quarta-feira, 30 de setembro de 2015
sábado, 19 de setembro de 2015
JÁ VISTO JAMAIS VISTO - Um Filme de Andrea Tonacci
Corram, antes que saia de cartaz...JÁ VISTO JAMAIS VISTO.
O mais recente filme de Andrea Tonacci (Serra da Desordem, Bang Bang, Bla Bla Bla entre outros) encontra-se em exibição no circuito do SPcine - Centro Cultural São Paulo e Cine Olido (setembro-outubro).
Assistir "Já Visto Jamais Visto" é uma experiência provocadora, sobretudo neste momento em que tudo parece ser um déjà vu (já visto), não no sentido do filme. Desde o início me senti conectado...os fragmentos de outros filmes neste filme aonde filme-outros, vira filme-agora, duplos sentidos em duplas imagens, a origem das imagens leva-nos ao labirinto dos acontecimentos, sejam cotidiano, familiar, político, universal...
Tonacci faz um Cinema da Imaginação, ele nos faz sentir maravilhados pelas formas, gestos e sons dando novos significados a antigas imagens, embora econômico nos diálogos, as palavras são magníficas expressões do silêncio e do afeto.
Em "Já Visto Jamais Visto" vi também aqueles dois adolescentes perambulando ("Documentário"- filme curta de Rogerio Sganzerla em parceria com Andrea Tonacci, realizado em 1966) pelas ruas de São Paulo, totalmente enfastiados com a "mesmice" dos filmes em cartaz, aquelas exigências insatisfatórias continuam com frescor neste filme "Já Visto Jamais Visto".
Ao término da sessão encontrava-me em plena "Tempestade" (Shakespeare) com o Próspero balbuciando... "nós somos feitos da mesma matéria que os sonhos"...no que acrescentaria, a matéria da memória também são fragmentos desta matéria de sonhos, misturados aos pesadelos.
Não poderia deixar de salientar a qualidade da base sonora, sobretudo da montagem da Cristina Amaral.
Ficha técnica
Já Visto Jamais Visto
Brasil, 2013, cor/p&b, 54’
Direção/Rot.: Andrea Tonacci
Fotografia: Mark Perlmann
Montagem: Cristina Amaral
Trilha sonora original: Ruy Weber
Catalogação de acervo: Max Fagotti
Produção: Patrícia Mourão
terça-feira, 15 de setembro de 2015
FARÓIS: AURÉLIO MICHILES _ Quem Faz & Quem Inspira
http-::www.faroisdocinema.com.br:2015:09:farois-aurelio-michiles:
Faróis: Aurélio Michiles
A Amazônia, onde nasceu, e o cinema, onde se criou, são os grandes temas por onde passeia o cinema de Aurélio Michiles. Sua formação em artes cênicas passou por Brasília e Rio de Janeiro, mas sua atividade profissional se estabeleceu principalmente em São Paulo. Dirigiu os documentários O Sangue da Terra, A Agonia do Mogno, Teatro Amazonas, Que Viva Glauber! e Lina Bo Bardi, entre outros.
Suas obras mais conhecidas, porém, são as que juntam Amazônia e cinema: o mix de fic e doc O Cineasta da Selva, sobre o pioneiro Silvino Santos, e o recente Tudo por Amor ao Cinema, sobre o manauara Cosme Alves Netto. Michiles é um cinéfilo apaixonado e com frequência deixa marcas disso no seu blog Ceuvagem. Outro rastro seu é o filho André Lorenz Michiles, jovem e promissor cineasta que já demonstrou talento como um dos diretores dos longas Osvaldão e Através.
Solicitado a apontar seus filmes-faróis, Aurélio começou por comentar a difícil tarefa:
“Como selecionar 10 filmes favoritos? Filme favorito é uma cena, um fotograma, talvez uma sequência de um tempo-determinado, algo como um álbum de família, todas as vezes que se aprecia, logo descobre-se uma foto, um instante que faz crescer o significado desta ou daquela imagem. Por fim, aqui temos corajosamente um seleção. Meu deus, quantos favoritos ficaram de fora. Mas quem sabe de uma outra vez possa incluí-los.”
