do país (1985), Sarney era o homem de confiança dos militares na chapa de Tancredo Neves, mas este morreu antes de assumir a presidência, e o lugar foi ocupado pelo vice, José Sarney.

Como presidente foi um desastre, a sua rejeição popular bateu recorde.

Acusado de “corrupto” pelo candidato a presidência da Republica (1989), Fernando Collor de Melo, auto-intitulado “caçador de marajás”, este em campanha política utilizou métodos hediondos para desqualificar seus adversários, em particular a família Sarney e o metalúrgico Luis Inácio LULA da Silva, chegou a levar ao programa de televisão um depoimento gravado pela ex-namorada de LULA e com quem teve uma filha, onde ela acusava-o de te-la pressionada a abortar.

Collor eleito (1989) surrupiou a poupança dos brasileiros.

Em
1992, sob clamor popular de “fora Collor” aprovou-se o impeachment do presidente Fernando Collor de Melo, acusado de ter aviltado a dignidade do cargo. A sua administração viu-se imersa num mar de corrupção deslavada, numa pedagógica e inesquecível explicação de como as elites/marajás se locupletam e lavam o dinheiro que surrupiam dos cofres públicos.

Com os direitos políticos cassado por oito anos, Collor perambulou pelas Alagoas como um fantasma, retornando como senador da republica, justamente no governo daquele que havia humilhado Luis Inácio LULA da Silva, mas que hoje se acalenta numa popularidade que beija o céu da glória.


E aí estão eles, aqueles que se acusavam, hoje, amigos comuns:
Sarney, Collor e... Lula.

Sarney, presidente do Senado, Collor, senador, controla a grana graúda do PAC, ambicioso programa governamental de investimento na infraestrutura do país e que pode vir a eleger a candidata dos olhos do presidente LULA.


Toda essa história aconteceu simultaneamente em que o mega financista Bernard Madoff, o ex-presidente da Bolsa eletrônica Nasdaq, morador de uma cobertura avaliada em US$ 7 milhões, em Manhattan, terá como novo lar, no mesmo lugar, mas num endereço diferente, o presídio Metropolitan Correctional Center, uma cela com um pouco mais de cinco metros quadrados, com parede de blocos e uma cama de alvenaria.


Qual o crime de Madoff? Ele se declarou culpado de 11 acusações, entre elas lavagem de dinheiro, perjúrio e fraude, no caso da pirâmide financeira que gerou perdas estimadas em mais de US$ 65 bilhões, um dos maiores trambiques da história de Wall Street.


A sua fraude era baseada no esquema denominado Ponzi - sistema de fraude piramidal pelo qual um fundo usa o dinheiro dos investidores para pagar a eles os juros, sem de fato obter os rendimentos prometidos. Na lista dos enganados não está somente personalidades, mas também várias sociedades financeiras, principalmente européias e americanas, grandes e pequenas, que asseguram ter investido nesta estrutura piramidal. Entre elas bancos como o BBVA, Bank of America, UBS, BNP Paribas, Bank of New York Mellon e Credit Suisse.


No governo Sarney apareceu no Brasil, este tipo de fraude, muita gente achando que poderia ganhar um dinheiro fácil entrou no esquema da “pirâmide”, e não deu outra, o esquema quebrou deixando muita gente desesperado. Foi um esquema despudorado de ganhar dinheiro à custa dos outros, inclusive utilizando amigos, pais, filhos, irmãos, avós, namoradas, não havia limites para a traição e ao engano. Esta “coisa” transitou na classe média e alta, deixando fora as instituições financeiras.


Outra coincidência... Sarney também foi uma das privilegiadas pessoas (física e privada) a escapar do prejuizo com a quebra do esquema “Banco Santos” - Edemar Cid Ferreira, milagrosamente o senador Sarney retirou as suas aplicações desta instituição financeira antes que viesse a publico a sua intervenção/insolvência.

E o Collor? Sei... Deixa pra lá.


Resumo: no Brasil, o crime re-compensa.

ONAN, É O DEUS DO VATICANO

















O papa Bento 16 faz primeira visita à África (Camarões e Angola).


A viagem se inicia em Camarões, considerado um dos países mais corruptos do mundo, os muros das suas ruas foram caiados, o lixo, pedintes e ambulantes foi recolhido aos abrigos, tudo para não causar nenhum constrangimento aos olhos do “santo padre”.


Diante de tantas injustiças e necessidades prementes do povo africano, o Papa optou por falar sobre sexo, assunto sobre o qual parece conhecer com intimidade... Reafirmou, mais uma vez, que o Vaticano não aprova o uso da camisinha para se proteger contra a AIDS, como solução:


A fidelidade do casamento heterossexual, a castidade e a abstinência sexual.


