"Martírio", filme de Vincent Carelli Juliana Soares de Almeida e Ernesto de Carvalho não é somente um tapa na cara, mas, muito mais... São 160 minutos para abrir os olhos, coração e mente `a questão vivenciada pelos povos indígenas faz mais de 5 séculos. Logo que me deparei com o título, considerei cristão demais para o meu gosto... Estava equivocado, não existe outro título para expressar essa secular marcha genocida. Martirológio foram aqueles cristãos sordidamente assassinados: cabeças cortadas,mortos `a pedradas, jogada aos leões, esquartejados, trucidados por gladiadores romanos.
E, este foi, é a mesma voracidade assassina contra os povos indígenas.
Os motivos está claro na própria voz dos índios, eles tem a consciência complexa do seu martírio, é o confronto de um sistema político-econômico que visa o lucro exorbitante contra outro que tem como objetivo viver a vida sem lucrar com vida de outro.
Os povos indígenas antes da chegada dos "brancos" viviam, a sua maneira, muito bem...Caçavam, pescavam, colhiam, cultivavam e celebravam essas dádivas da natureza com respeito religioso. O rigor da pesquisa e da montagem nos leva a esta viagem na memória dos tempos e nos confronta aos discursos dos dois lados em questão:
1. Aqueles que odeiam os povos indígenas e os veem como empecilho para lucros sem limites;
2. Os povos indígenas (aqui os Guarani-Kaiowá) que defendem os seus princípios que aos olhos destes tempos parecem ingênuos, mas numa só frase dita por um deles, em 1988, é reveladora:
" O que tá pegando a gente é o capitalismo."
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