Aí estão os filmes-faróis de Aurélio Michiles:
O Homem com a Câmera (Chelovek s kinoapparatom), de Dziga Vertov
Trata-se de um autêntico farol. Para os cineastas, sobretudo aqueles que realizam documentários, é sem dúvida um dos filmes mais importantes de todos os tempos. Dziga Vertov acreditava na teoria do cinema-verdade (Kino Pravda), na qual propõe filmar apenas a “verdadeira realidade”, com a câmera representando o olho do homem ou o cineasta-máquina. Neste filme-doc as imagens são de grande impacto visual. Vertov, ainda hoje, mantém o frescor da inventividade. Qual é o segredo do “cinema-verdade”? A realidade é aquilo que você enquadra, filma, monta e mostra.
Trata-se de um autêntico farol. Para os cineastas, sobretudo aqueles que realizam documentários, é sem dúvida um dos filmes mais importantes de todos os tempos. Dziga Vertov acreditava na teoria do cinema-verdade (Kino Pravda), na qual propõe filmar apenas a “verdadeira realidade”, com a câmera representando o olho do homem ou o cineasta-máquina. Neste filme-doc as imagens são de grande impacto visual. Vertov, ainda hoje, mantém o frescor da inventividade. Qual é o segredo do “cinema-verdade”? A realidade é aquilo que você enquadra, filma, monta e mostra.
Aguirre, a Cólera dos Deuses (Aguirre, der Zorn Gottes), de Werner Herzog
Do meu ponto de vista, não conheço nenhum filme que tenha retratado tão bem o imaginário megalômano que impregna aqueles que ousam colonizar a selva amazônica do que este filme de Herzog. É uma espécie de O Coração das Trevas (Joseph Conrad) ou Apocalipse Now(F.F. Coppola), onde aflora o lado sombrio da natureza humana. A câmera desliza respeitosamente sobre as cenas. Somos acachapados pela interpretação de Klaus Kinski, seus olhos e sua boca obscena a todo instante revelam a sua atormentada alma. Ele não abrirá mão, em hipótese alguma, da sua tenacidade em dominar e conquistar aquela imensidão e dela se proclamar todo-poderoso. A sua cobiça encontra-se ao nível das tragédias shakespearianas. A sequência final, depois de ter praticado todas as atrocidades contra todos que se encontravam ao seu alcance, Aguirre, por fim sozinho, vestido pateticamente com uma armadura de ferro e couro em pleno calor amazônico, navega à deriva, sem poder ancorar em terra-firme… Acompanhado de centenas de macacos.
Do meu ponto de vista, não conheço nenhum filme que tenha retratado tão bem o imaginário megalômano que impregna aqueles que ousam colonizar a selva amazônica do que este filme de Herzog. É uma espécie de O Coração das Trevas (Joseph Conrad) ou Apocalipse Now(F.F. Coppola), onde aflora o lado sombrio da natureza humana. A câmera desliza respeitosamente sobre as cenas. Somos acachapados pela interpretação de Klaus Kinski, seus olhos e sua boca obscena a todo instante revelam a sua atormentada alma. Ele não abrirá mão, em hipótese alguma, da sua tenacidade em dominar e conquistar aquela imensidão e dela se proclamar todo-poderoso. A sua cobiça encontra-se ao nível das tragédias shakespearianas. A sequência final, depois de ter praticado todas as atrocidades contra todos que se encontravam ao seu alcance, Aguirre, por fim sozinho, vestido pateticamente com uma armadura de ferro e couro em pleno calor amazônico, navega à deriva, sem poder ancorar em terra-firme… Acompanhado de centenas de macacos.
Iracema, uma Transa Amazônica, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna
Tanto na maneira como foi produzido como na condução duma sofisticada e reveladora narrativa cinematográfica, onde ficção e documentário se misturam para nos revelar aquilo que não se podia mostrar, “a verdadeira Amazônia que ninguém via”. Um filme fundamental sobre a permanente estranheza amazônica.
Tanto na maneira como foi produzido como na condução duma sofisticada e reveladora narrativa cinematográfica, onde ficção e documentário se misturam para nos revelar aquilo que não se podia mostrar, “a verdadeira Amazônia que ninguém via”. Um filme fundamental sobre a permanente estranheza amazônica.
Dersu Uzala, de Akira Kurosawa
Um personagem que assume significado metafórico de um tempo que chega ao fim. Refiro-me ao elogio do início do século XX às máquinas, às cidades e ao progresso. No filme, quando o personagem Dersu vai passar um tempo na cidade, ele se sente um animal enjaulado, ao contrário da sua vida na natureza, quando a liberdade lhe é plena, tanto física como espiritualmente. Nesse sentido, Kurosawa se antecede aos movimentos que começam a ganhar voz em defesa da preservação do meio-ambiente sob a ameaça do progresso e de uma civilização que cultua a urbanização e o consumo. Tema que retoma no filme Sonhos (1990), onde Kurosawa revela a sua preocupação com a ameaça da civilização industrial.
