Transformou-se numa poeira cósmica um dos mais importantes brasileiros, aquele que conhece o país inteiro de norte, sul, leste e oeste: AZIZ Ab'SABER
Tive prazer em conhecê-lo, não como amigo próximo, mas a oportunidade em poder compartilhar ao menos por um dia da sua atenciosa elegância e sabedoria. Foi no ano de 1984, integrava a equipe do Globo Ciência, e tive como desafio dado pela editoria do programa, não somente entrevistar o mestre, mas tambem transforma-la em informação compreensível ao grande público telespectador.
Havia a lenda que todas as vezes que Aziz Ab'Saber era entrevistado nada se podia aproveitar na edição, ele falava uma "língua de iniciados". - Ora pois! Por que não telefonar para ele, combinar um entrevista, ao menos teriamos a oportunidade de conhecê-lo. Foi o que fizemos, ele nos recebeu em sua casa, e indagou o que realmente queriamos e que programa era esse..."Globo Ciência...afinal a idéia é boa, mas é pra valer?". Indagou o mestre.
Estávamos eu e Ricardo Dias com quem fazia parceria de direção no GLOBO CIÊNCIA. Logo de cara, quando perguntado qual era nome da ciência que ele, Aziz, encontrava-se especializado, respondeu:
Aziz - Geomorfologia.
- Como? - O que vem a ser isso?
- Por exemplo, caso o senhor fosse explicar para pessoas leigas.
Aziz - Geomorfologismo é a leitura da paisagem...
- E como poderíamos mostrar em imagem?
Aziz - Vamos passear aqui mesmo em volta, este lugar é muito rico em histórias.
E saimos em companhia do Mestre em nosso carro, e fomos rodar pelas cercanias do lugar aonde morava. Aziz, entusiasmado já havia compreendido as nossas necessidades e as tambem dele, afinal precisavamos voltar pra base da produção com um material substancioso pronto a ser mostrado como um programa de televisão científico e tecnológico sem frescuras acadêmicas.
Aziz, comentou que tinha um filho que gostava de cinema, em seguida nos perguntou se conhecíamos o filme O Cangaceiro, e antes que respondessemos acrescentou, "sabem aonde foi filmado?". Estávamos em Salto (cidade próxima a São Paulo), e ainda arriscamos na resposta, é possivel que parcialmente tenha sido filmado no nordeste. Ele respondeu com um sorriso, "enganado, aquele filme foi todo rodado aqui, no meio desta paisagem, ela se encontra alterada devido as intervenções da modernidade, mas se observarmos a sua vegetação constata-se semelhanças com a vegetação árida do agreste nordestino, milhares de anos atrás aqui havia a mesma vegetação, hoje, elas crescem como plantas anãs, tímidas, mas estão aqui..."
Quando retorn®avamos a sua residência avistamos no meio da rodovia máquinas escavando nas margens, fazendo profundo cortes e revelavam a textura interior daquele morro. Aziz deu um grito, "pára! pára! aqui é um bom lugar para se mostrar o que realmente é uma leitura da paisagem"
Excitados saimos do carro, seguindo Aziz que num entusiasmo juvenil nos conduzia numa avalanche de desejos imagéticos. O câmera, o operador de áudio aos trambolhões seguiam, tambem já se encontravam contaminados pelo entusiasmo e sabedoria daquele Mestre. Aziz diante do profundo córte vertical do morro, mostrava suas entranhas, uma espécie de digital através das várias camadas e, cores diferentes e estas por si só revelavam uma história acumulada em milhões de anos.
Diante de uma sequência de pedrinhas (seixos), ele dizia que essa ordem mostrava que milhares de anos atrás ali corria um rio, hoje deixaram apenas vestígios desta historia. Aziz, apenas acrescentou: "- Entenderam, tudo é simples, não existe complicado, o complicado é não querer aprender. A leitura da paisagem é isso, depois que descobrimos conseguimos nos tornar letrados nos significados que a história da natureza deixa como pistas para compreende-la e nos compreender".
Diante de uma sequência de pedrinhas (seixos), ele dizia que essa ordem mostrava que milhares de anos atrás ali corria um rio, hoje deixaram apenas vestígios desta historia. Aziz, apenas acrescentou: "- Entenderam, tudo é simples, não existe complicado, o complicado é não querer aprender. A leitura da paisagem é isso, depois que descobrimos conseguimos nos tornar letrados nos significados que a história da natureza deixa como pistas para compreende-la e nos compreender".
O programa foi ao ar:
A LEITURA DA PAISAGEM por AZIZ Ab'SABER.
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