Em 12 de abril de 1961 Yuri Gagarin navegou no espaço sideral e maravilhado diante do que viu proferiu a famosa frase do século XX:
“- A TERRA É AZUL!”
A cápsula Vostok era tão pequena que o passageiro parecia uma sardinha em lata. Gagarin tinha 27 anos de idade quando a cápsula entrou em órbita em 320 km de altitude e permaneceu no espaço por 108 minutos, tempo suficiente para completar uma volta ao redor da Terra. O mundo deixou de ser um planeta habitado por povos, raças, etnias, países, nações vivendo como fossem ilhas para se tornar numa “Aldeia Global”.
Naquele carnaval não deu outra marchinha, Ângela Maria cantava:
“Lua, oh lua/Não deixa ninguém te pisar/Todos eles estão errados/A lua é dos namorados.”
Em Manaus, talvez num dia chuvoso e nublado, como todo jovem tinha arroubos poéticos foi então que tentei fazer uma homenagem aos desafios daqueles tempos, o meu em particular - 3 anos depois:
EU BEM-TE-VI
GAGARIN
UM DIA TAMBEM, CHEGO LÁ...
NO CÉU, NO CÉU
COM A MINHA GAROTA ESTAREI.
O CÉU DA TUA BOCA
EU TAMBÉM VI
AZUL, AZUL...
NA BOCA BEIJAREI.
Aurélio Michiles, Manaus, 1964.
Faz 50 anos, naquela época não era mais criança, mas também não podia dizer que estava adolescente. Em casa as notícias ribombavam entre o perigo do comunismo, confronto entre EUA X URSS:
As armas secretas, o poder de dominação através da mente e hipoteticamente desenvolvidas pelos soviéticos, a adesão da revolução cubana ao bloco comunista, a luta pelos direitos civis nos EUA e pela libertação dos povos do terceiro mundo.
No Brasil havia um presidente muito doido, governava por bilhetes, proibia uso de biquíni, briga de galos e esbravejava contra a corrupção, defendia a moral e os bons costumes (quais?) utilizando como símbolo uma “vassoura”. Gostava de beber cachaça, aparecia nas solenidades muitas vezes com os cabelos e indumentárias desalinhadas e com o tom da voz típico de quem havia tomado todas. Ao condecorar com a mais alta das comendas nacional (Cruzeiro do Sul) o líder da revolução cubana, comandante Che Guevara e o major russo Yuri Gagarin (1934-1968) contrariou os princípios do alinhamento político e ideológico que fez chegar ao poder, o nome dele era Jânio Quadros.
Ah, sim, ia esquecendo...Jânio Quadros renunciou a presidência depois de 7 meses da sua posse, no dia 25 de agosto, escreveu um bilhetinho dizendo-se pressionado a fazê-lo por causa das "forças ocultas". O Brasil entrou em parafuso, a direita festejou, mas haveria de engolir ainda alguns anos para definitivamente chegar ao poder - em 1964, através de um golpe de estado contra João Goulart .
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