terça-feira, 17 de março de 2009
MADOFF, SARNEY, COLLOR...
As noticias destes últimos tempos fez tremer até os restos mortais do deputado Ulisses Guimarães, onde estiver (debaixo da terra ou debaixo d’água). Um verdadeiro filme de terror, tipo a “volta dos que não foram”.
Sarney cuja carreira de vida e política se confundem. Ele mesmo ao despertar e olhar-se no espelho deve se sentir uma espécie de Dorian Gray da política brasileira. Serviu a todos... Conspirou contra Jango, aliado de primeira hora dos golpistas, fundador da ARENA e do PDS (partidos da Ditadura, como se dizia do “sim, senhor”) de quem foi líder e presidente.
Na eleição para presidente pelo voto indireto, a última antes da redemocratização do país (1985), Sarney era o homem de confiança dos militares na chapa de Tancredo Neves, mas este morreu antes de assumir a presidência, e o lugar foi ocupado pelo vice, José Sarney.
Como presidente foi um desastre, a sua rejeição popular bateu recorde.
Acusado de “corrupto” pelo candidato a presidência da Republica (1989), Fernando Collor de Melo, auto-intitulado “caçador de marajás”, este em campanha política utilizou métodos hediondos para desqualificar seus adversários, em particular a família Sarney e o metalúrgico Luis Inácio LULA da Silva, chegou a levar ao programa de televisão um depoimento gravado pela ex-namorada de LULA e com quem teve uma filha, onde ela acusava-o de te-la pressionada a abortar.
Collor eleito (1989) surrupiou a poupança dos brasileiros.
Em 1992, sob clamor popular de “fora Collor” aprovou-se o impeachment do presidente Fernando Collor de Melo, acusado de ter aviltado a dignidade do cargo. A sua administração viu-se imersa num mar de corrupção deslavada, numa pedagógica e inesquecível explicação de como as elites/marajás se locupletam e lavam o dinheiro que surrupiam dos cofres públicos.
Com os direitos políticos cassado por oito anos, Collor perambulou pelas Alagoas como um fantasma, retornando como senador da republica, justamente no governo daquele que havia humilhado Luis Inácio LULA da Silva, mas que hoje se acalenta numa popularidade que beija o céu da glória.
E aí estão eles, aqueles que se acusavam, hoje, amigos comuns: Sarney, Collor e... Lula.
Sarney, presidente do Senado, Collor, senador, controla a grana graúda do PAC, ambicioso programa governamental de investimento na infraestrutura do país e que pode vir a eleger a candidata dos olhos do presidente LULA.
Toda essa história aconteceu simultaneamente em que o mega financista Bernard Madoff, o ex-presidente da Bolsa eletrônica Nasdaq, morador de uma cobertura avaliada em US$ 7 milhões, em Manhattan, terá como novo lar, no mesmo lugar, mas num endereço diferente, o presídio Metropolitan Correctional Center, uma cela com um pouco mais de cinco metros quadrados, com parede de blocos e uma cama de alvenaria.
Qual o crime de Madoff? Ele se declarou culpado de 11 acusações, entre elas lavagem de dinheiro, perjúrio e fraude, no caso da pirâmide financeira que gerou perdas estimadas em mais de US$ 65 bilhões, um dos maiores trambiques da história de Wall Street.
A sua fraude era baseada no esquema denominado Ponzi - sistema de fraude piramidal pelo qual um fundo usa o dinheiro dos investidores para pagar a eles os juros, sem de fato obter os rendimentos prometidos. Na lista dos enganados não está somente personalidades, mas também várias sociedades financeiras, principalmente européias e americanas, grandes e pequenas, que asseguram ter investido nesta estrutura piramidal. Entre elas bancos como o BBVA, Bank of America, UBS, BNP Paribas, Bank of New York Mellon e Credit Suisse.
No governo Sarney apareceu no Brasil, este tipo de fraude, muita gente achando que poderia ganhar um dinheiro fácil entrou no esquema da “pirâmide”, e não deu outra, o esquema quebrou deixando muita gente desesperado. Foi um esquema despudorado de ganhar dinheiro à custa dos outros, inclusive utilizando amigos, pais, filhos, irmãos, avós, namoradas, não havia limites para a traição e ao engano. Esta “coisa” transitou na classe média e alta, deixando fora as instituições financeiras.
Outra coincidência... Sarney também foi uma das privilegiadas pessoas (física e privada) a escapar do prejuizo com a quebra do esquema “Banco Santos” - Edemar Cid Ferreira, milagrosamente o senador Sarney retirou as suas aplicações desta instituição financeira antes que viesse a publico a sua intervenção/insolvência.
E o Collor? Sei... Deixa pra lá.
Resumo: no Brasil, o crime re-compensa.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
"Livre-pensar é só pensar" Millor Fernandes
Atalho do Facebook
www.tudoporamoraocinema.com.br
- AURÉLIO MICHILES
- Nasceu em Manaus-AM. Cursou o Instituto de Artes e Arquitetura-UnB(73). Artes Cênicas - Parque Lage,RJ(77/78). Trabalha há mais de vinte anos em projetos autorais,dirigindo filmes documentários:"SEGREDOS DO PUTUMAYO" 2020 (em processo); "Tudo Por Amor Ao Cinema" (2014),"O Cineasta da Selva"(97),"Via Látex, brasiliensis"(2013), "Encontro dos Sabores-no Rio Negro"(08),"Higienópolis"(06),"Que Viva Glauber!"(91),"Guaraná, Olho de Gente"(82),"A Arvore da Fortuna"(92),"A Agonia do Mogno" (92), "Lina Bo Bardi"(93),"Davi contra Golias"(94), "O Brasil Grande e os Índios Gigantes"(95),"O Sangue da Terra"(83),"Arquitetura do Lugar"(2000),"Teatro Amazonas"(02),"Gráfica Utópica"(03), "O Sangue da Terra" (1983/84), "Guaraná, Olho de Gente" (1981-1982), "Via Láctea, Dialética - do Terceiro Mundo Para o Terceiro Milênio" (1981) entre outros. Saiba mais: "O Cinema da Retomada", Lucia Nagib-Editora 34, 2002. "Memórias Inapagáveis - Um olhar histórico no Acervo Videobrasil/ Unerasable Memories - A historic Look at the Videobrasil Collection"- Org.: Agustín Pérez Rubío. Ed. Sesc São Paulo: Videobrasil, SP, 2014, pág.: 140-151 by Cristiana Tejo.
Um comentário:
Oi Aurélio... passarei na Livraria Cultura hoje!
Sobre o "Fora Collor" sugiro corrigir a data que está como "1982" ao invés de "1992". Abs, Rafa
Postar um comentário