Cara! Quem ainda não viu, saia do feice e assista o filme "BRANCO SAI, PRETO FICA" - Adirley Queiróz. É um inusitado olhar sobre a Ceilândia, um lugar que pessoalmente vi nascer.
No emaranhado dos ressentimentos...ao meio das manipulações de corações e mentes confabuladas, peço emprestado a máxima do mestre das chanchadas Sérgio Augusto ("Este Mundo É Um Pandeiro"), vivemos numa espécie de "grand guignol tupiniquim". Ele referia-se ao precário-inventivo nos filmes de terror de José Mojica Marins, podemos perfeitamente, também, denominar este filme "BRANCO SAI, PRETO FICA" dentro desta premissa. Na medida que o diretor, roteirista e produtor Adirley Queiróz recorre a inventividade das limitações de produção para criar uma atmosfera apocalíptica em que vive os seus personagens de Ceilândia - Distrito Federal. E consegue.
A começar pela fotografia de Leonardo Feliciano, nela não existe o "céu-mar" de Brasilia, tampouco jardins verdejantes e floridos e nem a máxima futurista que marca o projeto urbanístico e arquitetônico.
Existe uma guerra.
O surgimento deste "depósito de renegados" era um fato comentado pelos professores da UnB. O governador na época (1969-1974), era o militar Hélio Prates da Silveira, coube a ele tornar realidade o projeto da Ceilândia, sob auspícios filantrópicos da Primeira Dama. O Hélio Prates, tinha um ódio (inveja) mortal do Oscar Niemeyer - ele, sempre que podia aparecia na TV para tentar desqualificar as obras de Niemeyer. A Ceilândia surgiu para reunir os moradores das invasões localizados nas áreas ambicionadas pelos especuladores imobiliários - Asa Norte e Núcleo Bandeirantes.
Hoje, Ceilândia, entre outras coisas, é uma espécie de celeiro de cineastas, não somente este filme "BRANCO SAI, PRETO FICA" - Adirley Queirós (2014), mas também do curta "MEU AMIGO NIETZCCHE" - Fauston Silva (2012).
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