terça-feira, 26 de maio de 2020

TEMPOS SOMBRIOS


"Eu vivo em tempos sombrios/Um gesto sem malícia é sinal de estupidez,/ Uma testa sem rugas é sinal de indiferença./Aquele que ainda não ri é porque ainda não recebeu a terrível notícia."

Bertold Brecht



sábado, 23 de maio de 2020

"DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA" - A HIPOCRISIA DE SEMPRE


PALAVRÕES..."Nomes-feios", "palavras de baixo-calão"...Era assim denominado o linguajar proibido nas conversas entre as pessoas que se queriam respeitar. E era assim na minha casa. 

Em 1967, ainda vivia em Manaus longe dos acontecimentos que marcaram o tempo da ditadura 64...Estou pensando na peça teatral "Navalha na Carne" de Plínio Marcos, deu muito o que falar. 

A diva Tônia Carrero resolveu interpretar o papel de uma prostituta (Norma Suely), os palavrões corriam soltos entre os personagens Vado (Nelson Xavier) e Veludo (Emiliano Queiroz), sob a direção do genial Fauzi Arap. Escândalo! 

A censura Federal considerou que aquela peça era um "amontoado de palavrões" (sic). Os personagens realmente falavam palavrões aos borbotões: "Puta-velha", "nojenta", perebenta", "porca", "viado" e da-lhe censura para proteger a "família e os bons costumes". 

O elenco, segundo as memórias do ator Emiliano Queiroz ("Na Sobremesa da Vida"- Maria Letícia) viviam em sobreaviso, ameaças de invasão, porradas e agressões por parte dos grupos paramilitares (CCC-comando de caça aos comunistas). 

Ainda hoje? Como uma diferença, os palavrões, palavras de baixo-calão saem aos borbotões da boca do presidente da república com todo o desrespeito que lhe é peculiar e ao lado disso uma narrativa em defesa de "Deus, Pátria, Família"(sic) - a mesma hipocrisia de sempre para engabelar os bobos.

quinta-feira, 21 de maio de 2020

JOSÉ GASPAR - LUZ, CÂMERA, AÇÅO CINECLUBISTAS


Cinéfilos, maníacos pelo cinema, a nossa vida é um filme exibido 24 horas...

Perdemos José Gaspar, 83, para o COVID-19, mais uma vítima. 


Gaspar, dedicou a sua vida para o cinema, foi fundador de vários cineclubes que tocaram os corações e mentes de muitos manauaras, entre eles, posso me incluir com muito orgulho. 

O meu filme "Tudo Por Amor Ao Cinema" foi também em sua homenagem. 

Naquele final dos anos 60, morava uns poucos metros da Biblioteca Pública e ali, no segundo andar, funcionava o cineclube. Foi ali que descobri Fellini - "Os Boas Vidas", Bergman - "Morangos Silvestres", Billy Wilder - "Crepúsculo dos Deuses", Orson Welles -"A Marca da Maldade", Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, Ruy Guerra, Humberto Mauro & tantos debates pós sessão, aonde se destrinchava a obra dos deuses do cinema. 

Muito aprendi através daquelas sessões ou dos artigos publicados na revista "Cinéfilo" editado pelo Gaspar. Ele que tinha paixão pelo filme "Bambi" (1942) "é um filme que tem tudo, comédia, drama, tragédia", gostava de dizer. Adorava os documentários do holandês Bert Haanstra (1916-1997), sobretudo "Mirror of Holland" (1951). Tinha orgulho de ter entrevistado Jean-Paul Sartre e Simone Beauvoir quando da passagem por Manaus (1962) ou da sua visita a Humberto Mauro, hospedado na casa do próprio. 

A morte de José Gaspar nos deixa a sensação de uma enorme perda. O cinema como a vida, continuam. 

Obrigado por tudo, querido amigo.

domingo, 17 de maio de 2020

CORTE DE CABELOS NA PANDEMIA


O primeiro corte-pandemia ninguém esquece...  

“Ah, che vivere, che bel piacere  /
per un barbiere di qualita.” 

Barbeiro de Sevilla-Rossini.

CINEMATECA BRASILEIRA PEDE SOCORRO



"A Cinemateca Brasileira, maior arquivo de filme do país, cuja trajetória é reconhecida internacionalmente, enfrenta uma situação limite. Em meados de maio não recebeu ainda nenhuma parcela do orçamento anual, cujo montante é da ordem de R$ 12 milhões." (..) 

"Se a indiferença com o futuro do patrimônio audiovisual brasileiro persistir, as consequências serão ainda mais graves. Sem cuidados dos técnicos e as condições de conservação todo o acervo se deteriorará de modo irreversível."

"Neste caso, quando chegar o socorro de Brasilia, as imagens do nosso passado terão se tornado espectros de nossa falência como nação."

quarta-feira, 13 de maio de 2020

A FALÁCIA DO 13 DE MAIO-ONTEM & HOJE


Aquela patética reunião com empresários quando o nauseabundo presidente pediu para "jogar pesado" contra governadores e prefeitos, justamente no dia em que o Brasil enterrava mais de 14 mil brasileiros - Dia 13 maio, data relacionada a "abolição" da escravatura, nos fez lembrar dos bastidores quando se exigia extinguir a sórdida acumulação de riqueza baseada no trabalho escravo. 


