segunda-feira, 5 de novembro de 2012

PAULO EMILIO SALLES GOMES - LIVRO


       Em pé: Manoel Rangel,André Klotzel,Raquel Gerber,Ricardo Dias, Aurélio Michiles,Jorge Bodanzki, Marcia Bodanzki,Claudio Khans, Roberto Gervtiz... Sentados: Maria do Rosario Caetano,Hamilton Pereira, Lygia F. Telles,Carlos Augusto Calil e Olga Futemma.
                  - A minha contribuição - 

PAULO EMILIO SALLES GOMES, Profissão: Cinema Brasileiro" de Aurélio Michiles

Não, infelizmente não conheci Paulo Emilio Salles Gomes (1916-1977), mas a impressão pessoal que tenho é a certeza que nos conhecemos de alguma forma, tal foi, e é os fios invisíveis que nos une. Senão vejamos.

Manaus final dos anos 60, havia um ativo cineclube, localizado alguns metros da minha casa e lá comecei a freqüentar, mas por não ter o que fazer, além de perambular pelas ruas com amigos refletindo sobre tudo e o nada. O GEC – Grupo de Estudos Cinematográficos funcionava na Biblioteca Pública, e era aí que se revelava um outro mundo do conhecimento, sessões de  filmes com posteriores calorosos debates. E foi justamente num destes debates que ouvir pela primeira vez alguém dizer, “Segundo Paulo Emilio...”. Esse nome colou na minha memória, esse tal de “Paulo Emílio deve o ser o cara”, pensei. Esse outro alguém que o havia citado, era um paulista que se encontrava visitando Manaus e escrevia críticas de cinema no jornal “O Estado de São Paulo”; nem passou muito tempo, logo estreou o filme “O Bandido da Luz Vermelha”, espiando a foto do diretor numa revista, lembrei do “cara” que havia falado “segundo Paulo Emílio...”, era Rogério Sganzerla.

Já no início anos 70, estudante da Universidade de Brasília, freqüentei como parte do Instituto de Artes e Arquitetura um curso de cinema, e este era composto por um grupo de cineastas, entre eles estava Vladimir Carvalho, Fernando Duarte, Cecil Thiré, Heinz Forthman...Tanto nas aulas conferências de Jean Claude Bernardet, assim como nas conversas informais surgia o nome “Paulo Emílio”. Tudo isso não era somente uma referência de memória, e nem poderia ser diferente porque Paulo Emilio Salles Gomes (agora tinha nome e sobrenome), havia sido, junto com outros cineastas, por exemplo Nelson Pereira dos Santos um dos pioneiros do Curso de Cinema da UnB - Universidade de Brasília (antes do golpe 64). Neste curto período eles haviam fomentado a realização de documentários cuja temática era Brasília (“Fala Brasília”). Também lançaram as sementes do Festival de Cinema de Brasília. Em conversa com amigos que estudavam arquitetura ou artes na Universidade de São Paulo, o nome de Paulo Emílio era também uma forte referência como aquele professor cuja aula valia por uma vida universitária. Aqui, revelo que não me contentava mais em apenas ouvir o nome “Paulo Emílio”, mas um desejo em ter a experiência física como aluno, e ouvir este mestre e compartilhar da sensibilidade do seu conhecimento numa sala de aula. Já havia lido o seu clássico e ainda atual texto sobre “A Personagem Cinematográfica” e o livro “Humberto Mauro, Cataguazes, Cinearte”. Já tinha assimilado a sua enorme contribuição como professor, intelectual, pensador, ator, roteirista, ficcionista, critico e ativista. Outro dia, por conta do filme-documentário que estou realizando, tive a oportunidade de constatar a sua forte presença como ator no filme “Gimba” (1963), onde interpreta um delegado de policia; Paulo Emilio refletindo sobre a importância da Cinemateca no filme “Nitrato” (1975), e o seu carisma como professor numa sala de aula no filme “Tem Coca Cola no Vatapá” (1975).