Um personagem que assume significado metafórico de um tempo que chega ao fim. Refiro-me ao elogio do início do século XX às máquinas, às cidades e ao progresso. No filme, quando o personagem Dersu vai passar um tempo na cidade, ele se sente um animal enjaulado, ao contrário da sua vida na natureza, quando a liberdade lhe é plena, tanto física como espiritualmente. Nesse sentido, Kurosawa se antecede aos movimentos que começam a ganhar voz em defesa da preservação do meio-ambiente sob a ameaça do progresso e de uma civilização que cultua a urbanização e o consumo. Tema que retoma no filme Sonhos (1990), onde Kurosawa revela a sua preocupação com a ameaça da civilização industrial.
Nostalgia da Luz (Nostalgia de la Luz), de Patricio Guzmán
Este é um documentário assombroso, mas que transita com delicadeza entre a poesia e a política. No deserto de Atacama (Chile), enquanto os astrônomos procuram as nossas origens nas longínquas galáxias, um grupo de mulheres removem areia e pedras, na esperança em encontrar vestígios dos seus familiares enterrados aí, clandestinamente, durante a ditadura Pinochet.
Este é um documentário assombroso, mas que transita com delicadeza entre a poesia e a política. No deserto de Atacama (Chile), enquanto os astrônomos procuram as nossas origens nas longínquas galáxias, um grupo de mulheres removem areia e pedras, na esperança em encontrar vestígios dos seus familiares enterrados aí, clandestinamente, durante a ditadura Pinochet.
O Poderoso Chefão (I, II e III) (The Godfather), de Francis Ford Coppola
Eis um filme que nasceu clássico. Impossível ficar indiferente àquela família de imigrantes italianos nos EUA – a saga pela sobrevivência e permanência nesta terra prometida do “novo mundo”. Um filme sobre o crime, tema recorrente na filmografia estadunidense, mas aqui, nesta sua versão, Coppola retrata o cotidiano de uma família italiana vinculada ao crime organizado com um carisma que se torna impossível não admirá-la. Talvez tenha sido um dos filmes a que mais assisti em toda a minha vida e não canso de re-assistir. Sempre haverá algo a descobrir. É cinema na veia.
Eis um filme que nasceu clássico. Impossível ficar indiferente àquela família de imigrantes italianos nos EUA – a saga pela sobrevivência e permanência nesta terra prometida do “novo mundo”. Um filme sobre o crime, tema recorrente na filmografia estadunidense, mas aqui, nesta sua versão, Coppola retrata o cotidiano de uma família italiana vinculada ao crime organizado com um carisma que se torna impossível não admirá-la. Talvez tenha sido um dos filmes a que mais assisti em toda a minha vida e não canso de re-assistir. Sempre haverá algo a descobrir. É cinema na veia.
O Desprezo (Le Mépris), de Jean-Luc Godard
Este filme pode até ser sobre a subjetividade do fim de um casamento, mas desconfio que aí esteja o incômodo constatar de Jean-Luc Godard sobre os limites da linguagem cinematográfica, ao menos, de um certo cinema. Tanto que nesta mesma época ele declara: “Aguardo com tranquilidade o fim do cinema”. Em O Desprezo, Godard, em parceria com Alberto Moravia, realiza um sofisticado enredo em que se misturam mitologia grega (Odisseia) e a indústria de cinema. Ele nos brinda sem sutilezas, e em primeiríssimo plano, a nudez da mulher mais desejada do mundo naqueles anos 1960, a atriz Brigitte Bardot, que neste filme interpreta uma Penélope às avessas.
Este filme pode até ser sobre a subjetividade do fim de um casamento, mas desconfio que aí esteja o incômodo constatar de Jean-Luc Godard sobre os limites da linguagem cinematográfica, ao menos, de um certo cinema. Tanto que nesta mesma época ele declara: “Aguardo com tranquilidade o fim do cinema”. Em O Desprezo, Godard, em parceria com Alberto Moravia, realiza um sofisticado enredo em que se misturam mitologia grega (Odisseia) e a indústria de cinema. Ele nos brinda sem sutilezas, e em primeiríssimo plano, a nudez da mulher mais desejada do mundo naqueles anos 1960, a atriz Brigitte Bardot, que neste filme interpreta uma Penélope às avessas.
