11 de setembro, uma data de vários significados, mas prefiro recordar a data que ficou registrado no Diário da vida inteira. Os livros, sempre as mesmas vítimas, os livros.
Em março de 1973, havia estado no Chile, com a mochila nas costas, à caça de sonhos on the road.
Enquanto por lá estivemos todos aconselhavam ir embora, sair o quanto antes, era eminente um Golpe de Estado, seguido por derramamento de sangue, chacinas, matanças...
O Chile era a praça de guerra da "Guerra Fria".
Os EUA através da CIA financiavam descaradamente a conspiração.
Todos diziam, "vai embora, vai haver um derramamento de sangue".
E saímos rumo ao deserto de Atacama em direção ao Peru. Foram dez dias pelo deserto caminhando, de carona e inclusive na boléia de caminhões-cegonhas carregando automóveis fabricados no Brasil, zero quilômetro.
Meses depois ao desembarcar em Brasilia, vindo de Manaus, sou sequestrado por órgão de repressão da aeronáutica, descendo as escadas do avião no aeroporto da Capital Federal. No estacionamento enfiaram-me na cabeça um nauseabundo capuz preto.
A partir daí...o pesadelo.
Depois de 20 dias de sequestro, incomunicável, literalmente abandonado na rodovia Belo Horizonte-Rio de janeiro.
O pesadelo maior viria meses adiante...era o 11 de setembro do Chile, bombardeio do Palácio de La Moneda e da democracia chilena...milhares de prisioneiros torturados e sumariamente assassinados...os cadáveres boiavam nas águas do Mapucho, o rio que corta a cidade de Santiago.
Era apenas o começo de uma ditadura sanguinária e que acabaria em 1990.
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