LUIS CARLOS BARRETO, O MASCATE DO CINEMA
“... até nas cidades ribeirinhas da Amazônia tem festival de cinema”.
Foi aí que pensei, “hei, Barretão, per’aí, tu estás cuspindo no prato que comestes ou onde desejastes comer...”. Sim, é público e notório que LC Barreto ao longo de sua história produziu muitos filmes de curta e longa metragem. Muitos deles não somente bateram recordes de bilheteria como são reconhecidamente de grande valor cultural, sem duvida com os recursos do governo de vários estados e cidades da Federação Brasileira.
Neste sentido, a desastrada declaração do Barretão não foge a regra daqueles que tentam interpretar o Brasil e a Amazônia buscando argumentos polêmicos hiperbólicos, aliás, não é nenhuma novidade, ainda no início dos anos 50, o consagrado escritor brasileiro Gastão Cruls escreveu um livro (que se tornou referencia bibliográfica) “A Amazônia que eu vi” (2), um detalhe, ele nunca pôs os pés na região, portanto todo o seu relato foi baseado de “orelhada”.
Qual o problema de existir festival/mostras de cinema por todos os recantos deste país continental? Enfrentamos no setor audiovisual uma política de monopólio, cuja prática tem sido da desconstrução, sequer possuímos uma reserva de mercado para a nossa produção (a exemplo de muitos dos nossos vizinhos continentais), a visibilidade do cinema brasileiro para aqueles que o detratam é equipara-lo em bilheteria com os filmes produzidos pelos estúdios norte-americanos (sic).
Coincidentemente o consagrado ator Matheus Nachtergaele, dirigiu o filme "A Festa da Menina Morta" (2008), na cidade ribeirinha de Barcelos, no estado do Amazonas e foi ganhador dos mais importantes prêmios nos festivais do Brasil e no exterior.
Pode-se dizer que existe leis de incentivo (Rouanet e Audiovisual), mas não é o suficiente, a demanda de produtores e realizadores tem aumentado porem a fonte de recursos tem sido as mesmas (BNDES, Petrobras, por exemplo) nestes editais escuta-se cada vez mais o discurso em se patrocinar os projetos que tenha potencial de bilheteria, eufemismo de publico, mas como alcançar o público brasileiro com filme nacional? Eis uma antiga pergunta.
Não é de hoje a prática duma política preconceituosa contra a nossa produção cinematográfica. O fato em termos conseguido essas leis de incentivo à cultura através da renuncia fiscal, foi um salto significativo, mas ainda é pouco.
Necessitamos de uma injeção de auto-estima. Necessitamos de direitos garantidos e proporcionais quanto à distribuição e exibição. Não podemos produzir nossos filmes para depois deixá-los dormindo, como fossem a metáfora do “gigante adormecido em berço esplêndido”.
O CINEMA BRASILEIRO NO SÉCULO DO CINEMA
Ao longo do século do cinema, os cineastas brasileiros mais que demonstraram a sua capacidade de criação e inventividade na área audiovisual. É um cinema formador, influenciou e foi influenciado. Alguns dos nossos cineastas é referência ao cinema nacional e internacional.
Mesmo assim o Cinema Nacional é um realtivo desconhecido do público brasileiro, eis um dos nosso paradoxos.
E aqui, meu caro Barretão, velho mascate, quero afirmar mais uma vez, a minha discordância consigo. Tomara que os festivais e mostras de cinema contaminem feito um vírus o coro dos contentes e se espalhe por todos os recantos, inclusive e principalmente nas cidades ribeirinhas deste país continente, produzindo a secular magia da câmera, luz e ação – pra todos!
(2) A Amazônia que eu vi (Óbidos-Tumucumaque), Gastão Cruls. Companhia Editora Nacional, RJ, 1954
Um comentário:
Muito bem observado Aurelio. Como a era do "venha a mim" esta acabando para ele, resolveu detonar o barco e afundar com ele... Sacripanta.
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