Numa conversa (lamentavelmente não gravada-2007) com Rudá de Andrade, ele me contou como eram aqueles anos da ditadura Vargas, quando Paulo Emilio carregava de esconderijo em esconderijo, as latas dos filmes que exibiam em sessões clandestinas. Um desses lugares era a própria casa de Paulo Emilio, na rua Dr. Veiga Filho (Bairro Higienópolis - São Paulo), hoje coincidentemente moro nas cercanias, mas as vezes (todos os dias) que passo em frente, espio a ex-casa, hoje um estacionamento, e fico memorizando a narrativa do Rudá, e a emoção daqueles ousados jovens desafiando a ditadura Vargas ao assistir um filme  “proibido”, mas sobretudo no que resultou aquela energia, simplesmente na criação de uma instituição que hoje é a Fundação Cinemateca Brasileira.

Já faz bastante tempo que Paulo Emilio Salles Gomes ocupa um lugar mítico, mas por incrível que pareça é que na visada deste seu legado podemos apenas estabelecer o que ele foi realmente: um homem de ação/opinião. Basta citarmos esta frase de Paulo Emilio para termos a dimensão do seu pensamento que sem polemizar provocava as pessoas a pensar num outro enquadramento, aqui neste caso, ele nos leva a refletir sobre o significado do que seja a importância da produção da imagem na imagem de um povo:

"Prefiro os subdesenvolvidos filmes do nosso cinema aos melhores filmes do cinema estrangeiro".

A grande dívida dos grandes eventos que saúdam o cinema brasileiro é a recorrência em não homenagear aqueles, que por exemplo, como Paulo Emilio Salles Gomes, Rudá de Andrade, Jurandir  Noronha, Alex Vianny, Cosme Alves Netto lutaram pela conservação e preservação da História do Cinema brasileiro e internacional.

 
O Livro: "Paulo Emilio Salles Gomes ; O Homem Que Amava o Cinema e Nós Que o Amávamos Tanto" - Uma publicação do 45.o Festival de Brasilia do Cinema Brasileiro/ Secretaria de Cult Distrito Federal -
Organizado por Maria do Rosário Caetano, Brasília-DF, 2012.

GONZAGA - DE PAI PRA FILHO





Fui assistir "Gonzaga - de Pai pra Filho" (Breno Silveira), emocionante, história reflexo deste Brasil
testemunha de tantos dos seus filhos, e que apesar de todas adversidades conquistaram a glória, mesmo que custasse a afetividade expressa entre pai e filho.
 

O Nordeste que tanto contribuiu com o Brasil das diversidades, por incrível que pare ça mesmo assim ainda existe gerações de brasileiros que desconhecem esse mexe e remexe do Rei do Baião, e a aspereza desesperada e apaixonante de Gonzaguinha.
 

O cinema é isso, daí a necessidade de um cinema que fale conosco. Ele nos enquadra no imaginário latente (e em algum) dentro de nós:  A mula, o chapéu de cangaceiro, Lampião e Maria Bonita, Padim Cicero, a vingança pela honra, Antonio das Mortes, Antonio Conselheiro, beatas, místicos messiânicos, "Nordestino", "caba-da-peste", "fome", "miséria", "brabo", "paraíba", "baiano", "migrantes nordestinos" rumo ao sul maravilha, eles que fizeram as máquinas da indústria do ABC paulista se mover, repovoaram a Amazônia fugindo da sêca para serem re-escravizados naquela úmida região, daí surgiram muitos personagens na área da música, literatura, cinema, artes plasticas e na politica, nada menos que Luis Inácio LULA da Silva. 

O filme "Gonzaga - de Pai pra Filho" me fez fazer uma revisitação desde os tempos da minha infância ao ouvir meu avô Mestre Joaquim, migrante nordestino, homem tinhoso e de uma sabedoria incomum, e quando costumava afirmar: "-Aqui o caba não morre de fome". Referindo-se a provável fartura da Amazônia. "- Lá no nordeste, o caba come até casca de banana, sim, mas caso tivesse, e como não têm o caba morre de fome". Depois veio as primeiras leituras de "Vidas Secas"(Graciliano Ramos), a tomada de consciência do Brasil profundo através de "Geografia da Fome" (Josué de Castro) e "Deus e o Diabo na Terra do Sol"( Glauber Rocha). Tudo isso era embalado de uma maneira subliminar com as músicas tocadas e cantadas por Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro naquela Manaus sob mormaço, marasmo e lassidão...final anos 50 e início 60.  O nordeste Não é somente um lugar geográfico, mas e sobretudo como gostava de dizer Lina Bo Bardi - "a civilização do nordeste". Tal é a força daquela cultura que contagia o Brasil.

