sexta-feira, 21 de novembro de 2014

TEATRO AMAZONAS - um filme-documentário de Aurélio Michiles

Uma das imagens mais presentes na minha memória é sem dúvida o TEATRO AMAZONAS (1896). Nasci e cresci diante da sua majestosa presença física. Foi obra do governador EDUARDO RIBEIRO (1862-1900), negro, maranhense, filho duma escrava com um português. 

Eduardo Ribeiro foi uma pessoa excepcional, ainda, antes dos 20 já participava da editoria do jornal "O Pensador" de tendência subversiva a moral da sua época - escancarava a intolerância maranhense com o preconceito racial e aos abusos eclesiásticos.Tinha amigos influentes, um deles, o escritor de "O Mulato"- Aluisio Azevedo (1857-1913) tornou-se diplomata. 

Em 1890, quando foi nomeado para integrar a alta administração do Estado, já era uma figura conhecida dos grupos de movimentos republicanos e de grande dedicação à causa. A sua capacidade de liderança levou imediatamente a sua nomeação para o cargo de professor da Escola Superior de Guerra. Nesta época integrava o restrito grupo dos discípulos do positivista Benjamin Constant. Punido por suas idéias anti-monarquistas foi enviado para a longínqua Manaus. Chegou na hora certa. Logo depois da proclamação da república tornou-se Governador do Estado, e encontrou os cofres abarrotado de recursos provenientes da Economia da Borracha. 

Colocou em prática suas ideias laicas e republicanas. Criou a primeira rede de ensino público gratuito. Um sistema de tratamento de águas e esgotos. Urbanizou Manaus e mandou edificar palácios que simbolizassem o arrojo republicano. O TEATRO AMAZONAS é a sua mais palpável metáfora. 

A sua cúpula verde e amarela ostenta a Bandeira do Brasil hasteada 24 horas. 

O meu incômodo, desde menino, acontecia todas as vezes que tinha oportunidade em visitar o panteão dos governadores no "Palácio Rio Negro"- sede do governo. Ali estava o governador Eduardo Ribeiro, mas a sua foto havia sido maquiada para esconder a sua negritude. Finalmente, em 2002, consegui realizar um filme-doc "TEATRO AMAZONAS", convidei o músico Jair Oliveira para interpretar o excepcional governador EDUARDO RIBEIRO, assassinado aos 38 anos de idade. 

Numa conspiração da elite amazonense - da época, que pretendia tira-lo de cena para sempre. Não conseguiram.


Ficha Técnica
TEATRO AMAZONAS, 54' - 2002
Direção: Aurélio Michiles, Rot.: Júlio Rodrigues e Aurélio Michiles, Narração: PAULO AUTRAN, Participação Especial: JAIR OLIVEIRA (Eduardo Ribeiro), Música Original: Caito Marcondes, Prod. Áurea Gil e Thaís Canjani. Dir. Fotografia: Marcelo Coutinho. Depoimentos: Milton Hatoum, Thiago de Mello, Ana Lúcia Abrahim, Jussara Derenji, Mário Ypiranga Monteiro e Otoni Mesquita.


quarta-feira, 12 de novembro de 2014

LINA BO BARDI - o filme. FAU-UnB

    facebook.com/linabobardiofilme


"BRASÍLIA É UMA DAS MAIS LINDAS CIDADES QUE CONHEÇO. SEM ESSA CAPITAL, O BRASIL NÃO SERIA O BRASIL DE HOJE, MAS UMA REPUBLIQUETA DA AMÉRICA LATINA. GOSTO MUITO DE BRASÍLIA. É BELÍSSIMA." Lina Bo Bardi, 1991.


Brasília, 13 novembro, as 19h00 - Auditório FAU-UnB.
Exibição doc "LINA BO BARDI"
Com posterior bate-papo com o diretor Aurélio Michiles
Em comemoração ao centenário da arquiteta brasileira por escolha.


PS. Estarei, depois de 4 décadas, retornando ao lugar aonde estudei e aprendi muito daquilo que sei. 

