O filme-documentário "Jia Zhang-ke, um homem de Fenyang" de Walter Salles, justifica a sua realização pelo simples fato de tornar público a trajetória de um jovem cineasta chinês. Mas, ele é muito mais, justamente por que a dimensão do humanismo contagiante de Jia Zhang-ke coloca a nu esta dualidade entre "nós"(coletivo) e o "eu" (individual)...
Enquanto o mundo capitalista oxigena até nos matar sufocados pela expressão individualista, narcísica do Eu...O mundo comunista oxigena o coletivo para sufocar a individualidade.
Os dois estão errados, todos nós queremos luz própria.
Uma das cenas que mais me sensibilizaram é aquela quando Zhang-ke, narra que o pai o levava para passear até as muralhas (Muralha da China), e quando lá chegavam, ele ficava comovido...em silêncio. Somente tempos depois que ele compreendeu aquela cerimoniosa e silenciosa comoção do seu pai. Ele via o horizonte depois das muralhas como a própria liberdade desejada.
Os filmes de Jia Zhang-ke reafirma aquela máxima, “se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia.” (Leon Tolstoi). Só para ficarmos num único exemplo, o seu filme "Um Toque de Pecado", os personagens parecem se encontrar no limite de uma explosão de raiva, ódio e intolerância, mas seria justamente este sentimento do mundo contemporâneo?
A imagem que se encontra nas redes sociais e que tem causado espanto e incredulidade, é a cena de uma mulher loira, uma repórter húngara (Petra László- Canal N1TV), segurando a câmera dando rasteira nos refugiados, mas não somente isso, não foi uma questão de reação em reflexo, mas ela age seguidamente, agiu desta maneira várias vezes, inclusive dá rasteira num pai carregando no colo uma criança e na outra dá outro chute numa menina que corre segurando a mão de um homem.
Este é o Toque de Pecado do Mundo.
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