- 'O PACIENTE' de Sergio Rezende e 'UMA NOITE DE 12 ANOS' de Alvaro Brechner -
O primeiro uma produçao brasileira e o outro uruguaio. Dois filmes que se encontram em exibição e que de alguma forma se cruzam e nos apontam os percalços da trajetória histórica do continente sul-americano. A parte as qualidades de cada um deles, estes filmes exibidos nesta semana derradeira as vésperas as eleições presidenciais se tornam uma metáfora dos significados objetivos e subjetivos do nosso pais. Trata-se do acerto de contas da retomada democrática do Brasil e do Uruguai depois de viverem submetidos numa ditadura.
Tanto no Uruguai como no Brasil o modus operandi foram os mesmos - censura, repressão, tortura e assassinatos dos presos políticos. Mas, durante a passagem que marcou a volta aos direitos democráticos e posteriores, os acontecimentos se diferenciam.
Nada disso estah no filme, sem nenhum demérito. Assistindo ao filme 'O Paciente', podemos concluir com frustração todo aquele momento de negociações e traições que transcorreu o 'Movimento pelas Diretas Ja', a ala mais radical das Forcas Armadas tentava se manter no poder a qualquer custo, seja sob ameaças terroristas ou pela capitulação negociada com a oposição mais compactuado ou seja, eles, os militares, seriam 'perdoados' pelos crimes praticados.
Recordo que a derrota das 'Diretas Ja/Dante de Oliveira' foi um jorro de agua gelada em nossas aspirações para derrotar a ditadura. Surgiu o sempre a disposição as negociações Tancredo Neves, ele como um exímio alfaiate costurou a passagem de poder e acabou eleito presidente pelo VOTO INDIRETO.
Mas, de repente havia um mau-estar na saude do articulador e presidente recém eleito. E o resto foi uma pantomima. O ultimo presidente-ditador Joao Figueiredo recusou a fazer a entrega da faixa presidencial ao seu filhote da ditadura Jose Sarney. Tancredo adoece, agoniza e morre depois do seu estado de saude virar um espetáculo cívico-místico de comoção nacional. A partir dai se fingiu que não havia crimes da ditadura a serem investigados, julgados e com seus criminosos condenados. Criou-se uma bolha aonde as vitimas e seus algozes faziam de contas que não existiam. Resultado eh isto que estamos vivenciando no momento. Um candidato que representa aqueles 21 anos de desmandos aonde os Direitos Humanos e Civis foram desrespeitados e mantiveram seus privilégios dando voz a eles. Bolsonaro eh parte disso...do 'entulho autoritário'.
No Uruguai essa passagem de poder se deu de formas diferentes, mesmo que tivesse sido negociadas entre as partes envolvidas. Houve condenação, os crimes da ditadura e alguns dos responsáveis foram condenados. Outro dia um militar de alta patente ousou opinar sobre política e foi preso.
No Chile, aonde a ditadura assassinou 40 mil pessoas, também, o Ministro da Cultura ousou minimizar a violência da ditadura Pinochet - foi demitido do cargo. Em tempo, o Chile, hoje, tem como presidente um empresário que foi aliado do Pinochet.
Na Argentina, sim, houve um acerto de contas através do judiciário com julgamento e prisão de generais condenados a prisão perpetua. A impunidade gera impunidades e estas se mantém através do circulo vicioso do vírus da violência desrespeitosas a Democracia.
Este tem sido o crime permanente do 'Jeitinho Brasileiro'.
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