
“A Amazônia não é uma prioridade real para os brasileiros, mas é uma prioridade mundial”
Marcelo Leite, FSP, 30. 01. 2008.
Segundo as últimas pesquisas do IBGE, o brasileiro pouco conhece sobre o seu Estado, e ainda mais quando se é questionado sobre as outras regiões, mesmo assim, a palavra “Amazônia” soa aos ouvidos e ao seu imaginário como um lugar muito especial, aquele que lhe pertence sem saber “porquê”. Talvez, aí esteja uma das questões causadas pelo impacto das noticias sobre o desmatamento da Amazônia - um perplexo pesadelo nacional.
Muito se tem falado sobre a conservação das florestas e muito pouco tem se investido, diante dos sucessivos desastres que assombram a população do planeta, como o aquecimento global, a escassez de recursos naturais e o avanço, sem piedade, da população urbana sobre o que resta de florestas.
Neste caso, a Amazônia, é personagem protagonista. É sobre quem todos têm alguma opinião, ou melhor, duas:
1. Explorar suas riquezas para o bem da humanidade; ou
2. Preservá-la para o bem do futuro da humanidade.
Afinal, a quem pertence a Amazônia?
Nos anos oitenta, o presidente francês François Miterrand, declarou: “O Brasil precisa aceitar uma soberania relativa sobre a Amazônia”. Recentemente foi a vez do prêmio Nobel Al Gore: “Ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é deles. Ela pertence a todos nós”.
Logo concluímos, querem internacionalizar a Amazônia. Eis um fato relativo, caso realmente não tomemos medidas que valorizem as riquezas da floresta amazônica. Não é somente aquela perspectiva de mantê-la intacta, como aí não vivesse ninguém, mas ao contrário encará-la como um desafio de preservá-la explorando seus recursos, multiplicando a generosidade da sua biodiversidade, sem exauri-la.
Os países que fazem fronteiras ao norte do Brasil e integram a Amazônia, começam a sentir a pressão dos paises ricos, sim, justamente aqueles que antes os mantinha como território colonial. Recentemente, o presidente da Guiana anunciou que vai negociar a preservação de sua floresta amazônica com a Inglaterra, em troca de recursos para o desenvolvimento. O Suriname visando os mesmos objetivos, tambem, decidiu oferecer o seu território para campo de testes de veículos norte-americanos.
Desde aquela declaração do presidente francês François Miterrand, em que relativizava os direitos do Brasil sobre a Amazônia, nos últimos anos a Guiana Francesa vem recebendo investimentos pesados por parte da França, na construção de um importante centro de pesquisas que inicialmente recebeu R$ 600 milhões só neste projeto. Para se ter uma idéia, as nossas equivalentes instituições na Amazônia Brasileira (INPA- Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, em Manaus e o Museu Goeldi, em Belém), recebem juntos menos que R$ 20 milhões para atender as suas demandas de pesquisas.
Os franceses perceberam que investir na biodiversidade da floresta amazônica, criando infra-estrutura de ciência e tecnologia, calcula que eles, nas próximas três décadas, a Amazônia, este laboratório natural, poderá render-lhes R$ 900 bilhões em produtos fitoterápicos e cosméticos.
Em recente encontro com o presidente brasileiro, Luis Inácio Lula da Silva, o presidente francês Nicolas Sarkozy esteve em pauta a respeitabilidade das suas fronteiras, estas que começam no continente europeu e se expande até ao norte da fronteira do Brasil.
Conservar a vida na floresta em toda sua diversidade e extensão é um desafio com a responsabilidade do dia-a-dia e para todo sempre. Cuidar do meio ambiente - a começar pela condição humana, o ente mais nobre da cadeia evolutiva - significa assegurar a sobrevivência das espécies, da qualidade de vida e da dignidade de todas as pessoas, de toda a população amazônica.
E é este conceito, que representa o maior desafio de toda a humanidade no início deste novo milênio, o referencial de conduta de todas as pessoas, entidades, organizações e instituições que se mobilizam para assegurar os termos e as exigências de um padrão civilizatório de sobrevivência de toda a Humanidade.
Um das responsabilidades que nós amazônidas e brasileiros é, sem perda de tempo e loas, buscar um novo padrão de desenvolvimento como opção inteligente e racional do espaço amazônico, com respeito aos parâmetros ambientais e procura incessante do atendimento das demandas sociais - ciência, tecnologia e o saber popular na Amazônia.
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