Este filme têm mais, ele tambem reflete um certo olhar para dentro de nós, aquela auto-estima que necessitamos para acreditar em nossa própria capacidade de transformar e sintonizar-se com este Brasil antes e depois da "era Lula".

"Gonzaga - de Pai pra Filho" (Breno Silveira) me fez recordar tambem um saudoso amigo querido - Narciso Lobo - diante do nosso radical maravilhamento com a capa do LP "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", fez um comentário fa-tal:

"- É muito bom, mas ficava melhor se aí tivesse Luiz Gonzaga".

Por tudo isso e muito mais o filme deveria ter censura : LIVRE.

sábado, 22 de setembro de 2012

COSMOPOLIS DAVID CRONENBERG




É isso: um filme é um filme, é um filme.  
No cinema ao contrário da vida é assim: vai-se a vida e fica-se com as imagens. 

Desde quando li (2003) COSMOPOLIS de Don DeLillo fiquei arrebatado pela história do multimilionário Eric Michael Packer, 28 anos, ao mesmo tempo que bateu um cagaço que um produtor de cinema quisesse  adaptá-lo nos moldes rolliudiano: produção tomada por efeitos de superatividade na montagem, num clip eletrizante e apocalíptico, com vulgar cenas de sexo e "edificantes diálogos". Pensei positivamente, "tomara que nunca façam o filme". 

E, eis que o diretor David Cronenberg resolveu encarar o desafio desta adaptação de Cosmopolis ao cinema. Ele declarou que depois de ler o romance separou os diálogos e desta lista constatou que aí existia (pronto) um roteiro. Outro desafio foi encontrar um ator para interpretar  Eric Michael Packer, e o escolhido foi Robert Pattinson, o ator que ficou famoso ao interpretar o melancólico vampiro - Crepúsculo... Esta escolha foi sintomático e não uma mera coincidência. Robert Pattinson é um ator "persona" destes tempos contemporâneos. E convence tambem como protagonista de Cosmopolis com desafio e talento.

Podemos fazer um paralelo de Cosmopolis com o expressionismo alemão quando ele foi a metáfora diante das incertezas daqueles anos (final anos 10/início anos 30)  quando o totalitarismo e a intolerância em suas várias dimensões rondava o planeta, e o cinema alemão soube responder as ansiedades daquele momento histórico (desemprego, miséria, inflação), em filmes como Metrópolis, Dr. Mabuse, M - O Vampiro de Dusseldorf (Fritz Lang). Ou mesmo nos filmes norte-anericanos de Frank Capra: A Felicidade Não Se Compra, Do Mundo Nada se Leva, Esse Mundo É um Hospício. 

Tenho lido e conversado com várias pessoas que não gostaram do filme Cosmopolis (Cronenberg), mas ao contrário destas pessoas que acusam o filme em ser verborrágico, arrogante ou de esnobismo intelectual, sinceramente, por discordar, sou motivado a postar aqui a minha opinião. 

Gostei do filme. Tambem é verdade, existe momentos que ficamos assoberbados pela quantidade de diálogos, e nem é exatamente por causa dos diálogos em si, mas no carregamento das metáforas e significados que estes diálogos mais as imagens provocam em nossa imaginação.

Em outros momentos encontrei-me hipnotizado pela narrativa do filme, pelo ator e no vai-e-vêm dos personagens e das situações cênicas aonde vamos numa espécie de Alice no Pais das Maravilhas caindo em labirintos, percalços, vaidades e ao destino traçado na ponta da agulha de uma arma: "Cortem-lhe a cabeça!"

