sábado, 3 de outubro de 2015

CINE GUARANY...By by cinemas de ruas


A Ancine anunciou neste inicio de outubro, a existência de 3 mil salas no Brasil. É uma marca histórica da retomada da rede de exibição no país, ainda carente não somente destas salas formais, mas, sobretudo de espaços alternativos aonde a produção nacional possa ficar ao alcance da curiosidade dos seus potenciais espectadores.

E como o cinema é o retrato da sociedade, as atuais salas, existem na clausura das cidadelas neo-feudais (shopping center). Enquanto que o cinema de rua foi varrido para a memória do século XX.


Em Manaus, guardo na minha memória de infância vários destes cinema, mas o Cine Guarany tem lugar privilegiado na minha (nossa) memória manauara. O 
Guarany fez história, cantada em prosa e verso, virou lenda. É verdade que quando me dei conta, ele já se encontrava rumo à decadência, mas nem por isso deixei de ama-lo. 

A sua história inicia-se com o nome Theatro-Cinema Alcazar...frequentado somente pela elite, depois se transformou no lendário CINE GUARANY e aí se tornou num lugar preferido do povão. Como sempre e ainda mantendo as características originais influenciada pela arquitetura mourisca - como o próprio nome indica, Al-cazar -, localizava-se ao meio de um bosque, um oásis de frescor que oferecia conforto aos usuários: 

"Ventilado Entre Bellos Jardins Arborizados". 

Nas sessões noturnas, na calorenta Manaus, as portas da sala se mantinham abertas e se podia do lado de fora dos seus muros, ouvir os diálogos e tudo mais que a imaginação poderia alcançar sobre um filme.


Finalmente, em 1984, mesmo depois de um grupo de amazonenses mostrarem-se contrários ao desmanche daquele importante legado arquitetônico, o Cine Guarany veio abaixo para dar lugar a uma agência bancária, será que não poderiam adapta-la a uma agencia do Banco Itaú? Não seria uma sofisticação de manutenção e preservação histórica? Sofisticação...era justamente isso que faltou e como canta Caetano Veloso:

"Triste Bahia (Manaus), oh, quão dessemelhante/A ti tocou-te a máquina mercante/Quem tua larga barra tem entrado/A mim vem me trocando e tem trocado/Tanto negócio e tanto negociante."

Nenhum comentário:

"Livre-pensar é só pensar" Millor Fernandes

www.tudoporamoraocinema.com.br

Minha foto
Nasceu em Manaus-AM. Cursou o Instituto de Artes e Arquitetura-UnB(73). Artes Cênicas - Parque Lage,RJ(77/78). Trabalha há mais de vinte anos em projetos autorais,dirigindo filmes documentários:"SEGREDOS DO PUTUMAYO" 2020 (em processo); "Tudo Por Amor Ao Cinema" (2014),"O Cineasta da Selva"(97),"Via Látex, brasiliensis"(2013), "Encontro dos Sabores-no Rio Negro"(08),"Higienópolis"(06),"Que Viva Glauber!"(91),"Guaraná, Olho de Gente"(82),"A Arvore da Fortuna"(92),"A Agonia do Mogno" (92), "Lina Bo Bardi"(93),"Davi contra Golias"(94), "O Brasil Grande e os Índios Gigantes"(95),"O Sangue da Terra"(83),"Arquitetura do Lugar"(2000),"Teatro Amazonas"(02),"Gráfica Utópica"(03), "O Sangue da Terra" (1983/84), "Guaraná, Olho de Gente" (1981-1982), "Via Láctea, Dialética - do Terceiro Mundo Para o Terceiro Milênio" (1981) entre outros. Saiba mais: "O Cinema da Retomada", Lucia Nagib-Editora 34, 2002. "Memórias Inapagáveis - Um olhar histórico no Acervo Videobrasil/ Unerasable Memories - A historic Look at the Videobrasil Collection"- Org.: Agustín Pérez Rubío. Ed. Sesc São Paulo: Videobrasil, SP, 2014, pág.: 140-151 by Cristiana Tejo.