sexta-feira, 19 de novembro de 2010

EXPO AMAZÔNIA/ COP 16 CANCUN



A partir do dia 21 de dezembro estarei em Cancun (durante as discussões associadas a Mudanças Climáticas) na condição de curador das imagens para a Espaço Brasil/Expo Amazônia / COP 16 (29 nov a 10 dez), são 12 fotógrafos de vários estados brasileiros que dedicam a vida registrando aspectos poéticos e paradoxais desta região:

Aloisio Cabalzar, Alberto C. de S. Araújo, André Michiles, Andreas Valentin, Araquém Alcântara, Beto Ricardo, Claudio Marigo, Fábio Colombini, Lula Sampaio, Maurício de Paiva, Paulo Santos, Vincent Carelli.


Tambem haverá quatro instalações de minha autoria, são espaços conceituais aonde as pessoas poderão interagir com o imaginário amazônico:


1. "Guaraná - Do Cipó ao Chip" (vídeo instalação); 2. "O Horizonte Infinito das Árvores" / áudio-book sobre "Relato de um certo Oriente" de Milton Hatoum; 3. "Ancient Amazon " - foto enterrada; 4. "Amazonia Opera Omni" (vídeo instalação) - em parceria com Tadeu Jungle.

CARTA PÚBLICA - CANCUN COP 16


COP-16

"Compartilhamos a seguinte carta pública, endereçada aos/às representantes de governos perante a Conferência das Partes da Convenção sobre Mudança Climática, a ser realizada em Cancún, México, entre os dias 29 de novembro e 10 de dezembro."

(...)

"Conferência das Partes – Convenção sobre Mudança Climática"

"Senhoras e Senhores representantes de governos:"

"Como vocês bem sabem, a mudança climática está ocorrendo e suas conseqüências já estão sendo sofridas por milhões de pessoas –particularmente as mais vulneráveis- e todo indica que o problema está agravando-se a passos largos. As causas do aquecimento global são perfeitamente conhecidas, bem como as medidas necessárias para evitar que se aprofunde e acabe afetando a humanidade toda. No entanto, tanto vocês quanto nós sabemos que os governos que representam continuam negando-se a fazer o que é sua obrigação para enfrentar seriamente o problema."

"É bom lembrar que em 1992, todos os governos do mundo se comprometeram, em uma convenção internacional, a adotar medidas para evitar o desastre climático. Surgiu assim a Convenção sobre Mudança Climática, que quase todos os governos assinaram e ratificaram. Desde a época transcorreram 18 anos, durante os quais os governos têm feito pouco e nada para enfrentar o problema. Isto é, durante quase duas décadas o espírito da Convenção, que visava a evitar que a mudança climática ocorresse, tem estado sendo violado. Considerando suas possíveis conseqüências para a sobrevivência da humanidade, essa violação pode ser tachada de crime de lesa humanidade." (...)

sábado, 13 de novembro de 2010

La Strada - Nino Rota - Federico Fellini

Dino de Laurentiis, Fellini,Giulietta Masina - Nights of Cabiria - Final - Federico Fellini

AMAZONAS FILM FESTIVAL 2010


A sensação deste festival foi o filme "Elvis & Madona" (Marcelo Lafitte), o público vibrava a cada cena, tranformando a sessão num verdadeiro espetáculo com sinergia filme e platéia.

