segunda-feira, 16 de abril de 2012

CARA A CARA COM MILES DAVIS

1970. UnB - Universidade de Brasília. 

Calouro é assim mesmo...cara metido. E nem poderia ser diferente, instinto de auto-defesa contra os veteranos de olho nos novatos. Eles queriam nada menos que raspar a nossa cabeça, e, naquela época os cabelos cresciam aos olhos vistos, todos nós queríamos ficar em sintonia com a tribo Hippie - Woodstock. E mais... Vivíamos um contraditório, como pensar na "paz e amor" num país que praticava o ódio? 

No Brasil a ditadura prendia-matava, esfolava implacávelmente e sem piedade. Em todos os lugares havia um olho-espião, um dedo-duro em riste. A classe média iniciava seu debut numa economia denominada pelo chamado "milagre brasileiro". A moda era fazer comparações com o Japão. A verdade é que os Estados Unidos da América do Norte havia invadido total, ocupava os corações e mentes dos brasileiros.

Enquanto isso, um jovem estudante de 18 anos, 

amazonense, perambulando pelo campus 

universitário descobriu recantos ainda pouco 

explorados da UnB. Acabei por descobrir a 

discoteca, uma sala que ficava dentro da 

biblioteca central, mas não era somente isso. 


Fiquei pasmo e feliz ao encontrar aí muitos 

long-plays novinhos em folha, ainda lacrados. 

Muitos deles eram de jazz. E tambem não era

só isso, nada menos (um deles) o álbum 

seminal de Miles Davis - "Bitches Brew", o

mesmo que este ano comemora 41º

aniversário e ao mesmo tempo que completa 

duas décadas da morte deste grande músico.


Este disco, pra mim, foi uma descoberta 

semelhante quando ouvir pela primeira vez o 

álbum "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band"- 

The Beatles. "Bitches Brew" estava nas minhas 

mãos, ainda lacrado, o long-play aonde Miles 

Davis namora e chega as vias do fato com o 

rock’n’roll dos anos 70.


"Bitches Brew" (até hoje) nos revela uma 

sonoridade trangressora a tudo que se pensava 

na música de jazz ou como depois dele ficou 

denominado como Jazz-Fusion - uma invenção 

Miles Davis.


E uma curiosidade: O músico brasileiro Airton Moreira, participa com berimbau, cuíca e percussões.

Don Alias - Percussion, Conga, Drums/
Khalil Balakrishna - Sitar/
Harvey Brooks - Bass, 
Electric bass/Ron Carter - Bass/
Billy Cobham - Drums, Triangle/
Chick Corea - Electric piano
Jack DeJohnette - Drums/
Steve Grossman - Soprano saxophone/
Herbie Hancock - Electric piano
Dave Holland - Bass, Electric bass
Bennie Maupin - Bass clarinet
John McLaughlin - Guitar
Airto Moreira - Berimbau, Cuíca, Percussion
Bihari Sharma - Tabla, Tamboura
Wayne Shorter - Soprano saxophone
Juma Santos (Jim Riley) - Conga, Shaker
Lenny White - Drums
Larry Young - Organ, Celeste, Electric piano
Joe Zawinul - Electric piano


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"Livre-pensar é só pensar" Millor Fernandes

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Minha foto
Nasceu em Manaus-AM. Cursou o Instituto de Artes e Arquitetura-UnB(73). Artes Cênicas - Parque Lage,RJ(77/78). Trabalha há mais de vinte anos em projetos autorais,dirigindo filmes documentários:"SEGREDOS DO PUTUMAYO" 2020 (em processo); "Tudo Por Amor Ao Cinema" (2014),"O Cineasta da Selva"(97),"Via Látex, brasiliensis"(2013), "Encontro dos Sabores-no Rio Negro"(08),"Higienópolis"(06),"Que Viva Glauber!"(91),"Guaraná, Olho de Gente"(82),"A Arvore da Fortuna"(92),"A Agonia do Mogno" (92), "Lina Bo Bardi"(93),"Davi contra Golias"(94), "O Brasil Grande e os Índios Gigantes"(95),"O Sangue da Terra"(83),"Arquitetura do Lugar"(2000),"Teatro Amazonas"(02),"Gráfica Utópica"(03), "O Sangue da Terra" (1983/84), "Guaraná, Olho de Gente" (1981-1982), "Via Láctea, Dialética - do Terceiro Mundo Para o Terceiro Milênio" (1981) entre outros. Saiba mais: "O Cinema da Retomada", Lucia Nagib-Editora 34, 2002. "Memórias Inapagáveis - Um olhar histórico no Acervo Videobrasil/ Unerasable Memories - A historic Look at the Videobrasil Collection"- Org.: Agustín Pérez Rubío. Ed. Sesc São Paulo: Videobrasil, SP, 2014, pág.: 140-151 by Cristiana Tejo.