NISE - O CORAÇÃO DA LOUCURA

Ao assistir "Nise - O Coração da Loucura" de Roberto Berliner saí emocionado. Goste-se ou não deste filme, mas indiferente à ele impossível. 

O "Engenho de Dentro", os seus internos, a equipe médica e a trajetória da dra. Nise da Silveira (1905-1999) é o próprio Brasil encarcerado, o melhor do nosso país é colocado à margem ou num hospício. O outro Brasil, aquele que encarcera que nega o humanismo, o amor as artes e a liberdade do inconsciente, este, insiste em permanecer vivo. 

Continuam a negar a afetividade para a maioria dos (entre) brasileiros. Continuam matando os cachorros. Quanto tempo se perdeu e continua se perdendo? Quantos talentos? Quantos gênios inventivos poderiam fazer esse país destravar a sua trajetória? 

Mas não, o hospício Brasil continua a praticar choques elétricos, camisas de força, submeter às mais inacreditáveis humilhações e a praticar sem parcimônias a globotomia numa população mantida no isolamento dos seus lares, sem lazer, quase nenhum. 

Tudo isso secularmente, vez por outra, é abalada por personagens quase solitários e que assumem o protagonismo em fazer a nossa história seguir numa outra direção. É o caso da Dra. Nise da Silveira (Gloria Pires): 

"Não se curem alem da conta. Gente curada demais é gente chata."

BORIS SCHNAIDERMAN (1917-2016)

Hoje quero celebrar a memória de BORIS SCHNAIDERMAN (1917-2016), talvez ele tenha sido uma das pessoas que mais marcaram a minha adolescência em Manaus. A leitura dos poemas de Maiakovski a partir das suas traduções ou em parceria com Augusto e Haroldo de Campos, eram uma lufada de vento fresco naqueles anos sombrios, sem liberdade. Tive a felicidade de conhece-lo pessoalmente quando, em 2002, realizei o documentário "Gráfica Utópica" a partir de uma exposição que percorreu o Centro Cultural Banco do Brasil (Brasília-São Paulo e Rio de Janeiro) e que expunha pela primeira vez no Brasil o acervo formidável dos cartazistas russos - período pré e durante a revolução soviética. A sua assessoria e depoimento foram fundamentais.

O nosso último encontro aconteceu numa das tardes de abril, nós nos encontramos no Café Colon/Toninho (Higienópolis), ele acompanhado da Jeruza, confidenciou-se: 

"Em breve farei 99 anos e depois 100..." 

Concordo com ele 100... 200... 1000 anos será muito pouco para regar essa floresta de sabedoria e conhecimento que ele plantou e cultivou. 

* Registro do nosso último encontro, na pauta entre um turbilhão de idéias, falamos sobre "Gráfica Utópica" ( Aurelio Michiles ), sessão especial em sua nova residência e comemorações 99 anos. Inesquecível....VIVA!

MENSAGEM ÀQUELES QUE CONSIDERAM ARTE CULTURA COSMÉTICOS

Na grande crise econômica EUA (1929-1940)...Aonde havia desesperança o cinema levava a esperança.

"Hollywood Revue of 1929", foi um destes filmes que fez um grande sucesso, mesmo sendo produzido quando iam à falência banqueiros, empresários do comércio e da indústria...Milhares de famílias, da noite pro dia, ficaram miseráveis. 

Foi o CINEMA que levantou a auto-estima da população norte-americana enquanto se encontravam naquela temporada nos infernos da depressão. 

MAIO 68 - FESTIVAL DE CANNES

MAIO 68, FESTIVAL DE CANNES. 

Os cineastas rebelam-se e declaram suspenso o festival de cinema. Godard radicaliza, se pendura nas cortinas e faz uma inflamada declaração rebelde. Estava presente Truffaut amigo de Godard desde juventude, mas a partir daí esta amizade azedou...

*Nesta foto:

Claude Lelouch, Jean Luc-Godard, François Truffaut, Louis Malle e Roman Polanski.

ROGELIO CASADO

Notícia hiper triste, acabo de saber da morte do nosso querido Rogelio Casado, médico psiquiatra, batalhou pelas lutas antimanicomial no Amazonas. 

Arriscaria dizer que foi um pioneiro. 

Não faz um mês que perdeu a esposa, nós amazonenses estamos abalados por esta perda, desejando paz e a permanência do legado desta grande personalidade. Nestas duas últimas fotos...Bispo do Rosário e Rogelio, os dois vestem o manto pra subir... As asas deste mundo para alcançar outros mundos...voa, voa Rogelio.

* PICICA - Blog do Rogelio Casado

O GROTESCO E O SINISTRO DA INTOLERÂNCIA

O filme "O Grande Ditador" (1940) de Charles Chaplin é um excelente exemplo de como o artista é capaz de incomodar aqueles que pensam possuir o Poder Supremo. Neste filme Chaplin mostra o grotesco e o sinistro da intolerância, aqueles que cultivam o ódio. 

O filme incomodou não somente Hitler e Mussolini, mas todos aqueles que os apoiavam. Nos EUA foi considerado comunista e ficou proibido por quase meio-século, incluso Chaplin impedido de voltar ao país. 

O germe desta intolerância contra as Artes e a Cultura (produtores da criação artística) se encontra espalhado pelo Brasil por conta da extinção do Ministério da Cultura. Isso faz lembrar o pensamento dos ditadores: 

*Franquismo, anos 30:"Viva la Muerte, abajo la inteligencia"; 

*Nazismo anos 30/40: "Arte degenerada"; 

*Brasil Ditadura 64: "Artistas são pederastas, comunistas depravados".

FERIR E HUMILHAR A CULTURA COMO VINGANÇA

As postagens de ódio e ressentimento contra os artistas e à favor da extinção do Minc - Ministério da Cultura. Nas "redes sociais" só confirma a necessidade urgente do Brasil investir ainda mais em CULTURA. 

Tem muitos brasileiros que se encontram hipnotizados pelo preconceito e pela ignorância. Mas, por outro lado, estamos tendo a oportunidade de constatar como foi fácil criar aquele imaginário nazista que fez dos artistas e intelectuais um alvo a ser perseguido e eliminado: 

"ARTE DEGENERADA"