Esses foram os ganhadores do 7o. Amazonas Film Festival

Roteiro curta-metragem 35 milímetros Amazonas
Vencedor:
“Ser ou Não Ser”, Leonardo Costa

Curta-metragem Digital Amazonas
Vencedor:
“Perdido”, Zeudi Souza

Júri popular: “Rock que o Brasil Não viu”, Bosco Leão, Caio de Biasi

Prêmio especial do júri: “Contra-fluxo”, Valdemir de Oliveira

Curta-metragem digital Brasil
Vencedor:
“Recife Frio”, Kleber Mendonça Filho

Júri popular: “Uayná – Lágrimas de veneno”, Júnior Rodrigues

Longa metragem

Vencedor:
“Winter’s Bone”, Debra Granik

Júri popular:
“Habana Eva”, Fina Torres

Prêmio especial de melhor filme:
“Lixo Extraordinário”, Lucy Walker

Menção Honrosa:
“Luz nas Trevas, a volta Bandida da Luz Vermelha”, Ícaro C. Martins e Helena Ignez

Melhor Roteiro:
“Las Buenas Hierbas”, Maria Novaro

Melhor Atriz:
Úrsula Prumeda, em “Las Buenas Hierbas”

Melhor ator:
Igor Cotrim, em “Elvis e Madonna

Melhor diretor:
Feng Xiaogang, em “Aftershoc

terça-feira, 9 de novembro de 2010

CINEMA: ARNALDO JABOR & JOSÉ PADILHA



O que vale mais o cinema de Arnaldo Jabor ou de José Padilha?

Aliás o que cada um deles tem haver com o outro?

Na perspectiva do cinema de sucesso podemos afirmar que os dois (Jabor e Padilha) sempre tiveram empatia com o público. Quando Jabor fazia cinema de sucesso com uma dramaturgia psíquica, verborrágica e teatral sobre o brasileiro daqueles anos 70 e 80, vivia-se no Brasil um sentimento de grito parado no ar (parafraseando um a peça de sucesso da época). Estávamos superando determinados paradigmas de esquerda e direita. Anistia lenta e gradual. Masculino e Feminino. Traições conjugais. Caretice x Muito doido. Público x privado. Pai estado ou mãe mercado? Jabor viu no reacionário romântico Nelson Rodrigues a sua imagem e semelhança que ele perseguiria como nos filmes do expressionismo alemão, personagem em transe agindo sob o efeito da hipnose. Resultado: Jabor depois de fazer cinema de sucesso, alcançar cifras que somente o cinema de José Padilha alcança...cansou, segundo Jabor o cinema não lhe pagava as contas e "leva muito tempo pra se fazer um filme atrás do outro, coisa de quase dez anos e o cineasta tem que aprender a filmar novamente" (cito de memória).

Leve-se em conta que o Cinema daquele final dos anos 80/início 90 havia sido atingido quase mortalmente pelo trator Collor. Desiludido Jabor vem para São Paulo (perseguindo a persona Nelson Rodrigues) e se torna um dos mais respeitados jornalistas/cronistas do Brasil. O cinema como atividade começou a sumir da sua vida.

Na medida que os conflitos do final do século XX e o início do século XXI tomam forma de indagações não respondidas, Jabor como muita gente deste tempo mira sua metralhadora contra o tempo em que sonhava, ele faz opção pelo absoluto, suas aparições na TV Globo se tornam verdades do medo. Ele é ator de um personagem escrito por ele mesmo. Numa desenvoltura constrangedora chama o pensamento da esquerda de "comuna", o mesmo jargão utilizado no tempo sombrio por Nelson Rodrigues, Gustavo Corção entre outros personagens identificados como antiesquerdistas.

Ao voltar a filmar 20 anos depois da sua transformação e fortuna, o jornalista Arnaldo Jabor revisita a sua memória, mas quando o filme estréia, ele não atinge o grande público e o sucesso. O filme ''Suprema Felicidade" não tem a virulência das suas crônicas, não traz as análises em que costuma misturar psicanálise, arte, política e leviandades. O filme é singelo, um acertar de contas comportado com a sua memória de adolescente iniciante, nele o rito de passagem não tem riscos e nem transgressões, talvez Jabor tenha realmente re-escrito a sua memória real e abandonado aquela que pertence a sua geração. "Suprema Felicidade" custou mais de R$ 12 milhões de reais, lançados com mais de 170 cópias, atingiu na primeira semana de lançamento a média de 195 espectadores /cópia e o publico começou a minguar. (Boletim FilmB).

