quarta-feira, 10 de junho de 2020

VIDAS NEGRAS IMPORTAM


É recorrência que ao longo da existência do Brasil tenta-se branquear a História do nosso país. 

Um dos exemplos atinge a minha história pessoal, desde criança visitava o Palácio Negro (sede do governo Amazonas). E, uma coisa não batia com a narrativa que escutava de alguns professores. 

A foto do governador Eduardo Ribeiro (1890 a 1896), de origem afrodescendente era representado por um branco (?). 


Eduardo Ribeiro, desde jovem se engajou no movimento abolicionista e republicano. Ao assumir o governo do Amazonas fez uma revolução, modernizou a cidade de Manaus, construiu o Teatro Amazonas, criou a primeira rede pública de ensino gratuito (laica), entre outras benfeitorias. 

A elite amazonense ficou incomodada com tamanho dinamismo. Em 1900, foi assassinado. 

Oficialmente, tentou-se por quase um século sonegar a verdade da sua morte, propagando-se que ele havia enlouquecido e se suicidado. A sua casa de campo foi transformada num 'hospício" - Colônia de Alienados Eduardo Ribeiro. 

Então, todos o conheciam como "negão", mas no panteão das fotos dos ex-governadores, Eduardo Gonçalves Ribeiro era lembrado numa foto que embranquecia, escondia, sonegava a sua verdadeira origem. 

Somente em 2002, quando realizei o documentário "Teatro Amazonas", a mentira não suportou a verdade, a sua foto foi trocada pelo autêntico Eduardo Ribeiro.

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"Livre-pensar é só pensar" Millor Fernandes

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Nasceu em Manaus-AM. Cursou o Instituto de Artes e Arquitetura-UnB(73). Artes Cênicas - Parque Lage,RJ(77/78). Trabalha há mais de vinte anos em projetos autorais,dirigindo filmes documentários:"SEGREDOS DO PUTUMAYO" 2020 (em processo); "Tudo Por Amor Ao Cinema" (2014),"O Cineasta da Selva"(97),"Via Látex, brasiliensis"(2013), "Encontro dos Sabores-no Rio Negro"(08),"Higienópolis"(06),"Que Viva Glauber!"(91),"Guaraná, Olho de Gente"(82),"A Arvore da Fortuna"(92),"A Agonia do Mogno" (92), "Lina Bo Bardi"(93),"Davi contra Golias"(94), "O Brasil Grande e os Índios Gigantes"(95),"O Sangue da Terra"(83),"Arquitetura do Lugar"(2000),"Teatro Amazonas"(02),"Gráfica Utópica"(03), "O Sangue da Terra" (1983/84), "Guaraná, Olho de Gente" (1981-1982), "Via Láctea, Dialética - do Terceiro Mundo Para o Terceiro Milênio" (1981) entre outros. Saiba mais: "O Cinema da Retomada", Lucia Nagib-Editora 34, 2002. "Memórias Inapagáveis - Um olhar histórico no Acervo Videobrasil/ Unerasable Memories - A historic Look at the Videobrasil Collection"- Org.: Agustín Pérez Rubío. Ed. Sesc São Paulo: Videobrasil, SP, 2014, pág.: 140-151 by Cristiana Tejo.