sábado, 10 de janeiro de 2015

O MEDO DO RISO...AMOR/HUMOR

ULTRAJE! INDIGNAÇÃO! 

A LIBERDADE FOI ATACADA E HUMILHADA!






Paris: 07/01/2015. 

A sede da revista de sátiras "Charlie Hebdo" foi invadida por extremistas que atiraram e mataram 12 pessoas. Quatro dos principais nomes das HQs de humor na França, Cabu, Charb, Tignous e Wolinski foram confirmados entre os mortos. Reconhecida por suas irreverentes e implacáveis publicações ironizando tudo e todos, inclusive os extremistas do Islã. Os assassinos gritavam "Alá!" "Alá!"... A ação foi filmada pela câmeras de vigilância. 

Quem deve está babando de prazer são os extremistas europeus, os direitistas e os tais neo-nazistas, doidinhos para ampliar a sua influência e encontrar um "bode expiatório" para iniciar uma guerra sem trégua pela vitoria dos preconceitos e pela discriminação em todas as sua formas.



Esse hediondo episódio me fez refletir sobre a polêmica filosófica no âmbito da Igreja Católica. Refiro-me a Santo Agostinho (A Instrução aos Catecúmenos), ele questiona o valor e o direito do riso, não como uma artimanha do diabo, mas uma expressão do absoluto-feliz diante do dom da vida. Segundo Santo Agostinho é preciso tornar a pedagogia da doutrinação mais atrativa aos catecúmenos. E ele sugere como um dos destes artifícios o humor (o riso) - é preciso conquistar o humor, a alegria interior para atingir os resultados positivos duma autêntica catequização. Para se entender o porquê desta premissa  feitas por esse expoente do pensamento cristão, faz-se necessário irmos a Idade Média, naquele tempo a Igreja considerava a dor e a tristeza melhores que o estado de alegria (riso/humor), segundo a Igreja Católica, Deus encontra-se alheio a estas manifestações, as quais pertencem aos humanos.

E, tudo isso encontramos naquele precioso livro que nos marcou irremediavelmente, refiro-me O Nome da Rosa - Umberto Eco, aí, ele nos mostra que a igreja católica temeu por muitos séculos, mas sobretudo durante a Inquisição, período onde o riso e o humor eram condenados, segundo ela, representava a manifestação de um ser tentado pelo demônio. Uma pessoa dotada dessas qualidades podia ridicularizar seus semelhantes como questionar a igreja e deus. Um devotado católico e fiel aos dogmas da igreja deveria comportar-se de forma "séria", não se deixar levar pelas tentações do mundo-mundano. 

Creio que esta tem sido a luta do homem pela permanência crítica dele mesmo e da sociedade: o riso. Ela pode até nos incomodar, mas nos faz falta quando não exercida. O mundo, este nosso mundo de hoje, encontra-se num vazio existencial, um fenômeno herdado  desde quando os ocidentais foram ao oriente buscar um novo deus, uma nova crença e acabaram por encontrar a mesma coisa. Estamos nessa, mordendo o movimento esférico da globalização. Deus e o Diabo encontram-se soltos! Querem nos fazer ajoelhar diante do altar. Querem nos fazer crer que a origem do mal encontram-se na crença desta religião ou daquele Deus. Na verdade...na viagem pelos rios do mundo sempre encontramos um mesmo lamento de culpa e arrependimento..."O Horror! O Horror!"


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"Livre-pensar é só pensar" Millor Fernandes

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Nasceu em Manaus-AM. Cursou o Instituto de Artes e Arquitetura-UnB(73). Artes Cênicas - Parque Lage,RJ(77/78). Trabalha há mais de vinte anos em projetos autorais,dirigindo filmes documentários:"SEGREDOS DO PUTUMAYO" 2020 (em processo); "Tudo Por Amor Ao Cinema" (2014),"O Cineasta da Selva"(97),"Via Látex, brasiliensis"(2013), "Encontro dos Sabores-no Rio Negro"(08),"Higienópolis"(06),"Que Viva Glauber!"(91),"Guaraná, Olho de Gente"(82),"A Arvore da Fortuna"(92),"A Agonia do Mogno" (92), "Lina Bo Bardi"(93),"Davi contra Golias"(94), "O Brasil Grande e os Índios Gigantes"(95),"O Sangue da Terra"(83),"Arquitetura do Lugar"(2000),"Teatro Amazonas"(02),"Gráfica Utópica"(03), "O Sangue da Terra" (1983/84), "Guaraná, Olho de Gente" (1981-1982), "Via Láctea, Dialética - do Terceiro Mundo Para o Terceiro Milênio" (1981) entre outros. Saiba mais: "O Cinema da Retomada", Lucia Nagib-Editora 34, 2002. "Memórias Inapagáveis - Um olhar histórico no Acervo Videobrasil/ Unerasable Memories - A historic Look at the Videobrasil Collection"- Org.: Agustín Pérez Rubío. Ed. Sesc São Paulo: Videobrasil, SP, 2014, pág.: 140-151 by Cristiana Tejo.