sábado, 23 de maio de 2020

"DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA" - A HIPOCRISIA DE SEMPRE


PALAVRÕES..."Nomes-feios", "palavras de baixo-calão"...Era assim denominado o linguajar proibido nas conversas entre as pessoas que se queriam respeitar. E era assim na minha casa. 

Em 1967, ainda vivia em Manaus longe dos acontecimentos que marcaram o tempo da ditadura 64...Estou pensando na peça teatral "Navalha na Carne" de Plínio Marcos, deu muito o que falar. 

A diva Tônia Carrero resolveu interpretar o papel de uma prostituta (Norma Suely), os palavrões corriam soltos entre os personagens Vado (Nelson Xavier) e Veludo (Emiliano Queiroz), sob a direção do genial Fauzi Arap. Escândalo! 

A censura Federal considerou que aquela peça era um "amontoado de palavrões" (sic). Os personagens realmente falavam palavrões aos borbotões: "Puta-velha", "nojenta", perebenta", "porca", "viado" e da-lhe censura para proteger a "família e os bons costumes". 

O elenco, segundo as memórias do ator Emiliano Queiroz ("Na Sobremesa da Vida"- Maria Letícia) viviam em sobreaviso, ameaças de invasão, porradas e agressões por parte dos grupos paramilitares (CCC-comando de caça aos comunistas). 

Ainda hoje? Como uma diferença, os palavrões, palavras de baixo-calão saem aos borbotões da boca do presidente da república com todo o desrespeito que lhe é peculiar e ao lado disso uma narrativa em defesa de "Deus, Pátria, Família"(sic) - a mesma hipocrisia de sempre para engabelar os bobos.

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"Livre-pensar é só pensar" Millor Fernandes

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Nasceu em Manaus-AM. Cursou o Instituto de Artes e Arquitetura-UnB(73). Artes Cênicas - Parque Lage,RJ(77/78). Trabalha há mais de vinte anos em projetos autorais,dirigindo filmes documentários:"SEGREDOS DO PUTUMAYO" 2020 (em processo); "Tudo Por Amor Ao Cinema" (2014),"O Cineasta da Selva"(97),"Via Látex, brasiliensis"(2013), "Encontro dos Sabores-no Rio Negro"(08),"Higienópolis"(06),"Que Viva Glauber!"(91),"Guaraná, Olho de Gente"(82),"A Arvore da Fortuna"(92),"A Agonia do Mogno" (92), "Lina Bo Bardi"(93),"Davi contra Golias"(94), "O Brasil Grande e os Índios Gigantes"(95),"O Sangue da Terra"(83),"Arquitetura do Lugar"(2000),"Teatro Amazonas"(02),"Gráfica Utópica"(03), "O Sangue da Terra" (1983/84), "Guaraná, Olho de Gente" (1981-1982), "Via Láctea, Dialética - do Terceiro Mundo Para o Terceiro Milênio" (1981) entre outros. Saiba mais: "O Cinema da Retomada", Lucia Nagib-Editora 34, 2002. "Memórias Inapagáveis - Um olhar histórico no Acervo Videobrasil/ Unerasable Memories - A historic Look at the Videobrasil Collection"- Org.: Agustín Pérez Rubío. Ed. Sesc São Paulo: Videobrasil, SP, 2014, pág.: 140-151 by Cristiana Tejo.