segunda-feira, 23 de abril de 2012

BRASÍLIA TÊM DNA DA UTOPIA

Todas as vezes que leio alguma opinião jogando sobre Brasília os males da corrupção nacional, sinceramente, pegunto-me: 

"-Porquê tamanha desfaçatez?" 

Ora, os corruptos vem de todos os lugares do Brasil. Quanto aos saudosistas da antiga Capital Federal, o Rio de Janeiro sempre esteve relacionado emblematicamente com a malandragem, conluio entre contraventores e governantes. Sem falar no "mar de lama" que levou Getúlio Vargas ao suicídio. 

Tudo isso não tira dos cariocas o direito em viverem numa "cidade maravilhosa". Assim como os brasilienses amarem a sua cidade, esta que hoje faz o país falar sobre o poder & poderosos como realidade palpável.

TV CULTURA AMEAÇADA - OLHO VIVO

Estranho! 

 

A ditadura não conseguiu acabar com a TV Cultura-SP, mesmo depois de assassinar um do seus diretores Vladimir Herzog. Agora em pleno Brasil democrático essa ameaça está se tornando uma realidade? 

Devemos ficar de olho nas tentativas em desmerecer os valores intrinsecos das TVs públicas, compara-la aos índices de audiências dos canais e redes comerciais é confundir o cidadão. 

As TVs Culturas constituem uma conquista de qualidade, um patrimônio coletivo, não pertence nem esse ou aquele partido ou ideologia. Mas caso se volte ao pífio argumento de custos e ônus fica a qui o registro: 

"O endividamento não deve ser politizado nem pode ser pretexto para a morte do nosso espirito, pois seria a morte dos melhores conteúdos de nossa infância e dos maiores desafios do cidadnao adulto" - Jorge da Cunha Lima.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

CARA A CARA COM MILES DAVIS

1970. UnB - Universidade de Brasília. 

Calouro é assim mesmo...cara metido. E nem poderia ser diferente, instinto de auto-defesa contra os veteranos de olho nos novatos. Eles queriam nada menos que raspar a nossa cabeça, e, naquela época os cabelos cresciam aos olhos vistos, todos nós queríamos ficar em sintonia com a tribo Hippie - Woodstock. E mais... Vivíamos um contraditório, como pensar na "paz e amor" num país que praticava o ódio? 

No Brasil a ditadura prendia-matava, esfolava implacávelmente e sem piedade. Em todos os lugares havia um olho-espião, um dedo-duro em riste. A classe média iniciava seu debut numa economia denominada pelo chamado "milagre brasileiro". A moda era fazer comparações com o Japão. A verdade é que os Estados Unidos da América do Norte havia invadido total, ocupava os corações e mentes dos brasileiros.

Enquanto isso, um jovem estudante de 18 anos, 

amazonense, perambulando pelo campus 

universitário descobriu recantos ainda pouco 

explorados da UnB. Acabei por descobrir a 

discoteca, uma sala que ficava dentro da 

biblioteca central, mas não era somente isso. 


Fiquei pasmo e feliz ao encontrar aí muitos 

long-plays novinhos em folha, ainda lacrados. 

Muitos deles eram de jazz. E tambem não era

só isso, nada menos (um deles) o álbum 

seminal de Miles Davis - "Bitches Brew", o

mesmo que este ano comemora 41º

aniversário e ao mesmo tempo que completa 

duas décadas da morte deste grande músico.


Este disco, pra mim, foi uma descoberta 

semelhante quando ouvir pela primeira vez o 

álbum "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band"- 

The Beatles. "Bitches Brew" estava nas minhas 

mãos, ainda lacrado, o long-play aonde Miles 

Davis namora e chega as vias do fato com o 

rock’n’roll dos anos 70.


"Bitches Brew" (até hoje) nos revela uma 

sonoridade trangressora a tudo que se pensava 

na música de jazz ou como depois dele ficou 

denominado como Jazz-Fusion - uma invenção 

Miles Davis.


E uma curiosidade: O músico brasileiro Airton Moreira, participa com berimbau, cuíca e percussões.