Mas mesmo fazendo um paralelo com aqueles filmes expressionistas citados acima, em que as pessoas trabalham numa linha de montagem,  neste filme (Cosmópolis), os homens encontram-se nas ruas indignados por falta de empregos, perspectivas... O único que se encontra sob os ganhos da riqueza encontra-se ali, dentro da limousine, máquina digital e seus aplicativos nas mãos do  senhor do dinheiro e do poder. Cercado por desempregados (ou "fracassados" -  no dizer do mundo neoliberal). E olhe que ele (Eli Michael Packer) nem tem 30 anos..."não acreditem em ninguem com mais de 30 anos". Sentado no seu trono dentro do seu sarcófago-limousine. Mas o que é uma limousine? Senão a máquina-metáfora do século XX, aquela inventada para nos levar mais rápido, mas hoje, e ali, por causa dos engarrafamentos, o conduz numa velocidade menor do que uma bicicleta. Ali dentro não existe amor, afeto, existe interesse, objetivo, estratégia: o alvo X o passado.


O único desapontamento de Eric Packer acontece ao se confrontar com o jovem ainda mais jovem, de 22 anos. E, este, identifica num computador, sinais promissores que Eric não consegue enxergar no mercado de ações. Aí, é o momento em que ele percebe que algo acontece, e o ameaça: a crise e o cáos.
Cósmopolis de David Cronenberg é aquele filme que ao passar dos anos só cresce de importância e significado. A metáfora que ele engendra pode ser o vírus que nos impede de compreende-lo integralmente - NOW.



Cosmópolis - Trailer legendado

sábado, 25 de agosto de 2012

NEIL AMSTRONG (1930-2012)

 

 

 

NEIL AMSTRONG, deu mais um passo rumo ao além do além...O primeiro homem a pisar na Lua, seguido por Buz Aldrin no dia 20 de julho de 1969, nesta data morava e estudava em Brasília, no Centro de Ensino Médio Elefante Branco. Esse dia está marcado como uma tatuagem em minha memória. 

Estávamos na casa de um amigo, Orlando Cariello, junto com a família dele, diante da televisão preto e branco, e nós ali, grudados na imagem, sabíamos que aquele seria um dia histórico.

Posso até arriscar que enquanto compartilhavamos desta aventura, ao menos, virtualmente, é possivel que pela minha cabeça tenha passado fragmentos de imagens e sons: 

Desde a "Viagem a Lua" (Meliés) ao "2011 - Uma odissea no espaço" (Stanley Kubrick) e o seu inesquecível tema musical de Assim falava Zaratustra, o poema sinfônico de Richard Strauss, inspirado em Nietzche com arranjo musical do brasileiro Eumir Deodato.  A música "LUNIK 9" de Gilberto Gil, "A lua é dos namorados" cantada por Angela Maria, marchinha carnavalesca que marcou o final da minha infância. 

A memória é isto, ela cutuca o tempo e nos traz o inusitado, aquilo que pensávamos nem mais existir.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

SOCORRO! UM MONSTRO EM MINHA MENTE!

E agora? 

     Depois de tortuosos caminhos insinuados num roteiro (caso se possa chamar assim um espelho de idéias para um filme-documentário), Chegamos ( Fernando Coimbra e eu) no primeiro córte do copião ( "monstro") do meu filme "Tudo Por Amor Ao Cinema" - 2h20 minutos, mas a exigência natural em sua exibição final é 90/100 minutos. 

    Uma longa história de decisões radicais e até mesmo cruel, inerente ao processo da criação. 

    ...Afastar-se, deixar decantar e esperar o momento adequado para voltarmos a enfrentar a montagem.

    Temos um bilhete na linha do horizonte: Em 2014 este filme se tornará público. 

