Nelson Pereira dos Santos (1928-2018) nos deixou um generoso rio Amazonas de influências, a sua filmografia é referência para o nosso cinema e ao mesmo tempo que o coloca entre os grandes cineastas do cinema mundial.
Pessoalmente o filme "COMO ERA GOSTOSO O MEU FRANCÊS"(1971) me tocou de uma maneira irremediável, foi uma resposta para os questionamentos sobre o qual vínhamos refletindo naqueles tempos de "Antopofagismo Tropicalista", da descoberta de um Brasil ao avesso, um país amordaçado, mas insistindo em se inserir na "aldeia global", na irreverência dos jovens por uma sociedade alternativa aonde o sentimento tribal do paz e amor fosse uma realidade.
Algo como exercer a violência sem perder a ternura, jamais. Lembram? Como no ironico e terno diálogo entre "Seboipepe" (Ana Maria Magalhães) e o "Francês" (Arduino Colasanti):
Seboipepe: "- Chorarás?"
Francês: "- E tu?"
Seboipepe "- Sim, ficarei triste."
Francês "- Mas logo me comerás."
"- Que devo fazer durante a festa?"
Seboipepe "- Mostrar que és valente."
O filme aonde os atores /atrizes tinham de ficar despidos durante toda a produção, conseguiram alcançar um nível de espontaneidade plausível sobre os índios brasileiros, sem constrangimentos. Tudo isso em 1971 quando a ditadura alcançou níveis de violência implacável contra os seus opositores. O medo e a paranóia era uma permanência no cotidiano dos brasileiros. Nelson Pereira dos Santos conseguiu realizar essa obra prima: COMO ERA GOSTOSO O MEU FRANCÊS😎😎😎
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