quinta-feira, 14 de abril de 2011

XINGÚ E XANGÔ

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braXil - só mais um blog do cultura digital por TT CATALÃO

Nos 50 anos deste santuário cercado de soja e agrobusiness importante saudar as forças vivas e simbólicas que sustentam o Brasil, embora não sejam vistas como recursos renováveis, produtivos ou commodities espirituais, viva o índio do Xingu não para que tenhamos uma bolha de exotismo para “exibir o que sobrou das origens”, mas pelo muito que representam os valores de uma cultura muito mais que uma “outra civilização”, mas uma “outra humanidade” no dizer de Levi-Strauss…via o Xingu e o tanto que temos a aprender com o laboratório vivo de relaçoes com a natureza e, tambem, com a sagrada revelação e respeito pelo OUTRO, seja humano, seja fauna, seja mineral, vegetal, sinais de encantamento, gentileza, doçura e carinho por quem amamos e somos amado. Encontre-se Xingu e Xango para que os tambores sejam um só. E a conspiração do xingamento seja desmascarada em susa hipocrisia, bebendo do próprio veneno!

Estive lá em vivência maior com os Yawalapiti. Lá recebi meu nome MAKURAUÁ, “aquele que gosta de gente”, de lá saí mais forte para uma luta que não termina com palavras, mas precisa de comprometimento para que as mudanças cheguem às politicas públicas e a realidade mude pra valer. Sempre serei grato pelo que vivi lá e continuo aprendendo até hoje. Só a arrogância mais estúpida deseja eliminar sua propria cura: não voltariamos a viver em aldeias, mas poderíamos aprender a nos relacionar sob os valores da aldeia. Diminuiria muita a neurosa das “necrópoles” e a este inferno que só aprofunda o colapso das opções atuais em economia, saúde, educação e cultura, principalmente cultura.

terça-feira, 12 de abril de 2011

YURI GAGARIN...A TERRA É AZUL! AZUL!


Em 12 de abril de 1961 Yuri Gagarin navegou no espaço sideral e maravilhado diante do que viu proferiu a famosa frase do século XX:

“- A TERRA É AZUL!”

A cápsula Vostok era tão pequena que o passageiro parecia uma sardinha em lata. Gagarin tinha 27 anos de idade quando a cápsula entrou em órbita em 320 km de altitude e permaneceu no espaço por 108 minutos, tempo suficiente para completar uma volta ao redor da Terra. O mundo deixou de ser um planeta habitado por povos, raças, etnias, países, nações vivendo como fossem ilhas para se tornar numa “Aldeia Global”.

Naquele carnaval não deu outra marchinha, Ângela Maria cantava:

“Lua, oh lua/Não deixa ninguém te pisar/Todos eles estão errados/A lua é dos namorados.”

Em Manaus, talvez num dia chuvoso e nublado, como todo jovem tinha arroubos poéticos foi então que tentei fazer uma homenagem aos desafios daqueles tempos, o meu em particular - 3 anos depois:

EU BEM-TE-VI

GAGARIN

UM DIA TAMBEM, CHEGO LÁ...

NO CÉU, NO CÉU

COM A MINHA GAROTA ESTAREI.

O CÉU DA TUA BOCA

EU TAMBÉM VI

AZUL, AZUL...

NA BOCA BEIJAREI.

Aurélio Michiles, Manaus, 1964.

Faz 50 anos, naquela época não era mais criança, mas também não podia dizer que estava adolescente. Em casa as notícias ribombavam entre o perigo do comunismo, confronto entre EUA X URSS:

As armas secretas, o poder de dominação através da mente e hipoteticamente desenvolvidas pelos soviéticos, a adesão da revolução cubana ao bloco comunista, a luta pelos direitos civis nos EUA e pela libertação dos povos do terceiro mundo.

No Brasil havia um presidente muito doido, governava por bilhetes, proibia uso de biquíni, briga de galos e esbravejava contra a corrupção, defendia a moral e os bons costumes (quais?) utilizando como símbolo uma “vassoura”. Gostava de beber cachaça, aparecia nas solenidades muitas vezes com os cabelos e indumentárias desalinhadas e com o tom da voz típico de quem havia tomado todas. Ao condecorar com a mais alta das comendas nacional (Cruzeiro do Sul) o líder da revolução cubana, comandante Che Guevara e o major russo Yuri Gagarin (1934-1968) contrariou os princípios do alinhamento político e ideológico que fez chegar ao poder, o nome dele era Jânio Quadros.

Ah, sim, ia esquecendo...Jânio Quadros renunciou a presidência depois de 7 meses da sua posse, no dia 25 de agosto, escreveu um bilhetinho dizendo-se pressionado a fazê-lo por causa das "forças ocultas". O Brasil entrou em parafuso, a direita festejou, mas haveria de engolir ainda alguns anos para definitivamente chegar ao poder - em 1964, através de um golpe de estado contra João Goulart .

terça-feira, 5 de abril de 2011

THOMAZ FARKAS, VIVA!


No filme-documentário 

"AMIZADE" de Sérgio Muniz 

(um dos discípulos de Thomaz 

Farkas, ele integrou a famosa 

produção de documentários 

que ficou conhecida como 

"Caravana Farkas" (1), o crítico 

Jean Claude Bernadet deu 

como exemplo de amizade 

intrínseca ao carisma do 

Thomaz, ele diz:

"Farkas é o tipo do cara que 

você conhece e logo quer ser 

amigo".