Di-Glauber ou Ninguém Assistiu ao Formidável Enterro de Sua Última Quimera; Somente a Ingratidão, Essa Pantera, Foi Sua Companheira Inseparável, de Glauber Rocha
A filmografia de Glauber é uma permanente referência do cinema brasileiro, mas não podia perder esta oportunidade de celebrar a sua inventividade cinematográfica (Deus e o Diabo, Terra em Transe, O Dragão da Maldade, A Idade da Terra…) escolhendo este doc-curta essencialmente glauberiano. Este filme é uma explosão de irreverência e criatividade como somente os grandes artistas podem se dar de corpo e alma a liberdade. Apesar de ter sido reconhecido com o Prêmio de Melhor Curta no Festival de Cannes, a incompreensão dos herdeiros do pintor Di transformou a existência deste filme num dos mais longos casos de censura a uma obra de arte no Brasil. Até hoje continua sonegada ao acesso público esta visceral homenagem de um amigo vivo a outro amigo morto.
A filmografia de Glauber é uma permanente referência do cinema brasileiro, mas não podia perder esta oportunidade de celebrar a sua inventividade cinematográfica (Deus e o Diabo, Terra em Transe, O Dragão da Maldade, A Idade da Terra…) escolhendo este doc-curta essencialmente glauberiano. Este filme é uma explosão de irreverência e criatividade como somente os grandes artistas podem se dar de corpo e alma a liberdade. Apesar de ter sido reconhecido com o Prêmio de Melhor Curta no Festival de Cannes, a incompreensão dos herdeiros do pintor Di transformou a existência deste filme num dos mais longos casos de censura a uma obra de arte no Brasil. Até hoje continua sonegada ao acesso público esta visceral homenagem de um amigo vivo a outro amigo morto.
Verdades e Mentiras (F For Fake), de Orson Welles
A filmografia de Orson Welles é uma referência permanente, sobretudo Cidadão Kane, mas ouso celebrar F for Fake. Realizado em 1973, tornou-se uma premonição desses tempos em que vivemos. “Fake” virou um adjetivo, os limites do engodo, da mentira – a Verdade implodida pela ganância. Vale o baixo preço, não importa o quanto de tragédia tenha custado: “made in paraguay”…”made in china”… Filmaço imperdível.
A filmografia de Orson Welles é uma referência permanente, sobretudo Cidadão Kane, mas ouso celebrar F for Fake. Realizado em 1973, tornou-se uma premonição desses tempos em que vivemos. “Fake” virou um adjetivo, os limites do engodo, da mentira – a Verdade implodida pela ganância. Vale o baixo preço, não importa o quanto de tragédia tenha custado: “made in paraguay”…”made in china”… Filmaço imperdível.
Morangos Silvestres (Smultronstället), de Ingmar Bergman
Tenho por este filme um princípio transformador. Tinha 13 anos quando assisti a Morangos Silvestres pela primeira vez. Era uma cópia 16mm, riscada, quem sabe faltando muitos fotogramas, numa sessão de cineclube em Manaus. Havia entrado na sala quando a sessão já havia começado. Ao final da sessão não tinha entendido muita coisa, mas sentia-me arrebatado por este filme de Bergman, e pensava que em cinema se podia contar uma história do jeito que se queria contar, afinal, o cinema é uma linguagem de imagens(!). O frescor surrealista da narrativa pegou-me radicalmente. Mas foi cinco anos depois que assisti novamente e aí, desta vez, desde o início. Bergman com maestria recorre à psicanálise, à História e sobretudo à memória para destrinchar nossas avaliações sobre a vida, amor, sonhos e morte.
Tenho por este filme um princípio transformador. Tinha 13 anos quando assisti a Morangos Silvestres pela primeira vez. Era uma cópia 16mm, riscada, quem sabe faltando muitos fotogramas, numa sessão de cineclube em Manaus. Havia entrado na sala quando a sessão já havia começado. Ao final da sessão não tinha entendido muita coisa, mas sentia-me arrebatado por este filme de Bergman, e pensava que em cinema se podia contar uma história do jeito que se queria contar, afinal, o cinema é uma linguagem de imagens(!). O frescor surrealista da narrativa pegou-me radicalmente. Mas foi cinco anos depois que assisti novamente e aí, desta vez, desde o início. Bergman com maestria recorre à psicanálise, à História e sobretudo à memória para destrinchar nossas avaliações sobre a vida, amor, sonhos e morte.
