quarta-feira, 24 de junho de 2009

SARNEY, GLAUBER ROCHA, FRANK CAPRA


A guerra dos bastidores no senado federal não está para neófitos, às cartas estão mais que embaralhadas, muitas delas encontram-se escondidas nas mangas dos adversários (?). O cenário desta luta renhida é para iniciados, temos que procurar os significados nas entrelinhas, na movimentação dos personagens.

Coisas de filme de suspense (policial?), o país assiste indignado e perplexo, mas por que, se os personagens são mais do quê conhecidos, figurinhas carimbadas.
Os tentáculos destes senhores, mas, sobretudo do eterno militante político José Sarney, ele fez carreira desde a vereança até a presidência da republica, tem seus filhos como personagens políticos, inclusive a sua filha Roseana Sarney chegou a ter excelentes índices para disputar a presidência da republica.

O pai quando presidente da republica deixou o cargo sob vaias e desdém da população brasileira, mesmo assim permaneceu na cena principal da política nacional. Homem de letras, acadêmico imortal, autor de vários romances inclusive aquele com que se costuma fazer piadas,
“O dono do mar”... anhão. Haja visto pelos tentáculos da sua influencia na vida política nacional, ele é mesmo um senhor feudal, um proprietário duma sesmaria, duma capitania hereditária chamada Bra-sil.

E ele não é único, está intimamente acompanhado por outros personagens igualmente praticantes de delitos contra a administração publica e ao voto de confiança do povo brasileiro.


Esses escândalos políticos, econômicos e administrativos (muitas vezes pessoais) não podemos restringi-los à Brasília, eles se iniciam em seus redutos aonde acumulam influencia dos votos e por eles alcançam o cenário federal, ali, estes fatos descarados não chegam ameaçar o domínio do seu poder.


MARANHÃO 66


Em 1966, Glauber Rocha foi a Manaus, onde realizou um documentário institucional o qual denominou “Amazonas,Amazonas” e, em seguida à convite do governador recém-eleito do Maranhão, filmou a sua posse, esse promissor político, já tinha deixado a sua marca de neófito articulador do grupo udenista que militou para desqualificar e derrubar o presidente João Goulart sob um golpe de estado (1964), aquele governador era José Sarney e o documentário da sua posse chama-se “Maranhão 66”, no qual enquanto o eleito discursa, Glauber monta com cenas chocantes da realidade social daquele estado.


O conhecimento da existência daquele político, o seu discurso populista, fez o cineasta mexer no roteiro do seu filme que até aquele momento chamava-se “O primeiro dia do novo século”, diante das novas revelações veio a se denominar “Terra em Transe” (1967), por incrível que pareça aquele jovem político pouco mudou, senão o aspecto físico, evidentemente mais velho, seus fartos e negros bigodes embranqueceram. Enquanto que o filme “Terra em Transe” permanece atual...


Numa sinopse:
A vida pessoal e política do maranhense José Sarney é o retrato da realidade política e social brasileira que deve mudar, uma erva daninha a ser arrancada pela raiz.
Atenção ele não é um fenômeno isolado, outros “sarneys” pululam país afora e fazem do Brasil uma esquizofrênica fronteira entre o atraso e a dinâmica das transformações que necessitamos.


FRANK CAPRA

E por falar em cinema, não deixem de assistir “A mulher faz o homem” (Mr. Smith Goes to Washington - 1939), um filme de Frank Capra, aqui com certeza ele cutuca os meandros e os arranjos de um sistema sob o poder de personagens como os “sarneys”, para a nossa indignação.



NOTA


A Mulher Faz o Homem (Mr. Smith Goes to Washington), 1939, EUA. Dir.: Frank Capra/ Elenco: James Stewart, Jean Arthur, Claude Rains, Edward Arnold.

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"Livre-pensar é só pensar" Millor Fernandes

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Nasceu em Manaus-AM. Cursou o Instituto de Artes e Arquitetura-UnB(73). Artes Cênicas - Parque Lage,RJ(77/78). Trabalha há mais de vinte anos em projetos autorais,dirigindo filmes documentários:"SEGREDOS DO PUTUMAYO" 2020 (em processo); "Tudo Por Amor Ao Cinema" (2014),"O Cineasta da Selva"(97),"Via Látex, brasiliensis"(2013), "Encontro dos Sabores-no Rio Negro"(08),"Higienópolis"(06),"Que Viva Glauber!"(91),"Guaraná, Olho de Gente"(82),"A Arvore da Fortuna"(92),"A Agonia do Mogno" (92), "Lina Bo Bardi"(93),"Davi contra Golias"(94), "O Brasil Grande e os Índios Gigantes"(95),"O Sangue da Terra"(83),"Arquitetura do Lugar"(2000),"Teatro Amazonas"(02),"Gráfica Utópica"(03), "O Sangue da Terra" (1983/84), "Guaraná, Olho de Gente" (1981-1982), "Via Láctea, Dialética - do Terceiro Mundo Para o Terceiro Milênio" (1981) entre outros. Saiba mais: "O Cinema da Retomada", Lucia Nagib-Editora 34, 2002. "Memórias Inapagáveis - Um olhar histórico no Acervo Videobrasil/ Unerasable Memories - A historic Look at the Videobrasil Collection"- Org.: Agustín Pérez Rubío. Ed. Sesc São Paulo: Videobrasil, SP, 2014, pág.: 140-151 by Cristiana Tejo.