domingo, 7 de abril de 2013

Juca Filho - Dabacuri 1982


      http://youtu.be/DgepVKRKqwo
                                     (Para ouvir clic no link/título)



       JUCA FILHO quando gravou o seu primeiro disco ("Juca Filho e... amigos músicos"), selecionou a música "Dabacuri" (Zé Renato - Aurélio Michiles), a qual descobri um dia desses fuçando no Youtube. E, ela tem uma história.

       Entre os anos 1976-1978 quando estudava Artes Cênicas na Escola de Artes Visuais-Parque Lage, conheci muita gente bacana, entre elas estava ZÉ RENATO (Boca Livre), naquela época todos nós estávamos disponíveis em busca de alguma visibilidade para os nossos trabalhos. E, foi quando escrevi um texto-dramático (na verdade era para ser um roteiro de um filme) sobre os índios brasileiros: 
"SUPYSÁUA. ÍNDIO AINDA ÍNDIO" 

      
         Nesta oportunidade Zé Renato  e eu fizemos várias composições, e, uma delas é esta, as outras continuam inéditas, mas "DABACURI" foi o canto que escolhemos para celebrar a manifestação "S.O.S. MAM" (1978), um desagravo contra o incêndio que destruiu o acervo. 

         O diretor da Escola de Artes Visuais-Parque Lage, o artista plástico Rubens Gerchman, convidou-me para organizar uma encenação com os alunos: Abaixo republico uma parte do post publicado aqui neste Blog Ceuvagem quando da morte deste talentoso artista brasileiro: 


     "Quando um incêndio (1978) no Museu de Artes Moderna do Rio de Janeiro -MAM, consumiu o seu milionário acervo, logo ficou escancarado a “tragédia” que rondava (e ainda ronda) as instituições culturais no Brasil. Encontrava-se exposta uma retrospectiva da obra do artista uruguaio Joaquín Torres Garcia...tudo virou cinzas. Rubens Gerchman, Mario Pedrosa, Ligia Pape, Zuenir Ventura, Ziraldo, Bibi Ferreira, Roberto Pontual, Ferreira Gullar, Antonio Callado e outras personalidades cariocas criaram o movimento “S.O.S. MAM”.

       O resultado foi uma manifestação popular em que se reuniram mais de três mil pessoas, desafiando as ameaças dos órgãos de repressão da ditadura, foram lidos dois manifestos, um por Ziraldo e o outro pela atriz Bibi Ferreira, neste manifesto fez-se uma relação metafórica com um incêndio na Amazônia (Pará), e que havia sido captado pelos satélites da NASA (noticiado naqueles dias) com o incêndio que consumiu em quarenta minutos o acervo do MAM.
     
     Foi durante este episódio que Gerchman convidou-me para criar e dirigir uma ação coletiva com os alunos do Parque Lage:
Aurélio Michiles, Ademar, Bia Bedran,Camilo, Cláudio Nucci, Evandro Salles, Fernando, Inês, Juca Filho, Luiza, Lucas,Marina, Nícia, Roberto Berliner, Rosana, Sheila, Paulo, Paula Pape,Vicente Barcelos, Zéca, Joelson (percursionista), Zé Renato (violão e voz).
            
           Com a participação das “baianas” das escolas de samba Beija-Flor e Portela e dos alunos da Academia Capoeira Angola de Mestre Morais. Centenas de pessoas carregavam faixas, atravessaram a passarela do Parque do Aterro do Flamengo e concentraram-se na marquise do MAM ao som de surdos e atabaques. 
          
        Em seguida nós, os alunos do Parque Lage, surgindo de vários pontos daquele espaço incinerado, cantávamosTERRA-TERRA (DABACURI)(Zé Renato e Aurélio Michiles), carregando uma faixa com a seguinte palavra: "TRABALHOVIDA"

        Na sequência encenamos a dramatização da obra de Joaquin Torres García – O PEIXE (uma das obras perdidas no incêndio), aonde podia-se ler: 
              
            "ARTINDOAMERICA"

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"Livre-pensar é só pensar" Millor Fernandes

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Nasceu em Manaus-AM. Cursou o Instituto de Artes e Arquitetura-UnB(73). Artes Cênicas - Parque Lage,RJ(77/78). Trabalha há mais de vinte anos em projetos autorais,dirigindo filmes documentários:"SEGREDOS DO PUTUMAYO" 2020 (em processo); "Tudo Por Amor Ao Cinema" (2014),"O Cineasta da Selva"(97),"Via Látex, brasiliensis"(2013), "Encontro dos Sabores-no Rio Negro"(08),"Higienópolis"(06),"Que Viva Glauber!"(91),"Guaraná, Olho de Gente"(82),"A Arvore da Fortuna"(92),"A Agonia do Mogno" (92), "Lina Bo Bardi"(93),"Davi contra Golias"(94), "O Brasil Grande e os Índios Gigantes"(95),"O Sangue da Terra"(83),"Arquitetura do Lugar"(2000),"Teatro Amazonas"(02),"Gráfica Utópica"(03), "O Sangue da Terra" (1983/84), "Guaraná, Olho de Gente" (1981-1982), "Via Láctea, Dialética - do Terceiro Mundo Para o Terceiro Milênio" (1981) entre outros. Saiba mais: "O Cinema da Retomada", Lucia Nagib-Editora 34, 2002. "Memórias Inapagáveis - Um olhar histórico no Acervo Videobrasil/ Unerasable Memories - A historic Look at the Videobrasil Collection"- Org.: Agustín Pérez Rubío. Ed. Sesc São Paulo: Videobrasil, SP, 2014, pág.: 140-151 by Cristiana Tejo.