Esta entrada foi publicada em Aurélio Michiles. Adicione o link permanenteaos seus favoritos.
domingo, 13 de setembro de 2015
QUE HORAS ELA VOLTA? OU A VOLTA QUE O BRASIL DEU
Finalmente chegou a vez de assistir ao filme "Que Horas Ela Volta?"
... Fui na sexta-feira, dia 11, às16h20, no Cine Belas Artes e para inicio de conversa, a sala estava quase lotada. Que coisa boa! E isto me encheu de alegria.
Este filme da Anna Muylaert é carregado de significados, um assunto cabeludo, ainda tabu entre nós, quase sempre tratado como caricatura. A diretora não se intimidou diante do assunto, tanto que elabora uma dramaturgia que não turva as emoções do espectador; afinal, deveria ser diferente?
Aqui neste filme da Anna temos a oportunidade rara de nos ver no espelho do perverso "pathos social" brasileiro: "a empregada doméstica", "o quarto-de-empregada". Isto que é a própria permanência das precárias e arcaicas relações na construção de um país justo. Cinicamente, muitos brasileiros ainda insistem nesta permanência. E, conseguiram, o mercado imobiliário de Miami (EUA), incorporou nas edificações (exclusivo aos brasileiros) justamente o (in) cômodo "quarto-de- empregada". A "casa grande" insiste manter para si este hediondo espaço para suas transgressões morais e assédios sexuais.
A identificação do público brasileiro com o filme vem muito da catarse que todos nós estamos submetidos para compreender o nosso país diante das fortes mudanças que aconteceram nos últimos 10 anos, uma ascensão de classe, com o no caso da Val (empregada doméstica), imigrante nordestina que chegou em São Paulo em busca de uma "vida melhor". A dissolução da sua família em sua cidade de origem é apenas aparente. Tudo fica muito claro quando ela recebe a filha Jessica (Camila Márdia) em sua casa e que é o "quartinho" na casa aonde trabalha. A principio a idéia de receber a filha é bem recebida pela família, somente depois quando se revela os desejos da "filha da empregada": veio prestar vestibular...e não somente isso...para "arquitetura" e não somente isso...na "FAU-USP"!
Diante desta realidade a hospitalidade da família se coloca em confronto com as conquistas e fracassos do filho dos patrões, Fabinho (Michel Joelse) que também vai prestar o vestibular. Jessica, a filha de Val, a empregada, "uma pessoa como se fosse quase da família" coloca a nu as verdadeiras relações sociais daquele "pathos" de uma família burguesa a partir da chegada desta nada misteriosa, mas desafiadora hóspede. O drama familiar se estabelece entre os patrões e a própria relação entre Val (empregada doméstica) e Jessica ( a filha deixada para ser criada no nordeste). O conflito se expõe e o filme cresce.
O carisma da atriz Regina Casé e o seu talento sempre pouco explorado mais uma vez neste filme "QUE HORAS ELA VOLTA?", ela brilha e nos faz lembrar da sua magnífica interpretação naquele outro filme "Eu, Tu, Eles"( Andrucha Waddington).
sexta-feira, 11 de setembro de 2015
JIA ZANG-KE, UM HOMEM DE FENYANG
O filme-documentário "Jia Zhang-ke, um homem de Fenyang" de Walter Salles, justifica a sua realização pelo simples fato de tornar público a trajetória de um jovem cineasta chinês. Mas, ele é muito mais, justamente por que a dimensão do humanismo contagiante de Jia Zhang-ke coloca a nu esta dualidade entre "nós"(coletivo) e o "eu" (individual)...
Enquanto o mundo capitalista oxigena até nos matar sufocados pela expressão individualista, narcísica do Eu...O mundo comunista oxigena o coletivo para sufocar a individualidade.
Os dois estão errados, todos nós queremos luz própria.
Uma das cenas que mais me sensibilizaram é aquela quando Zhang-ke, narra que o pai o levava para passear até as muralhas (Muralha da China), e quando lá chegavam, ele ficava comovido...em silêncio. Somente tempos depois que ele compreendeu aquela cerimoniosa e silenciosa comoção do seu pai. Ele via o horizonte depois das muralhas como a própria liberdade desejada.
