PALAVRÕES..."Nomes-feios", "palavras de baixo-calão"...Era assim denominado o linguajar proibido nas conversas entre as pessoas que se queriam respeitar. E era assim na minha casa.
Em 1967, ainda vivia em Manaus longe dos acontecimentos que marcaram o tempo da ditadura 64...Estou pensando na peça teatral "Navalha na Carne" de Plínio Marcos, deu muito o que falar.
A diva Tônia Carrero resolveu interpretar o papel de uma prostituta (Norma Suely), os palavrões corriam soltos entre os personagens Vado (Nelson Xavier) e Veludo (Emiliano Queiroz), sob a direção do genial Fauzi Arap. Escândalo!
A censura Federal considerou que aquela peça era um "amontoado de palavrões" (sic). Os personagens realmente falavam palavrões aos borbotões: "Puta-velha", "nojenta", perebenta", "porca", "viado" e da-lhe censura para proteger a "família e os bons costumes".
O elenco, segundo as memórias do ator Emiliano Queiroz ("Na Sobremesa da Vida"- Maria Letícia) viviam em sobreaviso, ameaças de invasão, porradas e agressões por parte dos grupos paramilitares (CCC-comando de caça aos comunistas).
Ainda hoje? Como uma diferença, os palavrões, palavras de baixo-calão saem aos borbotões da boca do presidente da república com todo o desrespeito que lhe é peculiar e ao lado disso uma narrativa em defesa de "Deus, Pátria, Família"(sic) - a mesma hipocrisia de sempre para engabelar os bobos.
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