Justamente num continente aonde essa doença contagiosa, sem piedade, já matou mais de 25 milhões de pessoas desde os anos oitenta.


Durante a Inquisição da Igreja Católica Apostólica Romana, uma época em que se matava e torturava em nome de Deus, contra “profanação”, “apostasia”, “cisma”, “heresias”, ”sodomitas”, “bruxaria” entre outras vítimas. A Igreja queria nos enfiar goela abaixo os seus dogmas:


"A Terra é o centro do universo".


Basta uma pesquisa sobre os instrumentos utilizados por essa “santa cruzada” para se impressionar com a engenhosidade das máquinas de torturas, algumas que expressam crueldades muito alem da imaginação.


Os tais “religiosos do Vaticano” tinham gosto pelo oficio sadomazoquista.


Diante desta prática sectária e dogmática, esta obstinação missionária pela castidade, nos faz compreender os equívocos, mas não justifica que um bispo brasileiro tenha excomungado a mãe e a equipe médica que interromperam a gravidez duma menina de 9 anos que a colocava em risco a vida. Para o tal arcebispo de Olinda, os abortos “é um holocausto silencioso” e apesar de identificar na infâmia do padrasto “um delito gravíssimo”, o dito cujo não foi condenado pelo Direito Canônico. Mesmo tendo confessado que também havia estuprado a irmã da garota, de 14 anos, que tem deficiência física.


Sim, o tal bispo de Olinda, não condenou o vil padastro por seu hediondo ato. Tem tudo haver com a irresponsavel declaração do Papa Bento 16 na África.






(*) Onan - satisfação do prazer sexual através da masturbação; qualquer forma de coito interrompido de maneira a evitar a fecundação.


(**) Foto: Michael Fredel





segunda-feira, 2 de março de 2009

SANTIAGO ALVAREZ E O SÉCULO 21









(1/2**)


Orlando Senna (*)


O acontecimento mais importante da linguagem audiovisual, neste início
do século 21, é a evolução artística do documentário. Um fenômeno alimentado por ousadia estética e transgressões, superação de dogmas, superposição e diluição de gêneros acontecendo neste momento de câmbios profundos na atividade, de natureza tecnológica e industrial. Estão circulando na internet, nos DVDs, na televisão, nos cinemas, nos iPhones uma quantidade enorme de documentários, muitos deles de concepção clássica e muitos delesde concepção inovadora, revolucionária, extrapolando os limites de registro e edição que definiam o território documental no século passado. São obras audiovisuais que mesclam o registro da realidade com cenas ficcionais, animação, videoarte, clipe musical, chroma key, efeitos especiais. Desdobram-se por vários tipos, vários comportamentos de realização: documentário de arquivo, documentário de encenação (na linha de Flaherty), documentário espontâneo, docudrama, docfic e outros, além dos produtos híbridos, misturando distintos comportamentos. Ainda são classificados como ³documentários² mas provavelmente serão rebatizados em algum momento, há teóricos e documentaristas que preferem classificá-los como ensaios, como ³cine-ensaios². Essa explosão da linguagem documental é o corolário, o resultado da posta em prática do entendimento alcançado em meados do século passado de que documentário não é a reprodução da realidade, inclusive porque um registro isento da realidade é impossível, mas sim a expressão da verdade de quem faz o documentário. O que importa, o que interessa, é a qualidade da verdade de cada documentarista, a qualidade humanista de seu ponto de vista, de sua apreensão particular e de sua opinião sobre a vida, a sociedade, a humanidade, a civilização, o planeta. Essa nova linguagem começou a ser forjada por artistas maiores do cinema desde os anos 1920, antes do entendimento generalizado de que documentário é visão particular, quando apenas esses precursores pensavam assim <> Vigo (³documentário é um discurso ilustrado²), o russo Dziga Vertov (³cinema olho, cinema verdade²), o holandês Joris Ivens (que considerava a poesia como componente essencial do documentário), os americanos Robert Flaherty (que transformava personagens em atores nos anos 1930) e Orson Welles (contrapondo realidades e imitações, verdades e mentiras em F for Fake, de 1974).