Paralelamente o filme "Tropa de Elite 2" é o sucesso da vez. Em sua quinta semana em cartaz, segue com média de 644 espectadores/cópia e caminha para os 9 milhões de espectadores. Isto sem levar em consideração que o personagem "Capitão Nascimento" se transformou em personagem POP e o filme no objeto de desejo no mercado paralelo dos piratas. Tudo isso nos faz concluir que agora não é mais retomada do cinema, mas a ocupação do cinema brasileiro.

E as diferenças e semelhanças de Jabor com Padilha?

Sim, o primeiro tem um sem números de referências sobre quem o influenciou, sobretudo Nelson Rodrigues e o imaginário do pensamento udenista que marcou a infância e adolescência do carioca Arnaldo Jabor. Enquanto que esse outro tambem carioca José Padilha, declarou recentemente que não tem nenhum cineasta como referência, acadêmico de formação (Formado em Administração de Empresas), diretor, roteirista e produtor com filmografia modesta, mas de suprema felicidade, todos os seus filmes chamaram a atenção, ao menos três deles foi e é sucesso de público. O Brasil de Padilha não é o mesmo do Jabor, "Tropa de Elite" vai ao encontro dos anseios e paranóias do grande público, fala de polícia, bandidos, drogas, políticos e policiais corruptos, conflitos pessoais e profissionais, tiroteios, assasinatos, traição e a Cidade Maravilhosa como cenário perigoso - um retrato daquilo que a população brasileira se defronta, por isso comparece em massa e o transforma em música de catarse coletiva.

A sequencia final a tomada aérea da Esplanada dos Ministérios/Congresso Nacional desperta sentimentos e pensamentos paradoxais, aqui Padilha dialoga com a visão glauberiana em "Idade da Terra", neste filme Glauber Rocha celebra a superação de um país submetido numa ditadura por outro país senhor diante dos desafios épicos, colossais. Uma lástima que a multidão de brasileiros que vibram com "Tropa de Elite2" não tenham tido a oportunidade de conhecer essa versão glauberiana de Brasília/Brasil.

ENCONTRO DAS ÁGUAS É TOMBADO


VIVA!

O IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional decidiu pelo tombamento definitivo do Encontro das Águas dos rios Solimões e Negro (Manaus).

Esta não é apenas uma notícia qualquer, ela expressa um avanço da cidadania amazonense.

Existe ainda muito interesse econômico em se manter a construção do novo porto de Manaus aí onde ocorre um dos mais expressivos fenômenos naturais da região, justamente aquele que nos dá identidade como povo de um determinado lugar, nós amazonenses-manauaras somos filhos deste encontro do Rio Negro com o Solimões e não podemos deixar que nos desconstruam.

Faz bem os movimentos sociais, faz bem o poeta Thiago de Mello em vestir a camisa em defesa deste encontro.

Sim, sabemos que esta não é a vitória definitiva, ainda existem outros percalços, mas este fato do IPHAN é sem duvida muitas braçadas a favor do objetivo final.

Manaus que foi uma das cidades mais belas (urbanismo e arquitetura)do século XX, mas ao longo dos ultimos quarenta anos ela foi sistemáticamente destruída. Por motivos heterodoxos a sua população consentiu aos desmanches, mas eis que os tempos mudaram e não mais vamos deixar que destruam o que restou. Não podemos admitir que o "centro histórico de Manaus" seja apenas o Teatro Amazonas e os casarios que o contornam.

O círculo que se formou neste movimento em defesa do Encontro das Águas é energizante: uma realidade maravilhosa, porque poesia pura e realidade concreta de um mundo frágil que ainda se defende dos abusos do Capital. Mas que, afinal, não é tão frágil ou utópica como parece: porque todos nós queremos lutar e preservar a "Grande Mãe d'Agua" de aquilo que seria o verdadeiro Apocaplipse que o "visionário" Glauber Rocha profetizava desde "Amazonas Amazonas" em 1966... Vamos pra frente, com o passado do Glauber, o presente da Dilma, o futuro da Amazônia, nossa grande mãe de História, Civilização, Elegância e Beleza.

