segunda-feira, 5 de maio de 2008

AMAZÔNIA NAU-FRÁGIL I




A Amazônia não é uma prioridade real para os brasileiros, mas é uma prioridade mundial”
Marcelo Leite, FSP, 30. 01. 2008.


Segundo as últimas pesquisas do IBGE, o brasileiro pouco conhece sobre o seu Estado, e ainda mais quando se é questionado sobre as outras regiões, mesmo assim, a palavra “Amazônia” soa aos ouvidos e ao seu imaginário como um lugar muito especial, aquele que lhe pertence sem saber “porquê”. Talvez, aí esteja uma das questões causadas pelo impacto das noticias sobre o desmatamento da Amazônia - um perplexo pesadelo nacional.

Muito se tem falado sobre a conservação das florestas e muito pouco tem se investido, diante dos sucessivos desastres que assombram a população do planeta, como o aquecimento global, a escassez de recursos naturais e o avanço, sem piedade, da população urbana sobre o que resta de florestas.

Neste caso, a Amazônia, é personagem protagonista. É sobre quem todos têm alguma opinião, ou melhor, duas:

1. Explorar suas riquezas para o bem da humanidade; ou
2. Preservá-la para o bem do futuro da humanidade.

Afinal, a quem pertence a Amazônia?

Nos anos oitenta, o presidente francês François Miterrand, declarou: “O Brasil precisa aceitar uma soberania relativa sobre a Amazônia”. Recentemente foi a vez do prêmio Nobel Al Gore: “Ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é deles. Ela pertence a todos nós”.

Logo concluímos, querem internacionalizar a Amazônia. Eis um fato relativo, caso realmente não tomemos medidas que valorizem as riquezas da floresta amazônica. Não é somente aquela perspectiva de mantê-la intacta, como aí não vivesse ninguém, mas ao contrário encará-la como um desafio de preservá-la explorando seus recursos, multiplicando a generosidade da sua biodiversidade, sem exauri-la.

Os países que fazem fronteiras ao norte do Brasil e integram a Amazônia, começam a sentir a pressão dos paises ricos, sim, justamente aqueles que antes os mantinha como território colonial. Recentemente, o presidente da Guiana anunciou que vai negociar a preservação de sua floresta amazônica com a Inglaterra, em troca de recursos para o desenvolvimento. O Suriname visando os mesmos objetivos, tambem, decidiu oferecer o seu território para campo de testes de veículos norte-americanos.

Desde aquela declaração do presidente francês François Miterrand, em que relativizava os direitos do Brasil sobre a Amazônia, nos últimos anos a Guiana Francesa vem recebendo investimentos pesados por parte da França, na construção de um importante centro de pesquisas que inicialmente recebeu R$ 600 milhões só neste projeto. Para se ter uma idéia, as nossas equivalentes instituições na Amazônia Brasileira (INPA- Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, em Manaus e o Museu Goeldi, em Belém), recebem juntos menos que R$ 20 milhões para atender as suas demandas de pesquisas.

Os franceses perceberam que investir na biodiversidade da floresta amazônica, criando infra-estrutura de ciência e tecnologia, calcula que eles, nas próximas três décadas, a Amazônia, este laboratório natural, poderá render-lhes R$ 900 bilhões em produtos fitoterápicos e cosméticos.

Em recente encontro com o presidente brasileiro, Luis Inácio Lula da Silva, o presidente francês Nicolas Sarkozy esteve em pauta a respeitabilidade das suas fronteiras, estas que começam no continente europeu e se expande até ao norte da fronteira do Brasil.

Conservar a vida na floresta em toda sua diversidade e extensão é um desafio com a responsabilidade do dia-a-dia e para todo sempre. Cuidar do meio ambiente - a começar pela condição humana, o ente mais nobre da cadeia evolutiva - significa assegurar a sobrevivência das espécies, da qualidade de vida e da dignidade de todas as pessoas, de toda a população amazônica.

E é este conceito, que representa o maior desafio de toda a humanidade no início deste novo milênio, o referencial de conduta de todas as pessoas, entidades, organizações e instituições que se mobilizam para assegurar os termos e as exigências de um padrão civilizatório de sobrevivência de toda a Humanidade.

Um das responsabilidades que nós amazônidas e brasileiros é, sem perda de tempo e loas, buscar um novo padrão de desenvolvimento como opção inteligente e racional do espaço amazônico, com respeito aos parâmetros ambientais e procura incessante do atendimento das demandas sociais - ciência, tecnologia e o saber popular na Amazônia.

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"Livre-pensar é só pensar" Millor Fernandes

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Nasceu em Manaus-AM. Cursou o Instituto de Artes e Arquitetura-UnB(73). Artes Cênicas - Parque Lage,RJ(77/78). Trabalha há mais de vinte anos em projetos autorais,dirigindo filmes documentários:"SEGREDOS DO PUTUMAYO" 2020 (em processo); "Tudo Por Amor Ao Cinema" (2014),"O Cineasta da Selva"(97),"Via Látex, brasiliensis"(2013), "Encontro dos Sabores-no Rio Negro"(08),"Higienópolis"(06),"Que Viva Glauber!"(91),"Guaraná, Olho de Gente"(82),"A Arvore da Fortuna"(92),"A Agonia do Mogno" (92), "Lina Bo Bardi"(93),"Davi contra Golias"(94), "O Brasil Grande e os Índios Gigantes"(95),"O Sangue da Terra"(83),"Arquitetura do Lugar"(2000),"Teatro Amazonas"(02),"Gráfica Utópica"(03), "O Sangue da Terra" (1983/84), "Guaraná, Olho de Gente" (1981-1982), "Via Láctea, Dialética - do Terceiro Mundo Para o Terceiro Milênio" (1981) entre outros. Saiba mais: "O Cinema da Retomada", Lucia Nagib-Editora 34, 2002. "Memórias Inapagáveis - Um olhar histórico no Acervo Videobrasil/ Unerasable Memories - A historic Look at the Videobrasil Collection"- Org.: Agustín Pérez Rubío. Ed. Sesc São Paulo: Videobrasil, SP, 2014, pág.: 140-151 by Cristiana Tejo.