Nessa linhagem de artistas maiores, ou seja, de artistas que inventam linguagem, que descobrem novos caminhos, que alimentam a evolução estética e a evolução da comunicação humana, tem lugar de honra o cubano Santiago Alvarez e seu cinema transgressor, radical, panfletário. Foi o último dos grandes mestres documentaristas do século 20, produzindo até o último dia de sua vida, em 1998, ano em que realizou dois documentários e completou sua impressionante filmografia de mais de cem documentários e seiscentos Noticieros. O último dos grandes e também o mais instigante, o que mais impactou os jovens cineastas da segunda metade do século passado e o que deixou mais influências na revolução estética do documentário que está acontecendo neste momente. Santiago inventou o clipe, utilizou cenas ficcionais distorcidas, fez reconstituição de fatos com atores, utilizou dramática e visualmente as palavras, explodiu e implodiu a imagem com um grafismo inédito no cinema e incendiou a reflexão e a percepção teóricas ao inventar e defender o conceito Informaturgia, a dramaturgia da informação, a organização artística de fatos, imagens e opiniões.

Ele dizia e demonstrava na prática que não lhe interessava registrar e sim ³participar da realidade². Sobre o ponto de vista individual, a verdade de cada um na tela, era muito claro: "yo informo de acontecimientos a partir de ideas que tengo sobre esos acontecimientos". E certeiro, ao se referir ao futuro: ³a impaciência criadora do artista produzirá a arte dessa época². Essas declarações estão em entrevistas à revista Cine Cubano nos anos 1960 e no livro El Ojo de la Revolución-El Cine Urgente de Santiago Alvarez, de Amir Labaki, 1994. Não está registrado (a não ser que ainda exista uma entrevista que deu à Televisión Cubana nos anos 1980), mas muita gente ouviu de sua própria boca como se definia como documentarista, como artista: ³soy politikón y erotikón². Pólis e Eros: a interação com a sociedade, com a civilização, com a história e o progresso fundida ao amor consciente, ao mito de Eros/Psique, carne e espírito, coração e consciência, real e imaginário, dualidade motora da Arte e dos artistas.

Pois, o que temos agora na internet e nas outras mídias é uma colheita da semeadura de Santiago, da sua teoria e prática da Informaturgia, do casamento da objetividade com a subjetividade, das propostas de linguagem que estão em Now, LBJ, Hanoi Martes 13, La importancia universal del hueco, La soledad de los dioses. Essa nova onda de documentários criativos (assim também estão sendo chamados) e/ou ensaios audiovisuais é a mais importante arte contemporânea. É a única manifestação artística vestida com os parâmetros do século 21, por superar e digerir a dualidade audiovisual do século 20 (real/imaginário, documentário/ficção) e por estar na vanguarda da utilização das novas tecnologias da comunicação. É a manifestação que abre o caminho para uma nova etapa do Cinema, para uma arte audiovisual capaz de filosofar e que já está sendo chamada de Oitava Arte. Atrás desse cenário o que vejo é Santiago em seu campo de luzes, sorrindo e semeando.


(*) Catálogo do Festival Internacional de Documentales Santiago Alvarez In
Memoriam, 10ª edição ­ Santiago de Cuba, 8 a 13/3/2009.

(**) santiago alvarez e aurelio michiles/ a. michiles, lázara gonsález


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Minha foto
Nasceu em Manaus-AM. Cursou o Instituto de Artes e Arquitetura-UnB(73). Artes Cênicas - Parque Lage,RJ(77/78). Trabalha há mais de vinte anos em projetos autorais,dirigindo filmes documentários:"SEGREDOS DO PUTUMAYO" 2020 (em processo); "Tudo Por Amor Ao Cinema" (2014),"O Cineasta da Selva"(97),"Via Látex, brasiliensis"(2013), "Encontro dos Sabores-no Rio Negro"(08),"Higienópolis"(06),"Que Viva Glauber!"(91),"Guaraná, Olho de Gente"(82),"A Arvore da Fortuna"(92),"A Agonia do Mogno" (92), "Lina Bo Bardi"(93),"Davi contra Golias"(94), "O Brasil Grande e os Índios Gigantes"(95),"O Sangue da Terra"(83),"Arquitetura do Lugar"(2000),"Teatro Amazonas"(02),"Gráfica Utópica"(03), "O Sangue da Terra" (1983/84), "Guaraná, Olho de Gente" (1981-1982), "Via Láctea, Dialética - do Terceiro Mundo Para o Terceiro Milênio" (1981) entre outros. Saiba mais: "O Cinema da Retomada", Lucia Nagib-Editora 34, 2002. "Memórias Inapagáveis - Um olhar histórico no Acervo Videobrasil/ Unerasable Memories - A historic Look at the Videobrasil Collection"- Org.: Agustín Pérez Rubío. Ed. Sesc São Paulo: Videobrasil, SP, 2014, pág.: 140-151 by Cristiana Tejo.