Don Alias - Percussion, Conga, Drums/
Khalil Balakrishna - Sitar/
Harvey Brooks - Bass, 
Electric bass/Ron Carter - Bass/
Billy Cobham - Drums, Triangle/
Chick Corea - Electric piano
Jack DeJohnette - Drums/
Steve Grossman - Soprano saxophone/
Herbie Hancock - Electric piano
Dave Holland - Bass, Electric bass
Bennie Maupin - Bass clarinet
John McLaughlin - Guitar
Airto Moreira - Berimbau, Cuíca, Percussion
Bihari Sharma - Tabla, Tamboura
Wayne Shorter - Soprano saxophone
Juma Santos (Jim Riley) - Conga, Shaker
Lenny White - Drums
Larry Young - Organ, Celeste, Electric piano
Joe Zawinul - Electric piano


XINGU FILME


Muito já se comentou e escreveu sobre "XINGU", filme de Cao Hamburger, mas de todos os comentários (e olha que não são poucos, inclusive já li até alguem que identificou erros de continuidade), mas o que me fez pensar veio do próprio diretor, ele declarou que identificou preconceitos contra os índios entre as pessoas do seu círculo de amizades. E, aí está o ponto, existe um freio na empatia entre os "brancos" e os "índios", ele é aceitável desde que não perturbe a permanência do "romantismo", "índio idílico", "filho-de-Maria".

Todas as vezes que se abre a possibilidade em defende-los, mostrar a realidade trágica desta relação, aí o caldo entorna, a sensação é igual aquele ditado popular: 

"Falar em corda na casa do enforcado".

XINGU é um filme de aventura, numa narrativa épica, propondo-se a se comunicar com o público comendo pipocas e bebendo refrigerantes, pode-se no mínimo agradecer a iniciativa. Ora, os norte-americanos já contaram tantas estórias sobre os seus índios, mas recentemente AVATAR (James Cameron) foi sucesso de bilheteria, mesmo com todas as críticas, não vi ninguem, ao menos aqui no Brasil, fazer comentários tão severos como as que fazem sobre o filme de Cao Hamburger.

Mas XINGU não é um filme somente sobre os "índios", é sobretudo sobre a opção de três irmãos da classe média (pai Juiz de Botucatu-SP), entusiasmados com o projeto do Governo Vargas (anos 40) em ocupar os sertões do Brasil Central com uma rede de comunicação radiofônica para facilitar a aviação no país. Este projeto eletrizou os senhores feudais em acumular latifúndios. 

Aos três irmãos: Orlando, 27, Claudio, 25 e Leonardo Villa-Bôas, 23 anos isto não passou pela cabeça dele no momento em que se integraram a frente desta expedição, tanto que se fantasiaram de "pobres" para serem aceitos, porque uma das exigências para trabalhar, tinham que ser analfabetos - "caboco bom pro trabalho duro". Conseguiram burlar, mas por pouco tempo logo foram alçados as tarefas mais sofisticadas. Os senhores feudais não poderiam desconfiar que o humanismo destes três irmãos seria um dos empecilhos que encontrariam no meio das suas ambições colonialistas. 

O filme XINGU, como história de cinema, não tem como obrigação abranger todas as nuâncias da trajetoria destes 3 irmãos e a criação do Parque Nacional do Xingu, como entrenimento tem como objetivo despertar o interesse sobre a História do Parque e os povos indígenas que nele habitam.

Existe um estranhamento no filme que é a aparição meteórica do "personagem Darcy Ribeiro", ele mais intriga do que esclarece. Quem sabe tivessem optado por desenvolver um pouco mais os "porquês" da criação do Parque...Darcy ganhasse o tamanho que a Historia lhe reserva, como Glauber chamou-o: "gênio da raça". 
IDÉIA ORIGINAL DO PARQUE
A idéia original era um decreto que vinha sendo jogado pra debaixo do tapete desde Vargas passou por JK, enfim com Jânio no Poder (amigo íntimo da familia Villas-Bôas), acabou por facilitar as artimanhas do grupo apoiador do Parque (Darcy Ribeiro, Noel Nutels, Irmãos Villa-Bôas, Rondon entre outros), estes, apressados em fazer valer a oportunidade esqueceram de incluir na demarcação definitiva as "nascentes do rio Xingu", hoje, este é o real pesadelo do Parque Xingu, sim, porque se encontram nos domínios dos fazendeiros desmatadores e seus agrotóxicos.  Mais aí é um outro filme.
 O "XINGU" de Cao Hamburger é um grande filme épico brasileiro, necessário e oportuno.  Com um elenco em que se destaca o ator João Miguel (Cláudio) e os outros dois irmãos que vivem a grande aventura Felipe Camargo (Orlando) e Caio Blat (Leonardo).

sexta-feira, 13 de abril de 2012

LEVANTE BRASÍLIA, BRASIL!