Os filmes de Jia Zhang-ke reafirma aquela máxima, “se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia.” (Leon Tolstoi). Só para ficarmos num único exemplo, o seu filme "Um Toque de Pecado", os personagens parecem se encontrar no limite de uma explosão de raiva, ódio e intolerância, mas seria justamente este sentimento do mundo contemporâneo?
A imagem que se encontra nas redes sociais e que tem causado espanto e incredulidade, é a cena de uma mulher loira, uma repórter húngara (Petra László- Canal N1TV), segurando a câmera dando rasteira nos refugiados, mas não somente isso, não foi uma questão de reação em reflexo, mas ela age seguidamente, agiu desta maneira várias vezes, inclusive dá rasteira num pai carregando no colo uma criança e na outra dá outro chute numa menina que corre segurando a mão de um homem.
Este é o Toque de Pecado do Mundo.
Marcadores:
capitalismo,
China,
Comunismo,
Fenyang,
Hungria,
Jia Zhang-ke,
Petra László,
refugiados sírios,
Um Toque de Pecado,
Walter Salles
GYMNASIO AMAZONENSE D. PEDRO II...146 ANOS!
O meu lugar das primeiras luzes do saber...descobertas tantas que faz rodar e me larga tonto ao meio da memória...Gymnasio Amazonense D. Pedro II.../ "Colégio Estadual" completou, no último dia 05 de setembro, 146 anos!
Aqui e ali um rosto, um cheiro, uma frase, a capa de um long-play...o relance de uma coxa.
O professor (a), o bedel, a coragem de cruzar a linha do permitido.
"Manaus, num ritmo trezentão, disfarça a tristeza de seus filhos descontentes. Confesso-me um. O momento, entretanto, não permite longas fugas, pois a responsabilidade de um amanhã batendo às portas é sentida, infelizmente." -
Está escrito num manuseado diário de todos os tempos, até agora, faz muitas décadas.
quinta-feira, 10 de setembro de 2015
MEMORIAS IMBORRABLES...UNERASABLE MEMORIES
A memória caminha...viaja...permanece...
MEMÓRIAS INAPAGÁVEIS/ MEMORIAS IMBORRABLES/ UNERABLE MEMORIES - Um olhar histórico no acervo Videobrasil, são obras de 18 artistas: Akram Zaatari, Aurélio Michiles, Ayrson Heráclito e Danilo Barata, Boucha Khalili, Carlos Motta, Coco Fusco, Dan Halter, Enio Staub, Jonathas de Andrade, León Ferrari e Ricardo Pons, Liu Wei, Luiz de Abreu, Mwangi Hutter, Rabih Mroué, Rosângela Renó, Sebastian Diaz Morales, Vincent Carelli e Dominique Gallois e Walid Raad que integram esta mostra.
O meu trabalho selecionado é o vídeo "O SANGUE DA TERRA" (1982-1984).
A exposição Memórias Inapagáveis/ Memorias Imborrables/ Unerasable Memories - Um olhar no Acervo Videobrasil tem como idealizadora a sua diretora Solange Farkas.
A itinerância da exposição depois da temporada no Malba – Museu de Arte Latinoamericana de Buenos Aires, segue para MARCO – Museu de Arte Contemporânea de Vigo, na Espanha.
A abertura será no dia 11 de setembro e a vai até 07 de fevereiro de 2016. A exposição segue no conceito proposto pelo curador Agustín Pérez Rubio.
Além da Espanha, a itinerância desta exposição fará parte do projeto artístico-científico Sense of Doubt, Resisting Oblivion, que acontece de 10 de setembro a 11 de outubro, no Museu Angewandte Kunst, como parte da programação da B3 Biennal of the Moving Image, em Frankfurt, Alemanha.
Acessem os links das duas instituições sobre as exposições:
http://www.marcovigo.com/es/content/marco-inauguraci-n-exposici-n-memorias-imborrables-una-mirada-hist-rica-la-colecci-n-videobr
http://www.normativeorders.net/en/events/allevents/69veranstaltungen/3656-sense-of-doubt-against-forgetfulness
sexta-feira, 4 de setembro de 2015
TUDO POR AMOR AO CINEMA...links para as repercussões nas mídias
Estadão – Cultura – por Sérgio Augusto
Folha de São Paulo – Ilustríssima
Estadão Conteúdo por Luiz Zanin Oricchio
Estadão Conteudo por Luiz Carlos Merten
cultura.estadao-com.br/noticia/cinema,documentario-tudo...
