Jean-Paul Belmodo (1933-2021) esteve em Manaus em 1962 filmando "L'Homme de Rio" de Philippe Broca, um dos maiores sucessos de bilheteria da historia cinema francês.
Com locações em Paris, Rio de Janeiro (cenas filmadas no Museu de Arte Moderna), Brasilia (ainda em construção) e Manaus (Cidade Flutuante).
Belmondo, ele já havia arrebatado fãs com seu carisma ao interpretar com uma imensa naturalidade o ladrão de carros no filme "À Bout de Souffle" (Acossado, 1959) de Jean-Luc Godard. Mesmo assim a sua presença em Manaus não despertou muita curiosidade.
Ainda criança tive a oportunidade de encontra-lo. Foi um encontro bizarro. Meu pai era proprietário de um bar em Manaus, chamava-se "Aristocrata Bar", localizava-se num lugar privilegiado, onde se encontravam os boêmios (magistrados, religiosos, intelectuais e artistas). Não faço ideia, mas Belmondo junto com um grupo de pessoas fez presença e pediu uma "caipirinha". Tomou uma, duas e na terceira ele jogou o copo que espatifou-se numa árvore (mangueira) que ficava em frente ao bar. Falava alto e como era francês poucos ali conseguiram entender exatamente o que falava.
A "Cidade Flutuante" era uma cidade que boiava em frente à Manaus, apesar de gerar uma economia permanente, o comércio ficava aberto 24 horas, mesmo assim, a sua paisagem incomodava, para muitos da elite amazonense aquilo era uma excrescência, pior, um amoralidade, lugar de prostitutas, rufiões entre outros marginais.
Quando do golpe de 1964, a primeira coisa que os militares fizeram foi amarrar com correntes puxados por tratores e balsas aquelas construções flutuantes para destrui-las. Foi o fim da Cidade Flutuante.
Felizmente ela continua existindo para sempre no filme "O Homem do Rio" e que tem como astro Jean-Paul Belmondo, Françoise Dorleac e com participação dos brasileiros Milton Ribeiro (O Cangaceiro), Zé Keti (sambista), Annik Malvin e Adolfo Celi (ator italiano que viveu no Brasil muitos anos). Uma curiosidade para lembrar, uma das roteiristas ( indicado ao Oscar Melhor Roteiro) leva a assinatura de Ariane Mnouchkine ( fundadora do Théâtre du Soleil em Paris).