Ao rever o filme "A DOCE VIDA/LA DOLCE VITA" (1960) de Federico Fellini, ele me causou uma sensação como tivesse levado um tapa na cara, tal as referências emblemáticas que explicam a nossa atualidade. Refiro-me ao legado rascante de Fellini sobre uma época que viveu, mas que pode ter sido uma carta do passado para o futuro-presente.
O fim de uma era, a perda do provincianismo, o princípio da globalização, a presença descartável das celebridades e diante disso a perplexidade do ex-provinciano de Rimini. Não foi gratuito que este filme torna célebre a indiscreta e perversa profissão dos "paparazzi". Eles que simbolicamente anunciam uma era predominante aonde a farsa, invasão da privacidade, frivolidade, hipocrisia, narcisismo, exibicionismo, esbanjamento consumista formam o imaginário (consciência?) destes tempos. Logo na famosa sequencia inicial, a imagem de Cristo flutuando, carregado por um helicóptero, é uma metáfora da substituição da sociedade agrária por esta que põe no altar do sagrado: o "deus-consumo".
FICHA TÉCNICA: A Doce Vita (La Dolce Vita, 1960). Dir. Federico Fellini Com Anita Edberg, Marcello Mastroiani, Anouk Aimée, Alain Cuny, Lex Baxter...Rot.: Fellini, Pasolini, Ennio Flaiano, Tulio Pinelli, B. Rondi; Música: Nino Rota.
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