                     Aguardem!

terça-feira, 3 de julho de 2012

CINESESC: MOSTRA ADRIAN COWELL

CINESESC APRESENTA MOSTRA COM DOCUMENTÁRIOS DE ADRIAN COWELL
Evento apresenta filmes realizados pelo cineasta inglês ao longo de 50 anos na região da Amazônia

O CineSesc apresentará, de 5 a 12 de julho, a mostra “Amazônia 50”, que conta com documentários realizados pelo cineasta inglês Adrian Cowell. Com registros da região amazônica, Cowel acompanhou o processo de colonização da região e todas as lutas envolvendo questões ambientais e sociais que marcaram a história da mais importante floresta do mundo por mais de 50 anos. Além disso, o documentarista gravou imagens e depoimentos de Chico Mendes e dos irmãos Villas-Boas, entre outros nomes importantes da região.
 Nascido na China e criado na Inglaterra, Cowell esteve no Brasil pela primeira vez em 1957. Voltou constantemente até 2011, ano em que morreu. Entre os principais destaques da mostra está a exibição do filme “Matando por Terras”, rodado na fronteira leste da Amazônia, ao longo da rodovia Belém-Brasília, em 1986, período em que foram assassinadas mais de 100 pessoas. O filme teve sua exibição proibida no Brasil por mais de 25 anos.
“Amazônia 50” também conta com uma mesa de debates composta por Marina Silva, Vicente Rios, Aurélio Michiles e Barbara Bramble, com mediação do curador da mostra, Felipe Milanez. 

PROGRAMAÇÃO
MOSTRA 50 ANOS DE AMAZÔNIA – meio século do cinema documental de Adrian Cowell
De 05 a 12 de julho de 2012


05 quinta-feira
20h ABERTURA
20h30 MATANDO POR TERRAS(52min)
21h30 Mesa de debates composta por Marina Silva, Vicente Rios, Aurélio Michiles e Barbara Bramble,com mediação do curador da mostra, Felipe Milanez.

Marina Silva foi vereadora, deputada estadual, senadora e ministra do Meio Ambiente. Em 2010, foi candidata à presidência da República. Recebeu diversos prêmios pelo seu trabalho em defesa do meio ambiente.Integra o Millennium DevelopmentGoals (MDG) AdvocacyGroup, juntamente com o secretário-geral da ONU.
Vicente Rios é cinegrafista e foi parceiro de Adrian Cowell por 30 anos. Recebeu diversos prêmios, entre eles o Certificado de Mérito, conferido pela ONU, em 1988 e o Blue RibbonAward, da American FilmandVideoAssociation.
Barbara Bramble, ex-companheira de Adrian Cowell. Diretora da NationalWildlife Foundation (NWF), uma das maiores organizações ambientalistas do mundo. Foi parceira dos trabalhos de Adrian Cowell e o acompanhou em produções na Amazônia e na Ásia.
AURÉLIO MICHILES é cineasta, nascido em Manaus. Dirigiu diversos filmes-documentários. Foi consagrado pelo longa-metragem O Cineasta da Selva (1997), recebendo diversos prêmios nacionais e internacionais.

Felipe Milanezé cientista político, documentarista e jornalista independente.Curador da mostra. 

 06 sexta-feira
                19h MONTANHAS DE OURO (52min) +UMA DÁDIVA PARA A FLORESTA (25min)

21h MATANDO POR TERRAS (52min)
Apresentação da sessão por Stella Penido, Fiocruz.

07 sábado
19h O REINADO NA FLORESTA (26min) + FUGINDO DA EXTINÇÃO (52min)

21h A TRIBO QUE SE ESCONDE DO HOMEM (66min)
Apresentação da sessão por Boojie Cowell, filha do cineasta.

08 domingo
19h CHICO MENDES – EU QUERO VIVER (40min) + O SONHO DO CHICO (25min) + VISÕES DA FLORESTA (26min), de Vicente Rios
Apresentação da sessão por Vicente Rios.

 21h BATIDA NA FLORESTA (59min) + BARRADOS E CONDENADOS (25min)

09 segunda-feira
19h O CORAÇÃO DA FLORESTA (30min) + NAS CINZAS DA FLORESTA (52min)

21h CAMINHO PARA A EXTINÇÃO (30min) + FRAGMENTOS DE UM POVO (52min)

10 terça-feira
19h CHICO MENDES – EU QUERO VIVER (40min) + O SONHO DO CHICO (25min) +VISÕES DA FLORESTA (26min), de Vicente Rios
Apresentação da sessão por Vicente Rios.