Em Manaus (anos 60) no Cine Clube atraves do Cosme 

Alves Netto (tambm grande amigo do T.F.) tive a 

oportunidade e privilegio em assistir algumas das 

produções realizadas pela "Caravana Farkas". Saltava-me 

aos meus olhos um Brasil que desconhecia, eram 

personagens que me davam uma identidade e mostravam 

como viviam aqueles brasileiros no limite do arcaico 

profundo: feudal, messiânico e épico. Um Brasil da seca em 

confronto com meu imaginário de região úmida. Era o Brasil 

nordestino da caatinga que havia conhecido lendo 

Graciliano Ramos - "Vidas Secas" e Euclides da Cunha - "Os 

Sertões".


Sabia alguma coisa daquilo tudo através do meu avô 

materno, Mestre Joaquim que veio de Sobral fugindo da 

seca e da miséria para tentar uma vida melhor na selva 

amazônica, era o tempo da coleta da borracha, mas o meu 

avô assustou-se com a dimensão da selva, fugiu do 

seringal e veio procurar abrigo numa pequena cidade as 

margens do rio Maués (Maués), e aí mostrou que era um 

homem de moral e valor, tinha uma profissão. Passou a 

construir casas, cadeiras, mesas e foram tantos os pedidos 

que ficou afamado com o nome de "Mestre Joaquim". Ele era 

um homem vitorioso, havia escapado da miséria da seca e 

da armadilha dos seringais, donde em geral não se sai vivo 

e nunca se consegue pagar a dívida: escravidão do débito.


Nos anos 80 quando vim para São Paulo para participar da 

equipe que criou o programa "Globo Ciencia", num deles 

tinha como personagem o cientista e sambista Paulo 

Vanzolini, e de quem fiquei amigo. Não foi uma vez e sim 

muitas vezes que Vanzolini - um grande contador de 

historias - falava sobre a viagem que fez com o Thomaz 

Farkas, logo depois do Golpe 1964, ele havia se refugiado 

no barco do Vanzolini para se proteger das investidas 

obtusas dos golpistas.


No final dos anos 90 aconteceu de conhecer mais de perto 

Thomaz Farkas, oportunidade de conviver nos festivais de 

cinema, sobretudo na Jornada do Guido Araujo -Salvador 

Bahia e depois quando realizei o docBairros "Higienopolis" 

ele topou gravar uma participação, e agora quando nos 

preparava para ele gravar um depoimento sobre Cosme, 

meu próximo documentário, ele não conseguiu. 


Mas ainda não contei o principal... nós éramos 

companheiros do Café da manhã, aos domingos na Padaria 

Aracajú: Thomaz e Marly (algumas vezes eles traziam a 

"Chica", uma simpática cadela), eu e o meu filho Antonio.


...Thomaz embarcou no trem das estrelas. Deixou um 

legado de criação, invenção, irreverência, audácia e coragem 


na vidArte.


- THOMAZ FARKAS, VIVA! (2)



(1) Caravana Farkas é o um conjunto de 20 documentários produzidos por Thomas Farkas entre 1964 e 1969. E que tem como diretores Sergio Muniz, Geraldo Sarno, Paulo Gil Soares entre outros.

(2) Thomaz Farkas: Uma Antologia Pessoal
Onde:
Instituto Moreira Salles-SP (rua Piauí, 844, 1°andar – São Paulo/SP)
Quando: Abril/maio. De terça a sexta-feira, das 13h às 19h; sáb. e dom., das 13h às 18h.
www.ims.com.br

"Livre-pensar é só pensar" Millor Fernandes

www.tudoporamoraocinema.com.br

Minha foto
Nasceu em Manaus-AM. Cursou o Instituto de Artes e Arquitetura-UnB(73). Artes Cênicas - Parque Lage,RJ(77/78). Trabalha há mais de vinte anos em projetos autorais,dirigindo filmes documentários:"SEGREDOS DO PUTUMAYO" 2020 (em processo); "Tudo Por Amor Ao Cinema" (2014),"O Cineasta da Selva"(97),"Via Látex, brasiliensis"(2013), "Encontro dos Sabores-no Rio Negro"(08),"Higienópolis"(06),"Que Viva Glauber!"(91),"Guaraná, Olho de Gente"(82),"A Arvore da Fortuna"(92),"A Agonia do Mogno" (92), "Lina Bo Bardi"(93),"Davi contra Golias"(94), "O Brasil Grande e os Índios Gigantes"(95),"O Sangue da Terra"(83),"Arquitetura do Lugar"(2000),"Teatro Amazonas"(02),"Gráfica Utópica"(03), "O Sangue da Terra" (1983/84), "Guaraná, Olho de Gente" (1981-1982), "Via Láctea, Dialética - do Terceiro Mundo Para o Terceiro Milênio" (1981) entre outros. Saiba mais: "O Cinema da Retomada", Lucia Nagib-Editora 34, 2002. "Memórias Inapagáveis - Um olhar histórico no Acervo Videobrasil/ Unerasable Memories - A historic Look at the Videobrasil Collection"- Org.: Agustín Pérez Rubío. Ed. Sesc São Paulo: Videobrasil, SP, 2014, pág.: 140-151 by Cristiana Tejo.