BRASILIA -DF: 
O MOVIMENTO LEVANTE DA JUVENTUDE RENOMEOU A PONTE "Costa e Silva - o ditador de plantão no final anos 60" PARA HONESTINO GUIMARÃES - líder estudantil que foi preso, torturado e encontra-se na lista dos desaparecidos políticos.

BRASILIA , BRASIL E A DESILUSÃO

Brasília, meus amigos (a) é uma frustração, um sonho inacabado, mas tudo isso está proporcional ao sentimento da desesperança dos brasileiros contemporâneos, quer dizer, NÓS.

Paradoxalmente quando o Brasil mais sonhou estávamos endividados, JK açodado pelos "golpistas" de plantão ( Duas tentantivas de Golpe), e ele nem aí... "Presidente Bossa-Nova" vestiu a carapuça e bailou...cinema novo, arte de vanguarda, pensamento arrojados, arquitetura revolucionária...Hoje o Brasil emergente, 5a. Potência economica do mundo, o país zerou a dívida externa, com mais de 20 anos de democracia plena, ainda permanece (e parece cultivar) o pensamento acanhado, medroso ( "entulho autoritário" ) e a isso soma-se a doença infantil do neo-liberalismo: o direitapatismo.

O governo que tem como presidente uma ex-guerrilheira, mulher corajosa e que ainda muito jovem enfrentou com armas nas mãos o governo implacavel com seus adversários, nem por isso fez da Dilma, do Lula, do Fernando Henrique governantes arrojados proporcional a coragem que demonstraram nos tempos da ditadura que prendia, tortutava, matava e sumia com os corpos.

Esse governo de Brasilia como os outros tantos governos do Brasil norte, sul, leste e oeste apenas inflam a desesperança - é espelho. Neste caso, Brasília é um retrato 3X4 do Brasil.

Como declarou o cantor e compositor Sergio Ricardo:

"A ditadura deixou como herança o medo da transformação".

segunda-feira, 9 de abril de 2012

TV GLOBO: BOM DIA BRASIL/DOC HIGIENÓPOLIS

Aurelio Michiles
15 de Fevereiro de 2011
AURELIO MICHILES
 DOC "Higienopolis" (2006)

ACADEMIA AMAZONENSE DE LETRAS PRESTA HOMENAGEM AO CINEASTA AURÉLIO MICHILES

Academia Amazonense de Letras presta homenagem ao cineasta Aurélio Michileshttp://acritica.uol.br/vida-Manaus-Amazonas-Amazonia

Ele ajudou a resgatar a história de Silvino Santos, cineasta pioneiro no Amazonas e no Brasil, no filme “O Cineasta da Selva” (1997). Já em “A Árvore da Fortuna” (1992), ele sustenta que as primeiras sessões de cinema no País aconteceram no Teatro Amazonas.

Manaus, 06 de Abril de 2012
JONY CLAY BORGES


Aurélio Michiles, vai receber a medalha Péricles Moraes na categoria artes. 
(FOTO: MICHAEL DANTAS/ACRÍTICA)

Trabalhando atualmente na produção de seu novo filme, o documentário “Tudo por amor ao cinema”, o cineasta Aurélio Michiles estará em Manaus no final do mês para receber homenagem da Academia Amazonense de Letras (AAL). Ele é um dos nomes a serem agraciados com a Medalha do Mérito Cultural Péricles Moraes em 2012, concedida pela casa. A cerimônia será no dia 27, às 19h30, na sede da instituição.

“Para mim é uma honra receber esse reconhecimento na minha terra, e vindo de uma instituição tão importante como é a AAL”, declara Michiles à reportagem, em entrevista por telefone. Ele recorda ter ficado surpreso ao saber de sua escolha para receber a medalha na categoria Artes, e que a honraria ganhou mais peso pelo fato de vir da cidade natal, cuja lembrança ele carrega sempre no coração.