21h O DESTINO DO CORONEL FAWCETT (26min) +  NA TRILHA DOS URU-EU-WAU-WAU(52min)
Bate-papo com Vicente Rios após a sessão.

11 quarta-feira
19h O REINADO NA FLORESTA (26min) + FUGINDO DA EXTINÇÃO (52min)

21h A TRIBO QUE SE ESCONDE DO HOMEM (66min)
Apresentação da sessão por Aurélio Michiles.

12 quinta-feira
19h MONTANHAS DE OURO (52min)+ UMA DÁDIVA PARA A FLORESTA (25min)

21h MATANDO POR TERRAS (52min)
Apresentação da sessão por Felipe Milanez.

Informações para a ImprensaF&M  Procultura
Tel.: (11) 3263-0197
Margarida Oliveira: 
margom@uol.com.br
Pâmela Peralta: 
pamela@procultura.
com.br

quinta-feira, 28 de junho de 2012

VIOLETA VAI PARA O CÉU - O FILME

Fui assistir o filme "VIOLETA FOI PARA O CÉU" de Andrés Wood, baseado no romance homônimo (2006) de autoria de Angel Parra, filho de Violeta. O filme faz um retrato desta famosa compositora, cantora, artista plástica e folclorista chilena. Ele não só apresenta seus diversos trabalhos, mas também memórias, seus amores e suas esperanças. Para viver a complexa personagem foi escolhida a atriz Francisca Gavilán, muitas vezes o efeito é mimético, ela consegue nos fazer vivienciar a atmosfera em conviver na realidade com Violeta Parra, tanto que nos leva a considerar aquela visão que aos mitos é melhor que ficquem distante, a convivência com eles será a própria demolição do mito e a construção do real. Conviver com Violeta Parra, creio que é a mesma coisa que conviver com Artaud, Piaf, Morrison e tantos outros que povoam nosso imaginário. A perspicácia, talento e sensibilidade da Violeta verdadeira a transforma numa antena de conflitos, aonde sonhos podem se tornar pesadelos.

Aos que pouco a conhecem, ou ao menos relacionando-a pela composição da famosa "Gracias a La Vida", descobre-se uma mulher de um sólido caráter e firme personalidade, uma pessoa/artista que não se conforma apenas em se comunicar numa linguagem, ela foi, tambem, uma pesquisadora musical com raízes na tradição cultural dos indígenas do Chile, estes como é sabido vivem uma existência de humilhações. E é neste espaço de trauma e frustrações que a poeta, pintora, bordadeira, ceramista e militante política aos 45 anos resolve zerar a vida com um tiro no cabeça. 

Mesmo que o seu nome identifique uma flor, a vida de Violeta não foi um mar de rosas, neste caso poderíamos comparar apenas com os espinhos da roseira. Ao assistir  "Violeta Foi Para o Céu" compara-se imediatamente a sua trajetória e as marcas que esta deixou em sua vida com aquelas que marcam as populações indigenas, não somente as do Chile, mas com certeza de todos os povos indígenas.



Violeta Parra foi uma mulher e artista revolucionária. Deixou um legado, junto com seu irmão Nicanor na poesia e na música popular chilena. A composição "Gracias A La Vida" uma das mais, senão a mais famosa música de sua autoria é uma espécie de um paradoxal testamento, ao mesmo tempo que celebra a vida, esta é na verdade uma carta de despedida, Violeta Parra cometeria o suicídio no ano seguinte em que a escreveu e compôs, em 1967.

