Assistir ao filme-doc "Torquato Neto - Todas as Horas do Fim" de Eduardo Ades e Marcus Fernando, foi um prazer...numa viagem as intimidades deste poeta que marcou toda a geração que se identificava com a força criativa do Tropicalismo.
O doc consegue com uma rigorosa pesquisa pinçar no acervo pessoal e familiar instantes da sua escrita como dos seus registros de filmes & nos levar ao encontro do poeta.
Torquato Neto, sem dúvida encarnou a dilacerante existência de quem ousava pensar livre-mente ao meio da paranóia e falta de perspectivas imposta pela ditadura. Nós que ainda frequentávamos o colégio, vivíamos um confronto entre multi-escolhas, em debates acaloradas se discutia gostar ou não, optar por este (a) ou aquele (a)...Ironicamente era um tempo que tínhamos uma multidão de geniais artistas: The Beatles ou The Rolling Stones? Yoko Ono ou The Beatles? Jimi Hendrix ou Jimi Page ou Jeff Back ou Eric Clapton? No Brasil...Gilberto Gil, Caetano Veloso ou Chico Buarque? Cinema Novo ou Cinema Marginal? Gal Costa ou Maria Bethania ou Elis Regina? Desbundados ou Caretas?
Existia veredas que nos apontava noutras direções... surpresas, por exemplo - a fleuma da cantora Nara Leão. O apetite era tão enorme, mas tão desmesurada, tampouco se corria o risco de errar, sim, por que qualquer das opções eram simplesmente geniais. E era justamente isso que nos fazia conseguir respirar naquele aflitivo ambiente de repressão.
O poeta Torquato Neto foi açodado por essa agonia, justamente naquele ano aonde a repressão física se mostrava implacável e muitos dos melhores se encontravam no exílio... "Um poeta desfolha a bandeira/E eu me sinto melhor colorido/Pego um jato, viajo, arrebento/Com o roteiro do sexto sentido/Voz do morro, pilão de concreto/Tropicália, bananas ao vento."
Em novembro de 1972, o poeta Torquato Neto (1944-1972), abriu o gás do fogão e partiu, foi logo depois que John Lennon já havia lançado sua música ícone daquele tempo: "GOD" - The Dream is Over/ O Sonho Acabou.
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