A LIBERDADE FOI ATACADA E HUMILHADA!
Paris: 07/01/2015.
A sede da revista de sátiras "Charlie Hebdo" foi invadida por extremistas que atiraram e mataram 12 pessoas. Quatro dos principais nomes das HQs de humor na França, Cabu, Charb, Tignous e Wolinski foram confirmados entre os mortos. Reconhecida por suas irreverentes e implacáveis publicações ironizando tudo e todos, inclusive os extremistas do Islã. Os assassinos gritavam "Alá!" "Alá!"... A ação foi filmada pela câmeras de vigilância.
Quem deve está babando de prazer são os extremistas europeus, os direitistas e os tais neo-nazistas, doidinhos para ampliar a sua influência e encontrar um "bode expiatório" para iniciar uma guerra sem trégua pela vitoria dos preconceitos e pela discriminação em todas as sua formas.
Esse hediondo episódio me fez refletir sobre a polêmica filosófica no âmbito da Igreja Católica. Refiro-me a Santo Agostinho (A Instrução aos Catecúmenos), ele questiona o valor e o direito do riso, não como uma artimanha do diabo, mas uma expressão do absoluto-feliz diante do dom da vida. Segundo Santo Agostinho é preciso tornar a pedagogia da doutrinação mais atrativa aos catecúmenos. E ele sugere como um dos destes artifícios o humor (o riso) - é preciso conquistar o humor, a alegria interior para atingir os resultados positivos duma autêntica catequização. Para se entender o porquê desta premissa feitas por esse expoente do pensamento cristão, faz-se necessário irmos a Idade Média, naquele tempo a Igreja considerava a dor e a tristeza melhores que o estado de alegria (riso/humor), segundo a Igreja Católica, Deus encontra-se alheio a estas manifestações, as quais pertencem aos humanos.
E, tudo isso encontramos naquele precioso livro que nos marcou irremediavelmente, refiro-me O Nome da Rosa - Umberto Eco, aí, ele nos mostra que a igreja católica temeu por muitos séculos, mas sobretudo durante a Inquisição, período onde o riso e o humor eram condenados, segundo ela, representava a manifestação de um ser tentado pelo demônio. Uma pessoa dotada dessas qualidades podia ridicularizar seus semelhantes como questionar a igreja e deus. Um devotado católico e fiel aos dogmas da igreja deveria comportar-se de forma "séria", não se deixar levar pelas tentações do mundo-mundano.
Creio que esta tem sido a luta do homem pela permanência crítica dele mesmo e da sociedade: o riso. Ela pode até nos incomodar, mas nos faz falta quando não exercida. O mundo, este nosso mundo de hoje, encontra-se num vazio existencial, um fenômeno herdado desde quando os ocidentais foram ao oriente buscar um novo deus, uma nova crença e acabaram por encontrar a mesma coisa. Estamos nessa, mordendo o movimento esférico da globalização. Deus e o Diabo encontram-se soltos! Querem nos fazer ajoelhar diante do altar. Querem nos fazer crer que a origem do mal encontram-se na crença desta religião ou daquele Deus. Na verdade...na viagem pelos rios do mundo sempre encontramos um mesmo lamento de culpa e arrependimento..."O Horror! O Horror!"
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