Gracias A La Vida

Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me dio dos luceros que cuando los abro
Perfecto distingo lo negro del blanco
Y en el alto cielo su fondo estrellado
Y en las multitudes el hombre que yo amo

Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado el oído que en todo su ancho
Graba noche y día grillos y canarios
Martirios, turbinas, ladridos, chubascos
Y la voz tan tierna de mi bien amado

Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado el sonido y el abecedario
Con él, las palabras que pienso y declaro
Madre, amigo, hermano
Y luz alumbrando la ruta del alma del que estoy amando

Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado la marcha de mis pies cansados
Con ellos anduve ciudades y charcos
Playas y desiertos, montañas y llanos
Y la casa tuya, tu calle y tu patio

Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me dio el corazón que agita su marco
Cuando miro el fruto del cerebro humano
Cuando miro el bueno tan lejos del malo
Cuando miro el fondo de tus ojos claros

Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado la risa y me ha dado el llanto
Así yo distingo dicha de quebranto
Los dos materiales que forman mi canto
Y el canto de ustedes que es el mismo canto
Y el canto de todos que es mi propio canto

Gracias a la vida, gracias a la vida

Violeta Parra - Gracias a la Vida

sábado, 26 de maio de 2012

JAY LEYDA FILME VIRA FILME


Em processo de edição/montagem "monstro" do meu filme "Tudo Por Amor Ao Cinema" enfrentamos aquelas mesmas questões do dia Sim e outro pode ser Não. Sequencias e sequencias, curtos fragmentos de imagens e depoimentos vai-se construindo a história. Felizmente logo ali no horizonte da criatividade encontra-se JAY LEYDA (1910-1988) e a sua perspectiva conceitual do filme vira filme:



"Nós podemos começar com a premissa de que qualquer coisa que foi posta em filme pode ser empregada uma segunda vez - geralmente com mais força do que na primeira vez, dependendo da força do artista que dá forma ao segundo uso".

segunda-feira, 23 de abril de 2012

BRASÍLIA TÊM DNA DA UTOPIA

Todas as vezes que leio alguma opinião jogando sobre Brasília os males da corrupção nacional, sinceramente, pegunto-me: 

"-Porquê tamanha desfaçatez?" 

Ora, os corruptos vem de todos os lugares do Brasil. Quanto aos saudosistas da antiga Capital Federal, o Rio de Janeiro sempre esteve relacionado emblematicamente com a malandragem, conluio entre contraventores e governantes. Sem falar no "mar de lama" que levou Getúlio Vargas ao suicídio. 

Tudo isso não tira dos cariocas o direito em viverem numa "cidade maravilhosa". Assim como os brasilienses amarem a sua cidade, esta que hoje faz o país falar sobre o poder & poderosos como realidade palpável.

TV CULTURA AMEAÇADA - OLHO VIVO

Estranho! 

 

A ditadura não conseguiu acabar com a TV Cultura-SP, mesmo depois de assassinar um do seus diretores Vladimir Herzog. Agora em pleno Brasil democrático essa ameaça está se tornando uma realidade? 

Devemos ficar de olho nas tentativas em desmerecer os valores intrinsecos das TVs públicas, compara-la aos índices de audiências dos canais e redes comerciais é confundir o cidadão. 

As TVs Culturas constituem uma conquista de qualidade, um patrimônio coletivo, não pertence nem esse ou aquele partido ou ideologia. Mas caso se volte ao pífio argumento de custos e ônus fica a qui o registro: 

"O endividamento não deve ser politizado nem pode ser pretexto para a morte do nosso espirito, pois seria a morte dos melhores conteúdos de nossa infância e dos maiores desafios do cidadnao adulto" - Jorge da Cunha Lima.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

CARA A CARA COM MILES DAVIS

1970. UnB - Universidade de Brasília. 

Calouro é assim mesmo...cara metido. E nem poderia ser diferente, instinto de auto-defesa contra os veteranos de olho nos novatos. Eles queriam nada menos que raspar a nossa cabeça, e, naquela época os cabelos cresciam aos olhos vistos, todos nós queríamos ficar em sintonia com a tribo Hippie - Woodstock. E mais... Vivíamos um contraditório, como pensar na "paz e amor" num país que praticava o ódio? 

No Brasil a ditadura prendia-matava, esfolava implacávelmente e sem piedade. Em todos os lugares havia um olho-espião, um dedo-duro em riste. A classe média iniciava seu debut numa economia denominada pelo chamado "milagre brasileiro". A moda era fazer comparações com o Japão. A verdade é que os Estados Unidos da América do Norte havia invadido total, ocupava os corações e mentes dos brasileiros.

