domingo, 19 de setembro de 2021

PAULO FREIRE (1921-1997,) UM PROFESSOR LIBERTÁRIO

 


Aurélio Michiles e Paulo Freire


Escola da Vila. Anos 80. Palestra Paulo Freire.

O professor, o mestre me fez lembrar o livro escolar adotado nas escolas de Manaus onde aprendíamos as primeiras leituras. 

O livro tinha o personagem "Pedrinho". Ele mudava de casa. O bairro tinha uma ambientação sem nenhuma referência para nós. Tampouco suas experiências da nossa vida cotidiana: Inverno, Verão, Primavera e Outono. Culinária, flora, fauna, frutos, frio, neve... inimagináveis. Nada de cupuaçu, tambaqui ou umidade, calor amazônico. 

Eu e o meu amigo Narciso, tirávamos sarro disso tudo. Não sabíamos, já existia um professor que propunha uma educação em diálogo permanente, diretamente com o imaginário do aluno. Ele era Paulo Freire, hoje completa 100 anos, foi exilado pela Ditadura 64, justamente porque em 1962, Angicos, Rio Grande do Norte, em 40 horas alfabetizou 380 trabalhadores rurais. 

Isso foi considerado um crime, uma traição que a elite retrógrada e refratária não engole até hoje. 

VIVA PAULO FREIRE!

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

JEAN-PAUL BELMONDO, O HOMEM DO RIO

 


Jean-Paul Belmodo (1933-2021) esteve em Manaus em 1962 filmando "L'Homme de Rio" de Philippe Broca, um dos maiores sucessos de bilheteria da historia cinema francês. 

Com locações em Paris, Rio de Janeiro (cenas filmadas no Museu de Arte Moderna), Brasilia (ainda em construção) e Manaus (Cidade Flutuante). 

Belmondo, ele já havia arrebatado fãs com seu carisma ao interpretar com uma imensa naturalidade o ladrão de carros no filme "À Bout de Souffle" (Acossado, 1959) de Jean-Luc Godard. Mesmo assim a sua presença em Manaus não despertou muita curiosidade. 

Ainda criança tive a oportunidade de encontra-lo. Foi um encontro bizarro. Meu pai era proprietário de um bar em Manaus, chamava-se "Aristocrata Bar", localizava-se num lugar privilegiado, onde se encontravam os boêmios (magistrados, religiosos, intelectuais e artistas). Não faço ideia, mas Belmondo junto com um grupo de pessoas fez presença e pediu uma "caipirinha". Tomou uma, duas e na terceira ele jogou o copo que espatifou-se numa árvore (mangueira) que ficava em frente ao bar. Falava alto e como era francês poucos ali conseguiram entender exatamente o que falava. 

A "Cidade Flutuante" era uma cidade que boiava em frente à Manaus, apesar de gerar uma economia permanente, o comércio ficava aberto 24 horas, mesmo assim, a sua paisagem incomodava, para muitos da elite amazonense aquilo era uma excrescência, pior, um amoralidade, lugar de prostitutas, rufiões entre outros marginais. 

Quando do golpe de 1964, a primeira coisa que os militares fizeram foi amarrar com correntes puxados por tratores e balsas aquelas construções flutuantes para destrui-las. Foi o fim da Cidade Flutuante. 

Felizmente ela continua existindo para sempre no filme "O Homem do Rio" e que tem como astro Jean-Paul Belmondo, Françoise Dorleac e com participação dos brasileiros Milton Ribeiro (O Cangaceiro), Zé Keti (sambista), Annik Malvin e Adolfo Celi (ator italiano que viveu no Brasil muitos anos). Uma curiosidade para lembrar, uma das roteiristas ( indicado ao Oscar Melhor Roteiro) leva a assinatura de Ariane Mnouchkine ( fundadora do Théâtre du Soleil em Paris).

"Livre-pensar é só pensar" Millor Fernandes

www.tudoporamoraocinema.com.br

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Nasceu em Manaus-AM. Cursou o Instituto de Artes e Arquitetura-UnB(73). Artes Cênicas - Parque Lage,RJ(77/78). Trabalha há mais de vinte anos em projetos autorais,dirigindo filmes documentários:"SEGREDOS DO PUTUMAYO" 2020 (em processo); "Tudo Por Amor Ao Cinema" (2014),"O Cineasta da Selva"(97),"Via Látex, brasiliensis"(2013), "Encontro dos Sabores-no Rio Negro"(08),"Higienópolis"(06),"Que Viva Glauber!"(91),"Guaraná, Olho de Gente"(82),"A Arvore da Fortuna"(92),"A Agonia do Mogno" (92), "Lina Bo Bardi"(93),"Davi contra Golias"(94), "O Brasil Grande e os Índios Gigantes"(95),"O Sangue da Terra"(83),"Arquitetura do Lugar"(2000),"Teatro Amazonas"(02),"Gráfica Utópica"(03), "O Sangue da Terra" (1983/84), "Guaraná, Olho de Gente" (1981-1982), "Via Láctea, Dialética - do Terceiro Mundo Para o Terceiro Milênio" (1981) entre outros. Saiba mais: "O Cinema da Retomada", Lucia Nagib-Editora 34, 2002. "Memórias Inapagáveis - Um olhar histórico no Acervo Videobrasil/ Unerasable Memories - A historic Look at the Videobrasil Collection"- Org.: Agustín Pérez Rubío. Ed. Sesc São Paulo: Videobrasil, SP, 2014, pág.: 140-151 by Cristiana Tejo.