O Brasil daquela época, era o único país que ainda mantinha em vigor essa exploração do trabalho que durante 350 anos trouxe na marra e na porrada 5 milhões africanos. 

Os fazendeiros paulistas não aceitavam a abolição e exigiam caso fosse promulgada essa lei, eles, os senhores de escravos fossem indenizados. Fodam-se os 723 mil trabalhadores ainda mantidos sob escravidão, eles que fossem abandonados à própria sorte. 


Estava em discussão também no senado do império, em 1888, a criação de bancos rurais , que no entendimento do então senador Pedro Leão Velloso:

“a proposta sobre bancos agrícola apresentada pelo governo, sustenta que há nessa proposta de projecto de indemnização disfarçada; donde concluo que existe como que um accórdo em reconhecer que é justo, por meio de auxilio à lavoura, atenuar os males que lhe causou a lei de 13 de maio."

Cínicos e hipócritas.


sábado, 9 de maio de 2020

LITTLE RICHARD, OS CORPOS EM TRANSE


Little Richard  (87 anos) mais do que nunca virou um eterno astro na constelação da vida. 


Compôs TUTTI FRUTTI - o hino do rock e também "Lucille", "Baby Face", "Boo Hoo Hoo Hoo", "Good Golly Miss Molly" e uma porrada de músicas que fizeram os corpos se libertarem da indiferença diante do ritmo dançante, rebolante...Depois e com ele entramos em Transe.

segunda-feira, 4 de maio de 2020

OS MENDIGOS, UM FILME DE FLAVIO MIGLIACCIO



Mais uma perda para a cultura brasileira... 

Flávio Migliaccio, ator de vários personagens que marcaram o nosso imaginário. 


Não poderia deixar de lembrar de um filme quase esquecido e que tive a sorte de um dia assistir no cine clube em Manaus: "OS MENDIGOS". Flávio Migliaccio fez quase tudo, escreveu o argumento, o roteiro, montou, dirigiu e atuou junto com um elenco da pesada. 

Até hoje não sei dizer do que se trata o filme, mas recordo que gostei e me diverti bastante, foi uma das primeiras descobertas do cinema brasileiro anos 60.

O BRAZIL NÃO CONHECE O BRASIL


"Galos de Briga" (João Bosco e Aldir Blanc) um dos mais importantes discos da música brasileira. 
Siga em paz, poeta. Aldir Blanc R.I.P.



sexta-feira, 1 de maio de 2020

1900 , UM FILME DE BERNARDO BERTOLUCCI


1º Maio...
Uma data com significado de lutas. 


Uma dia para assistir ao filme "Novecento" (1976) de Bernardo Bertolucci. Música de Ennio Morricone e Elenco da pesada: Robert De Niro, Gerard Depardieu, Donald Sutherland, Burt Lancaster, Dominique Sanda, Stefanie Sandrelli e Alida Valli.

O personagem "Átila", interpretado por Donald Sutherland, é abominável, ele expressa a sordidez do fascismo. Muitos deles ainda se encontram convivendo entre nós, ameaçando a democracia.

"Livre-pensar é só pensar" Millor Fernandes

www.tudoporamoraocinema.com.br

Minha foto
Nasceu em Manaus-AM. Cursou o Instituto de Artes e Arquitetura-UnB(73). Artes Cênicas - Parque Lage,RJ(77/78). Trabalha há mais de vinte anos em projetos autorais,dirigindo filmes documentários:"SEGREDOS DO PUTUMAYO" 2020 (em processo); "Tudo Por Amor Ao Cinema" (2014),"O Cineasta da Selva"(97),"Via Látex, brasiliensis"(2013), "Encontro dos Sabores-no Rio Negro"(08),"Higienópolis"(06),"Que Viva Glauber!"(91),"Guaraná, Olho de Gente"(82),"A Arvore da Fortuna"(92),"A Agonia do Mogno" (92), "Lina Bo Bardi"(93),"Davi contra Golias"(94), "O Brasil Grande e os Índios Gigantes"(95),"O Sangue da Terra"(83),"Arquitetura do Lugar"(2000),"Teatro Amazonas"(02),"Gráfica Utópica"(03), "O Sangue da Terra" (1983/84), "Guaraná, Olho de Gente" (1981-1982), "Via Láctea, Dialética - do Terceiro Mundo Para o Terceiro Milênio" (1981) entre outros. Saiba mais: "O Cinema da Retomada", Lucia Nagib-Editora 34, 2002. "Memórias Inapagáveis - Um olhar histórico no Acervo Videobrasil/ Unerasable Memories - A historic Look at the Videobrasil Collection"- Org.: Agustín Pérez Rubío. Ed. Sesc São Paulo: Videobrasil, SP, 2014, pág.: 140-151 by Cristiana Tejo.