Enquanto isso, um jovem estudante de 18 anos, 

amazonense, perambulando pelo campus 

universitário descobriu recantos ainda pouco 

explorados da UnB. Acabei por descobrir a 

discoteca, uma sala que ficava dentro da 

biblioteca central, mas não era somente isso. 


Fiquei pasmo e feliz ao encontrar aí muitos 

long-plays novinhos em folha, ainda lacrados. 

Muitos deles eram de jazz. E tambem não era

só isso, nada menos (um deles) o álbum 

seminal de Miles Davis - "Bitches Brew", o

mesmo que este ano comemora 41º

aniversário e ao mesmo tempo que completa 

duas décadas da morte deste grande músico.


Este disco, pra mim, foi uma descoberta 

semelhante quando ouvir pela primeira vez o 

álbum "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band"- 

The Beatles. "Bitches Brew" estava nas minhas 

mãos, ainda lacrado, o long-play aonde Miles 

Davis namora e chega as vias do fato com o 

rock’n’roll dos anos 70.


"Bitches Brew" (até hoje) nos revela uma 

sonoridade trangressora a tudo que se pensava 

na música de jazz ou como depois dele ficou 

denominado como Jazz-Fusion - uma invenção 

Miles Davis.


E uma curiosidade: O músico brasileiro Airton Moreira, participa com berimbau, cuíca e percussões.

Don Alias - Percussion, Conga, Drums/
Khalil Balakrishna - Sitar/
Harvey Brooks - Bass, 
Electric bass/Ron Carter - Bass/
Billy Cobham - Drums, Triangle/
Chick Corea - Electric piano
Jack DeJohnette - Drums/
Steve Grossman - Soprano saxophone/
Herbie Hancock - Electric piano
Dave Holland - Bass, Electric bass
Bennie Maupin - Bass clarinet
John McLaughlin - Guitar
Airto Moreira - Berimbau, Cuíca, Percussion
Bihari Sharma - Tabla, Tamboura
Wayne Shorter - Soprano saxophone
Juma Santos (Jim Riley) - Conga, Shaker
Lenny White - Drums
Larry Young - Organ, Celeste, Electric piano
Joe Zawinul - Electric piano


"Livre-pensar é só pensar" Millor Fernandes

www.tudoporamoraocinema.com.br

Minha foto
Nasceu em Manaus-AM. Cursou o Instituto de Artes e Arquitetura-UnB(73). Artes Cênicas - Parque Lage,RJ(77/78). Trabalha há mais de vinte anos em projetos autorais,dirigindo filmes documentários:"SEGREDOS DO PUTUMAYO" 2020 (em processo); "Tudo Por Amor Ao Cinema" (2014),"O Cineasta da Selva"(97),"Via Látex, brasiliensis"(2013), "Encontro dos Sabores-no Rio Negro"(08),"Higienópolis"(06),"Que Viva Glauber!"(91),"Guaraná, Olho de Gente"(82),"A Arvore da Fortuna"(92),"A Agonia do Mogno" (92), "Lina Bo Bardi"(93),"Davi contra Golias"(94), "O Brasil Grande e os Índios Gigantes"(95),"O Sangue da Terra"(83),"Arquitetura do Lugar"(2000),"Teatro Amazonas"(02),"Gráfica Utópica"(03), "O Sangue da Terra" (1983/84), "Guaraná, Olho de Gente" (1981-1982), "Via Láctea, Dialética - do Terceiro Mundo Para o Terceiro Milênio" (1981) entre outros. Saiba mais: "O Cinema da Retomada", Lucia Nagib-Editora 34, 2002. "Memórias Inapagáveis - Um olhar histórico no Acervo Videobrasil/ Unerasable Memories - A historic Look at the Videobrasil Collection"- Org.: Agustín Pérez Rubío. Ed. Sesc São Paulo: Videobrasil, SP, 2014, pág.: 140-151 by Cristiana Tejo.