“Fui surpreendido por dois prazeres. O primeiro pela notícia de ter sido escolhido, e o segundo porque não sabia. Não me inscrevi, não esperava, nem me passou pela minha cabeça. Tenho estado tão envolvido no processo de produção do meu filme que estou ‘à margem’, porém Manaus é um pensamento permanente e cotidiano na minha vida, do qual não consigo me desprender. É minha memória, minha afetividade”, diz.

EM BUSCA DO PAI

Além de participar da cerimônia de entrega da Medalha Péricles Moraes, Michiles pretende aproveitar o final de semana em Manaus para realizar pesquisa de acervo fotográfico a ser utilizado em “Tudo por amor ao cinema”. O documentário em longa-metragem, que tem previsão de lançamento ainda para este ano, vai narrar a trajetória de Cosme Alves Netto, amazonense que se destacou à frente dos movimentos cineclubista e de preservação do acervo imagético nacional no País (veja mais no Box).

“Vou fazer uma pesquisa de imagens etnográficas para o filme, visitando arquivos iconográficos em busca de material relacionado especialmente ao Cosme Alves Filho, que foi o pai do Alves Netto”, informa o cineasta, que destaca a importância de Cosme Alves Filho no cenário da política e da cultura do Amazonas.

“Ele foi um grande escritor, um pensador e um empresário visionário. Apesar de ser o nome de uma rua em Manaus, pouca gente conhece muita coisa a respeito dele”.

MOMENTO HISTÓRICO

Michiles, que já possui bastante material cedido pela família de Cosme Alves Netto, explica que está em busca de fotografias que mostrem o pai do cineclubista como deputado constituinte, no período da História brasileira do final dos 1940.

“Busco fotos dele na Assembleia Constituinte, talvez até com o presidente (Eurico Gaspar) Dutra. Foi nessa assembleia que, após a ditadura Vargas, foram estabelecidas novas regras para a política partidária brasileira”, destaca o documentarista. “Fucei no Arquivo Nacional e vi várias imagens da Assembleia Constituinte, mas não o encontrei nessas fotografias. É importante resgatar registros dessa representação do Amazonas nessa ocasião histórica. Espero encontrar essas fotos junto a alguma instituição ou em algum acervo pessoal”.

MAIS FILMAGENS

Em meio às pesquisas, Michiles trabalha na edição do material já captado para o novo filme, e que inclui depoimentos e documentos obtidos no Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará, Amazonas, Bahia e Cuba. As últimas filmagens para o longa deverão ser feitas no rio Negro, em setembro. “Até lá já tenho o filme praticamente pronto, faltando só essa sequência, que é uma imagem do rio Negro que tenho na cabeça”, conclui

"Livre-pensar é só pensar" Millor Fernandes

www.tudoporamoraocinema.com.br

Minha foto
Nasceu em Manaus-AM. Cursou o Instituto de Artes e Arquitetura-UnB(73). Artes Cênicas - Parque Lage,RJ(77/78). Trabalha há mais de vinte anos em projetos autorais,dirigindo filmes documentários:"SEGREDOS DO PUTUMAYO" 2020 (em processo); "Tudo Por Amor Ao Cinema" (2014),"O Cineasta da Selva"(97),"Via Látex, brasiliensis"(2013), "Encontro dos Sabores-no Rio Negro"(08),"Higienópolis"(06),"Que Viva Glauber!"(91),"Guaraná, Olho de Gente"(82),"A Arvore da Fortuna"(92),"A Agonia do Mogno" (92), "Lina Bo Bardi"(93),"Davi contra Golias"(94), "O Brasil Grande e os Índios Gigantes"(95),"O Sangue da Terra"(83),"Arquitetura do Lugar"(2000),"Teatro Amazonas"(02),"Gráfica Utópica"(03), "O Sangue da Terra" (1983/84), "Guaraná, Olho de Gente" (1981-1982), "Via Láctea, Dialética - do Terceiro Mundo Para o Terceiro Milênio" (1981) entre outros. Saiba mais: "O Cinema da Retomada", Lucia Nagib-Editora 34, 2002. "Memórias Inapagáveis - Um olhar histórico no Acervo Videobrasil/ Unerasable Memories - A historic Look at the Videobrasil Collection"- Org.: Agustín Pérez Rubío. Ed. Sesc São Paulo: Videobrasil, SP, 2014, pág.: 140-151 by Cristiana Tejo.