Um sinal dos tempos...diante da tragédia cíclica da baixada das águas do rio Solimões ele revelou antigas armadilhas utilizadas faz quase dois séculos pelo movimento nativista "Cabanagem" (1830-1840), a natureza é sábia: guarda e revela segredos.

"A beleza, o sublime não se cancelam. A bosta cotidiana, sim"


segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O QUE TEM POR TRÁS DO PRECONCEITO CONTRA O VOTO POPULAR


(Almanakito / Maria do Rosário Caetano): Jornal Valor Econômico (5 a 7 de novembro) de Maria Cristina Fernandes (Editora de Política):

"O Mal-Estar com o Voto Universal" (Direito de apenas 22 anos explica estranheza).

Neste artigo sereno, ela aborda/analisa a frase da jovem advogada Mayara Petruso contra o voto nordestino, lembra que Collor, FHC (2 vezes), Lula (2 vezes) e agora Dilma foram, sim, eleitos com votos do povo.

Só ganha eleição no Brasil quem consegue atingir, "além da banda remediada, os eleitores mais pobres e de baixa escolaridade".

Ela analisa o caso da cidade de Marcelândia (MT), onde Serra obteve 75,7% dos votos no segundo turno. Lá, no primeiro, Marina tivera 1,3%. E por que? Porque era o município que mais desmatava no país. Foco da operação "Arco de Fogo", Marcelância zerou o desmatamento. Mas se vingou do Ibama, do Governo, de Marina...

No Acre, Serra teve 69,9% dos votos. Uma das explicações é a revolta do Estado com o Ibama...Em Roraima, Serra teve 66,5% dos votos. Arrozeiros e grande parte da população do Estado estão revoltados contra o Governo, por causa da demarcação da Reserva Raposa do Sol....

Some-se o CINTURÃO AGRÍCOLA DO SUL E CENTRO-OESTE.......

"Livre-pensar é só pensar" Millor Fernandes

www.tudoporamoraocinema.com.br

Minha foto
Nasceu em Manaus-AM. Cursou o Instituto de Artes e Arquitetura-UnB(73). Artes Cênicas - Parque Lage,RJ(77/78). Trabalha há mais de vinte anos em projetos autorais,dirigindo filmes documentários:"SEGREDOS DO PUTUMAYO" 2020 (em processo); "Tudo Por Amor Ao Cinema" (2014),"O Cineasta da Selva"(97),"Via Látex, brasiliensis"(2013), "Encontro dos Sabores-no Rio Negro"(08),"Higienópolis"(06),"Que Viva Glauber!"(91),"Guaraná, Olho de Gente"(82),"A Arvore da Fortuna"(92),"A Agonia do Mogno" (92), "Lina Bo Bardi"(93),"Davi contra Golias"(94), "O Brasil Grande e os Índios Gigantes"(95),"O Sangue da Terra"(83),"Arquitetura do Lugar"(2000),"Teatro Amazonas"(02),"Gráfica Utópica"(03), "O Sangue da Terra" (1983/84), "Guaraná, Olho de Gente" (1981-1982), "Via Láctea, Dialética - do Terceiro Mundo Para o Terceiro Milênio" (1981) entre outros. Saiba mais: "O Cinema da Retomada", Lucia Nagib-Editora 34, 2002. "Memórias Inapagáveis - Um olhar histórico no Acervo Videobrasil/ Unerasable Memories - A historic Look at the Videobrasil Collection"- Org.: Agustín Pérez Rubío. Ed. Sesc São Paulo: Videobrasil, SP, 2014, pág.: 140-151 by Cristiana Tejo.