Folha de São Paulo – por Pedro Butcher
www.blogdoims.com.br/secao/jose-geraldo-couto-no-cinema
31.07.2015-cosme-e-a-memoria-cinematografica-do-mundo
Blog Rastro de Carmattos – por Carlos Alberto Mattos
É Tudo Verdade – por Amir Labaki
Guia Rio Show – O Globo – Por Daniel Schenker
Taqui Pra Ti – José Ribamar Bessa Freire
http://www.taquiprati.com.br/cronica.php?ident=1156
TUDO POR AMOR AO CINEMA (2015) por Gustavo Menezes
http://naosaoasimagens.com/2015/08/23/tudo-por-amor-ao-cinema-2015/
PLANETA TELA por Celso Sabadin
http://www.planetatela.com.br/critica/tudo-por-amor-ao-cinema-justifica-e-engrandece-o-proprio-titulo/
TUDO POR AMOR AO CINEMA (2015) por Gustavo Menezes
http://naosaoasimagens.com/2015/08/23/tudo-por-amor-ao-cinema-2015/
PLANETA TELA por Celso Sabadin
http://www.planetatela.com.br/critica/tudo-por-amor-ao-cinema-justifica-e-engrandece-o-proprio-titulo/
O Dia – Ricardo Cota
CARTA CAPITAL
Leia crítica do documentário Tudo Por Amor ao Cinema no TelaTela: http://bit.ly/1W9hiI7
Programa Jô Soares
Jornal da Globo News
Programa Metrópolis
A Crítica (Manaus)
Blog Cinema e Movimento
Blog Cinema e Movimento – entrevista Aurélio Michiles
Glamurama – Uol
Observatório da Imprensa
Outros links:
Cine Set – Manaus
Cineweb
Divirta-se Mais – Brasília
http://df.divirtasemais.com.br/app/noticia/cinema/2015/07/31/noticia_cinema,154806/documentario-mostra-vida-de-diretor-da-cinemateca-do-mam-no-rj.shtml
Filme B
Zero Hora
Blah Cultural – por Bruno Giacobbo
Blog Anna Ramalho
Blog Cinema com Recheio
Blog Não São as Imagens
Blog do Sarafa
Conexão Penedo
Deloox – RJ
Folha da Região - Araçatuba
Galeria Lu Lacerda
Guarulhos Web
Jornal Floripa
On Imagem Ig
Papo de Cinema
Paraná Online
Repórter Diário – RJ
Vitória News
Uia Diário – Mostra Semana Cosme na Cinemateca
Assinar:
Postagens (Atom)
"Livre-pensar é só pensar" Millor Fernandes
Atalho do Facebook
www.tudoporamoraocinema.com.br
- AURÉLIO MICHILES
- Nasceu em Manaus-AM. Cursou o Instituto de Artes e Arquitetura-UnB(73). Artes Cênicas - Parque Lage,RJ(77/78). Trabalha há mais de vinte anos em projetos autorais,dirigindo filmes documentários:"SEGREDOS DO PUTUMAYO" 2020 (em processo); "Tudo Por Amor Ao Cinema" (2014),"O Cineasta da Selva"(97),"Via Látex, brasiliensis"(2013), "Encontro dos Sabores-no Rio Negro"(08),"Higienópolis"(06),"Que Viva Glauber!"(91),"Guaraná, Olho de Gente"(82),"A Arvore da Fortuna"(92),"A Agonia do Mogno" (92), "Lina Bo Bardi"(93),"Davi contra Golias"(94), "O Brasil Grande e os Índios Gigantes"(95),"O Sangue da Terra"(83),"Arquitetura do Lugar"(2000),"Teatro Amazonas"(02),"Gráfica Utópica"(03), "O Sangue da Terra" (1983/84), "Guaraná, Olho de Gente" (1981-1982), "Via Láctea, Dialética - do Terceiro Mundo Para o Terceiro Milênio" (1981) entre outros. Saiba mais: "O Cinema da Retomada", Lucia Nagib-Editora 34, 2002. "Memórias Inapagáveis - Um olhar histórico no Acervo Videobrasil/ Unerasable Memories - A historic Look at the Videobrasil Collection"- Org.: Agustín Pérez Rubío. Ed. Sesc São Paulo: Videobrasil, SP, 2014, pág.: 140-151 by Cristiana Tejo.