    Muita Emoção. Obrigado Eduardo Rossetti e Silvia Ficher.


sábado, 1 de novembro de 2014

" - A CULPA É DA AMAZÔNIA!" "- SANTA IGNORÂNCIA, BATMAM!"


Estou pasmo com a reação de algumas pessoas a minha opinião contra o "dedo-em-riste": "A Culpa é da Amazônia!" , "A seca do sudeste é culpa da Amazônia!" 

Isto é mais uma falácia que sempre fez da Amazônia vitima de panacéias. 

Logo no séc.XVI a Amazônia foi chamada de "El-Dorado"...Depois vieram muitas outras "inferno" ou "paraíso" e até o mesmo "pulmão do mundo".  

Não aceito esse dedo em riste. Não existe uma só causa, apesar dos efeitos serem generalizados, afinal habitamos numa mesma morada: O Planeta Terra. 

Para compreendermos a estiagem do sudeste, sobretudo em São Paulo, é preciso levar em consideração como se deu o tal "desenvolvimento, industrial e agro-industrial" de São Paulo, né mesmo? Devastando sem dó e piedade, desrespeitando a paisagem aquática, com radical irresponsabilidade com o potencial hídrico, e, apenas o hiper-lucro como objetivo, sem quase nenhum investimento compensatório sócio-ambiental. 

É essa a realidade. Basta olhar para a ocupação urbana da cidade cercada por dois principais e importantes rios (Tietê/Pinheiros) relegados a esgotos.

Será que ninguém ainda viu a situação de ladrilhamento das cidades brasileiras? 
Será que ninguém consegue ficar chocado com a extinção aos olhos vistos do "cerrado" dando lugar as plantações de soja? 
Será que ninguém consegue ver a extinção da floresta dos pinhais? 

Ora, depois de devastarem impiedosamente a Mata Atlântica durante 514 anos, restando apenas míseros 8%...Agora a culpa é da Amazônia? Considero essa tese uma irresponsabilidade. 

VAMOS FAZER A LIÇÃO DE CASA. CADA UM CUIDA DO SEU BIOMA, ASSIM NINGUÉM CULPA NINGUÉM, NEM O VIZINHO.

"- A Culpa é da Amazônia!"
"- Santa Ignorância, Batman!" 

"Livre-pensar é só pensar" Millor Fernandes

www.tudoporamoraocinema.com.br

Minha foto
Nasceu em Manaus-AM. Cursou o Instituto de Artes e Arquitetura-UnB(73). Artes Cênicas - Parque Lage,RJ(77/78). Trabalha há mais de vinte anos em projetos autorais,dirigindo filmes documentários:"SEGREDOS DO PUTUMAYO" 2020 (em processo); "Tudo Por Amor Ao Cinema" (2014),"O Cineasta da Selva"(97),"Via Látex, brasiliensis"(2013), "Encontro dos Sabores-no Rio Negro"(08),"Higienópolis"(06),"Que Viva Glauber!"(91),"Guaraná, Olho de Gente"(82),"A Arvore da Fortuna"(92),"A Agonia do Mogno" (92), "Lina Bo Bardi"(93),"Davi contra Golias"(94), "O Brasil Grande e os Índios Gigantes"(95),"O Sangue da Terra"(83),"Arquitetura do Lugar"(2000),"Teatro Amazonas"(02),"Gráfica Utópica"(03), "O Sangue da Terra" (1983/84), "Guaraná, Olho de Gente" (1981-1982), "Via Láctea, Dialética - do Terceiro Mundo Para o Terceiro Milênio" (1981) entre outros. Saiba mais: "O Cinema da Retomada", Lucia Nagib-Editora 34, 2002. "Memórias Inapagáveis - Um olhar histórico no Acervo Videobrasil/ Unerasable Memories - A historic Look at the Videobrasil Collection"- Org.: Agustín Pérez Rubío. Ed. Sesc São Paulo: Videobrasil, SP, 2014, pág.: 140-151 by Cristiana Tejo.